O Wolbachia é um método de combate à dengue e outras doenças como zika, chikungunya e febre amarela urbana, que a Secretaria da Saúde de Balneário Camboriú está implementando no município, como mais um aliado ao enfrentamento destas doenças.
O município foi selecionado pelo Ministério da Saúde, por meio da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), para a implantação do Wolbachia.

O diretor da Vigilância Ambiental, David Iesus Cruz, explicou que o método foi criado a partir de uma bactéria que já existe no meio ambiente de forma natural, em cerca de 60% dos insetos.
“Mas essa bactéria não aparece de forma natural no Aedes aegypti, porque foi verificado que esse mosquito quando contrai esta bactéria, fica impossibilitado de transmitir os vírus da dengue, zika, chikungunya e também a febre amarela urbana. Então o método consiste em pegar esta bactéria e introduzir dentro do Aedes”, disse.
A técnica prevê a liberação de mosquitos Aedes aegypti com Wolbachia para que se reproduzam com os Aedes aegypti locais, estabelecendo, aos poucos, uma nova população de mosquitos, todos com a bactéria.
Primeiro passo

Uma equipe da Secretaria da Saúde foi a Joinville, para conhecer a biofábrica e como funciona o método.
“Nesta biofábrica a bactéria é introduzida nos ovos do mosquito, ele passa pela fase larval até chegar na fase adulta e quando se torna adulto, o município de Balneário Camboriú vai lá pegar e trazer estes mosquitos para fazer a soltura”, detalhou David, acrescentando que o método é de médio e longo prazo.
“Teremos os números reais dessa aplicação daqui um ou dois anos, lembrando que Joinville que adotou esse método no ano passado, já teve uma redução bem expressiva do número de casos e Niterói, no Rio, que foi um dos primeiros municípios do Brasil a aderir ao método, teve uma taxa de redução de 70% nos casos de dengue”, colocou o diretor.
Segundo passo

Na semana passada, cerca de 250 agentes de combate a endemias e agentes comunitários de saúde de Balneário Camboriú participaram de uma capacitação sobre o método Wolbachia, no auditório da Câmara de Vereadores, e reuniu aproximadamente 250 profissionais.
O objetivo do encontro, segundo David, foi capacitar os agentes para que eles atuem como multiplicadores das informações junto à comunidade.
“É importante que os agentes que atuam em Balneário Camboriú e que ficarão responsáveis pela soltura desses mosquitos tenham conhecimento sobre a técnica, inclusive a população, para que a ação se torne eficaz”, afirmou.
Terceiro passo

Segundo David, o maior desafio é fazer com que a população entenda que o método é benéfico.
“É muito importante que a comunidade saiba como o método funciona, pois teremos que soltar esses mosquitos no município, conforme dados históricos da transmissão da dengue na cidade. Entendemos aqui que ninguém quer uma infestação de mosquitos nas imediações de seus imóveis, porém essa soltura vai durar 26 semanas e nesse período a população não deve parar de tomar os cuidados preventivos, nós também não iremos parar nenhuma ação, tudo vai continuar normalmente. Este método vem para auxiliar, somar, no combate à doença”, afirmou David.
Onde será a soltura

Para selecionar os bairros que receberão os mosquitos com a bactéria, David explicou que foi feito um mapa de estratificação de risco da série histórica do município.
“Ou seja, escolhemos os bairros com os maiores índices dos últimos cinco anos, as áreas já foram definidas: Bairro Ariribá, Bairro das Nações, Bairro dos Municípios e Centro (parte norte, ruas ímpares até a rua 2500). A primeira soltura está prevista para agosto”, informou o diretor, mas a tendência é contemplar todo o município.