A operação Downfall, da Polícia Federal, contra um grupo que enviava cocaína em contêineres para a Europa, movimentou a região nesta quinta-feira (4). Ao total, a PF cumpriu 35 mandados em Santa Catarina, em Balneário Camboriú, Itajaí, Itapema, Joinville, Penha, Porto Belo, São Francisco do Sul e Tijucas.
A operação ocorre também no Paraná, São Paulo, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Rio de Janeiro, Goiás e Espírito Santo. Também são cumpridos 87 mandados de busca e apreensão.
Segundo a PF, o grupo alvo da Downfall é especializado no tráfico internacional e interestadual de drogas com diversas ramificações no país – por isso que a operação acontece em SC e diversos outros estados.
As investigações revelaram que foi constituída uma estrutura logística para operacionalizar as ações, desde a produção da droga no exterior, o ingresso e transporte dentro do Brasil, distribuição interna, preparação e o envio dos carregamentos de cocaína para o exterior, principalmente através de contêineres em portos, com destaque para o de Paranaguá/PR. O principal destino era a Europa, onde exportavam grandes quantidades de cocaína através da contaminação de contêineres (método RIP ON RIP OFF), ocultação em cargas lícitas (RIP ON na carga), em refrigeradores de contêineres (RIP ON NO REEFER), uso de mergulhadores para inserir a droga em compartimento submerso dos navios, entre outros métodos.
Durante as investigações, a PF descobriu que os traficantes ocultavam os ganhos com a ajuda e conivência de empresas catarinenses.
Esses estabelecimentos foram alvos da operação desta quinta. Os traficantes estavam adquirindo apartamentos de alto padrão e também financiando construções de empreendimentos no litoral de SC.
Essas empresas [construtoras] são suspeitas de realizarem negócios jurídicos fraudulentos ou não declarados que foram custeados com recursos oriundos do tráfico internacional de drogas, com indícios de que os representantes tinham conhecimento da procedência ilícita dos valores que subsidiaram as transações.
As investigações também constataram pagamentos de imóveis de luxo com altas quantias de dinheiro em espécie, sem a devida comunicação aos órgãos competentes, bem como a utilização de interpostas pessoas para ocultar a identidade do real comprador.
Também foram decretadas medidas patrimoniais de sequestro de imóveis, bloqueio de bens e valores existentes nas contas bancárias e aplicações financeiras dos investigados, que totalizam um valor estimado de aproximadamente R$ 1 bilhão.
Os investigados na operação responderão, cada qual dentro da sua esfera de responsabilidade, pelos crimes de pertinência a organização criminosa, tráfico internacional de drogas e associação para o tráfico, com penas que podem chegar a 50 anos, bem como pelo crime de lavagem de dinheiro, com penas que podem chegar a 10 anos por cada ação realizada.