A campanha ‘Política sem Violência – Mulheres respeitadas, Democracia fortalecida’ foi lançada na noite de quinta-feira (8), no plenário da Câmara dos Vereadores de Balneário Camboriú, com a presença de autoridades, entre elas a vice-governadora Marilisa Boehm, a deputada Paulinha e a prefeita Juliana Pavan.
A campanha foi idealizada pela Secretaria Municipal de Assistência Social, Mulher e Família, por meio do Departamento de Políticas Públicas para as Mulheres e conta com o apoio da Procuradoria Especial da Mulher da Câmara dos Vereadores e do Conselho Municipal dos Direitos da Mulher.
O objetivo é dar visibilidade à violência política de gênero, além de conscientizar a sociedade, fortalecer o enfrentamento ao problema e promover um ambiente político mais justo, para que as mulheres possam exercer seus direitos sem serem silenciadas por causa de seu gênero.
“Não somos diferentes”
A vice-governadora Marilisa contou que começou a trabalhar como delegada da Polícia Civil no início da década de 1990, em Joinville. Aos 24 anos, após fundar a primeira Delegacia da Mulher no município, enfrentou muita resistência e preconceito meramente por ser mulher. Diante de críticas e até ameaças de fechamento da unidade, ela resistiu e construiu uma carreira de quase três décadas tendo, inclusive, sido delegada regional.
“Podemos assumir cargos e funções como os homens porque não somos diferentes. Somos mulheres que, como qualquer homem, temos capacidade, temos inteligência”, afirmou.
Para ela, a violência contra a mulher, em qualquer esfera, é intolerável.
“Quando atinge a política, fere a democracia. Lugar de mulher é na política, no poder e onde ela quiser estar”, comentou.
“Só eu sei o que passei para chegar a ser prefeita”
A prefeita de Balneário Camboriú, Juliana Pavan, relembrou o dia em que foi silenciada na Câmara pelo então presidente do Legislativo, David Fernandes ‘LaBarrica’, justamente um dia após participar de um evento da UniAvan sobre não se calar politicamente.
Falou sobre a mulher não servir para ser cota na política e sim para ‘somar, construir e sustentar’.
“Mulher não é exceção e sim para exercer de fato seu lugar de direito, exige-se respeito”, disse.
Juliana inclusive mostrou uma mensagem que recebeu na quinta-feira (8), de um morador, falando “dá um jeito, vagabunda” e disse que recebe mensagens do tipo todos os dias.
“Só eu sei o que passei para chegar e ser a primeira prefeita de Balneário Camboriú e falo isso para incentivar as meninas. Não se calem, defendam o que vocês acreditam. Se respeitem, respeitem seus pais, não fujam de sua essência”, afirmou.
“Feliz por mais esse passo que se dá aqui em Balneário”
A deputada Paulinha, que chegou a ser vítima de violência de gênero na política, quando assumiu seu cargo na Alesc, afirmou que o evento foi uma oportunidade de ‘colocar luz’ em algo que percorre a vida de várias mulheres, seja na política ou no dia a dia.
“A violência contra as mulheres é muito forte e isso indubitavelmente só está acontecendo, porque Balneário se permitiu, se deu a chance de eleger a primeira mulher prefeita e eu estou muito grata a ela por assumir essa pauta, por dizer ‘não, aconteceu comigo, mas aqui com as minhas mulheres de Balneário Camboriú não quero mais que isso aconteça’, então eu estou muito feliz por mais esse passo que se dá aqui em Balneário”, disse.
“Porta aberta para falar mais sobre o tema”
A vereadora Ciça Muller, de Balneário destacou a importância de homens terem participado do evento, porque ‘não vai haver mudança se não houver mudança na sociedade como um todo’.
“Nós temos que cada vez mais divulgar esse tipo de ação de combate a qualquer tipo de violência e saber que violência política não se aplica só a pessoas na política propriamente dito, mas em entidades de classe, em representatividade, essas mulheres também sofrem violência, e muitas delas não têm como se expressar, então o evento foi uma janela aberta, uma porta aberta, para que a gente fale mais sobre o tema e cada vez mais combata ele”, comentou.
“Uma sociedade só evolui se a luta for conjunta”
A diretora do Departamento de Políticas Públicas para as Mulheres de Balneário Camboriú e organizadora do evento, Anna Nienkotter, explicou que foi um momento de respeito à democracia e que quando fazem um evento como esse, incentivam que mais mulheres possam participar dos pleitos eleitorais.
“E assim estarem cada vez mais se candidatando. Eu acredito que uma sociedade só evolui com respeito, com a informação e com a luta conjunta de homens e mulheres para transformar a sociedade. E é sobre isso. A gente tem que defender cada vez mais que a igualdade que a gente espera, só vai ser atingida de fato quando homens e mulheres olharem abertamente para essas violências que ainda nos atravessam e possamos juntos fazer a diferença por um mundo melhor”, disse.