O diretor da Emasa, Douglas Beber, esteve na Câmara de Vereadores de Balneário Camboriú na terça-feira (28) para responder questionamentos sobre a situação da Estação de Tratamento de Esgoto (ETE). Ele falou para uma plenária lotada, em sua maioria, por servidores públicos.

O diretor da Emasa mostrou que estava ali para realmente ‘combater’ a oposição, chegando a dizer que o governo de Fabrício Oliveira ‘é unido, porque é um governo de realizações, que não se esconde’.
Base defendeu a Emasa
Os vereadores da base que se pronunciaram, reconheceram o problema, mas disseram que está sendo enfrentado e que há esforço para resolver a situação o quanto antes.
Kaká Fernandes disse que ‘governo perfeito é só o de Deus’ e que quem está contra a Emasa está ‘contra a cidade’, ‘denegrindo sua imagem e desconstruindo a imagem do melhor governo da história de Balneário Camboriú’.
O vereador Roberto Souza Junior chegou a rebater os colegas de oposição, pontuando que ele considera que a gestão da Emasa é ‘excelente’, e que ‘a bomba caiu no colo’ de Douglas, mas que ele está buscando resolver.
“Trazer a verdade”
Douglas disse que estava na Câmara para trazer a verdade, porque desde 2018, quando entrou na Emasa, documentou tudo o que fez para ‘deixar um legado’, porque o que está registrado ‘ninguém tira, ninguém apaga’.
Douglas citou também o processo 14.502, onde registrou todo o caos que acontece na Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) desde 2020, quando percebeu-se um problema na lagoa de aeração, a principal fase do tratamento de esgoto, responsável por trazer eficiência ao tratamento [quando deixa-se de operar a lagoa, o que aconteceu na ETE de Balneário, a eficiência cai, porque o esgoto fica menos tempo na ETE].
O diretor disse que age de forma técnica, mesmo que alguns vereadores tentem transformar o debate em política, afirmando que ‘é mais fácil falar inverdades e proferir ataques’.
Douglas citou também o comitê formado por entidades da cidade, a exemplo da OAB, Sindisol e Acibalc, que auxilia a fiscalizar as obras que acontecem na ETE, destacando que a obra de recuperação da lagoa está sendo feita e que espera ter boa eficiência já para esta temporada de verão – o que realmente é um grande desafio.
O diretor da Emasa abordou também a obra executada de forma equivocada, e que um processo corre para reaver o valor investido pela prefeitura, ainda em 2021.
Vereadores da oposição rebatem
A oposição questionou Douglas diversas vezes – boa parte das perguntas não foram respondidas.
Lucas Gotardo, que há bastante tempo fiscaliza a Emasa e a poluição do Rio Camboriú, chegou a dizer que a situação da ETE é ‘o maior crime ambiental da história de Balneário Camboriú’ e que, quando Douglas assumiu a Emasa, em 2018, a ETE operava com 97% de eficiência, e que hoje a estação está ‘destruída’, com milhões de litros de esgoto sendo despejados no rio diariamente, prejudicando diretamente a balneabilidade da Praia Central e colocando em risco a saúde pública dos moradores e turistas.
Os vereadores oposicionistas exibiram um vídeo, de uma reunião ocorrida em agosto deste ano entre a Emasa e o Ministério Público. Na ocasião, Douglas confessou que o lençol freático de Balneário Camboriú já foi contaminado pelo esgoto da ETE e que a consequência são possíveis problemas de saúde pública.
A vereadora Juliana Pavan abordou o assunto, pontuando que a saúde do povo está em jogo, e questionou também o empréstimo de R$ 100 milhões, aprovado pela maioria dos vereadores em julho deste ano, considerando que a Emasa é superavitária e já repassou o mesmo valor para a prefeitura.
Douglas não respondeu todos os questionamentos
Houve também perguntas sobre a possível falta de água na temporada em Balneário Camboriú, sobre o projeto educacional Jacamasa e sobre o que a Emasa pretende fazer para evitar problemas de saúde pública gerados pela ETE.
Douglas respondeu diretamente à Lucas Gotardo, apontando que tem ‘compromisso e responsabilidade’ com a cidade e que o comitê formado pelas entidades contribui com a situação enfrentada pela Emasa, com o foco em tirar o debate político, ‘que não contribui nada’, e trazer o debate técnico, de ‘construção’ da cidade.
Ele questionou para Lucas onde era encaminhado o lodo antes de sua gestão, citando ‘um antigo gestor da Emasa’ (Ney Clivatti) porque só houve autorização ambiental quando ele assumiu a Emasa.
Para Juliana Pavan, ele disse que o lençol freático está poluído desde a década de 70, quando a Casan operava a ETE – Douglas citou que quando o pai de Juliana, Leonel Pavan, foi prefeito a ETE era poluída, mas não por culpa dele – a quem afirmou respeitar, assim como ela [Juliana].
Disse também que poderá voltar na Câmara ‘quantas vezes forem necessárias’ para responder perguntas dos vereadores e que tem responsabilidade com a verdade e com o meio-ambiente.
Marcos Kurtz, que está como presidente do Legislativo em exercício, disse que as demais perguntas feitas pelos vereadores deverão ser respondidas por Douglas via ofício.