A Polícia Civil prendeu nesta quarta-feira (30) dois contadores envolvidos em esquema de fraude de notas fiscais e sonegação de impostos, um em Balneário Camboriú e outro em Itajaí.
Eles foram alvo da Operação Caduceu 1549, que também cumpriu 27 mandados de busca em endereços de pessoas usadas como laranjas do esquema.
Segundo a Polícia Civil, as ações da Diretoria Estadual de Investigações Criminais (Deic), ocorreram em Balneário Camboriú, Navegantes, Itapema, Itajaí, Porto Belo, Tijucas, Palhoça e Florianópolis.
O prejuízo estimado aos cofres públicos é de R$ 4 milhões e as suspeitas partiram da Secretaria de Estado da Fazenda (SEF).
A delegada de Crimes Fazendários da DEIC, Débora Mariani Jardim, explicou que 45 empresas foram identificadas, mas nenhuma existia fisicamente.
Essas empresas noteiras foram utilizadas para emissão de documentos fiscais para acobertar saídas de mercadorias, em especial pescados, sem o pagamento dos tributos devidos, além de representar uma ofensa ao consumidor e à concorrência.
“Essas empresas eram criadas por esse contador e elas existiam para emitir notas fiscais de transações comerciais que não existiam. Essas notas eram geradas e depois elas poderiam acobertar esses produtos, que podem ser fruto de carga roubada ou produtos impróprios para consumo. Esse detalhe a gente ainda está apurando. Além de gerar um crédito de ICMS que pode beneficiar outros empresários e a venda dessas notas fiscais a outros empresários. Agora a gente vai analisar o material apreendido”, explicou.
Débora informou ainda que foram levados dos locais de busca eletrônicos como celulares, computadores e documentos relacionados à fraude. Com isso espera-se identificar os reais beneficiários das fraudes e das falsificações, e que prejuízos sejam, pelo menos em parte, ressarcidos à sociedade.
A investigação
A investigação começou a partir de uma abordagem feita em 2020 a um caminhão com carga de pescado, sendo encontrada uma nota fraudulenta em nome de uma empresa carioca que não existia. Além disso, havia indícios de falsificação das etiquetas dos pescados.
“A partir dessa constatação nós iniciamos um procedimento de investigação para verificar se esse contador vinculado a essa empresa que não existia fazia essa operação para outras empresas. E de fato o contador instituía de forma deliberada empresas fraudulentas para sonegar impostos e acobertar o trânsito de mercadorias com documentos fraudulentos. A partir daí, nós pedimos apoio da Polícia Civil para que a investigação se tornasse criminal em razão do potencial ofensivo da atuação do contador”, explicou o consultor de Gestão da Administração Tributária da Secretaria de Estado da Fazenda, Felipe dos Passos.
O delegado-geral da Polícia Civil de SC, Ulisses Gabriel, afirmou que o que vislumbra quando uma situação dessa acontece é um prejuízo difuso para a sociedade e que atinge toda uma coletividade.
“Porque não é só o fato de um indivíduo praticar um crime de sonegação fiscal e praticar uma infração administrativa também de sonegação. Isso vai além, porque é dinheiro que deixa de ser empregado em políticas públicas, na saúde, na educação e na segurança, por exemplo”, disse.