BRASÍLIA, DF E SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Os réus do processo sobre a trama golpista prestam depoimentos nesta semana no STF (Supremo Tribunal Federal). O tenente-coronel Mauro Cid foi o primeiro a falar, por ser colaborador da investigação, seguido do ex-diretor da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) Alexandre Ramagem (PL-RJ)
A lista continuou nesta terça-feira (10) por ordem alfabética: Almir Garnier (ex-chefe da Marinha), Anderson Torres (ex-ministro da Justiça), Augusto Heleno (ex-ministro do GSI), Jair Bolsonaro, Paulo Sérgio Nogueira (ex-ministro da Defesa) e Walter Braga Netto (ex-ministro da Casa Civil e da Defesa).
Veja um resumo dos depoimentos até aqui:
MAURO CID

Em seu primeiro encontro com Jair Bolsonaro (PL) desde que fechou acordo de colaboração premiada com a Polícia Federal, Mauro Cid confirmou nesta segunda-feira (9) que o ex-presidente e aliados debateram formas de reverter o resultado da disputa que elegeu Lula (PT) em 2022.
O militar falou durante pouco mais de quatro horas, e os principais pontos de seu depoimento que implicam Bolsonaro são a edição da minuta de decreto que promoveria um golpe de Estado e a convocação dos chefes das Forças Armadas para discutir as medidas.
Diante de Bolsonaro, que estava na mesma sala ao lado de outros réus, Cid repetiu detalhes da apresentação de uma minuta de decreto golpista para o então presidente e das alterações feitas por ele para adequar o documento às intenções do grupo que ocupava o Palácio do Planalto.
As defesas dos réus, porém, exploraram a falta de precisão sobre datas e reuniões para argumentar que as falas do militar não devem ser consideradas verdadeiras sem a apresentação de provas.
ALEXANDRE RAMAGEM

O ex-diretor da Abin afirmou em oitiva ao Supremo nesta segunda-feira (9) que documentos encontrados em seu computador com ataques às urnas eletrônicas eram anotações privadas e nunca foram enviadas a nenhuma pessoa.
O deputado federal, segundo na lista de interrogatórios do núcleo central da trama golpista, disse fazer anotações para “concatenar as ideias” e conversar em outros momentos que o tema estivesse em debate.
“Esses são documentos pessoais, são documentos privados. Não houve difusão qualquer, encaminhamento qualquer desse documento. Era algo privado, com opiniões privadas minhas. Todas as questões que eram anotações privadas diversas, todas essas anotações da urna eletrônica, mas sempre foi, em todas elas, concernente à discussão que estava tendo, no mesmo período, no Congresso Nacional.”
ALMIR GARNIER

O ex-chefe da Marinha Almir Garnier Santos afirmou nesta terça-feira (10) ao STF que não afirmou ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) que colocaria tropas à disposição de um eventual golpe de Estado em reunião delatada por Mauro Cid.
O ministro Alexandre de Moraes perguntou a Garnier se ele teria se manifestado favoravelmente às propostas golpistas numa reunião entre Bolsonaro, o ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira, e os chefes do Exército e da Marinha, em 7 de dezembro de 2022.
“Não, senhor”, disse Garnier sobre o apoio ao golpe na reunião do dia 7. “Não houve deliberações nem o presidente abriu a palavra para nós. Ele fez as considerações dele, pareciam mais preocupações e análises de possibilidades do que propriamente uma intenção de conduzir alguma coisa em determinada direção”.