A Campanha Nacional de Vacinação contra a Poliomielite e Multivacinação que o Ministério da Saúde prorrogou até o último dia de setembro (30), na tentativa de imunizar 95% da população menor de 5 anos, não alcançou seu objetivo.
Das 14,3 milhões de crianças desta faixa etária, somente 6 milhões foram imunizadas, até sábado (24), segundo divulgou o Ministério da Saúde.
A expectativa no país é se haverá nova prorrogação.
Em Balneário Camboriú
Em Balneário Camboriú o cenário está um pouco melhor: das 6.495 crianças desta idade já foram imunizadas 4.120, o equivalente a 63,43%, segundo dados da Vigilância Epidemiológica desta quarta-feira (28).
A enfermeira Adriana Ribeiro, diretora da Vigilância Epidemiológica de Balneário Camboriú, disse que a Secretaria de Saúde se empenhou de todas as formas, para ampliar esses números e afastar a possibilidade do retorno desse vírus.
“Fizemos Dia D, vacinação aos sábados, busca ativa, horário estendido, fomos nas escolas públicas e desde que a campanha foi prorrogada, também fomos às escolas particulares e com todo esse esforço não conseguimos alcançar como gostaríamos a meta estabelecida pelo Ministério da Saúde”, detalhou Adriana.
Nas escolas
A Secretaria da Saúde levou equipes para imunizar crianças nas escolas públicas, na primeira etapa da campanha e nas particulares, desde a prorrogação. Das 17 escolas particulares, apenas 8 concordaram em receber as equipes.
“Tudo nas escolas é observado. A criança tem que ter o esquema primário registrado na carteirinha. Só aplicamos as gotinhas com a carteirinha vacinal em mãos”, disse.
O esquema primário é a criança receber doses injetáveis aos 2, 4 e 6 meses de idade e um reforço com 1 ano e 3 meses. A vacina faz parte do Calendário Nacional de Imunização.
Portanto, está registrado na carteirinha. Depois disso, até completar 5 anos, a criança receberá as duas gotinhas, nas chamadas do Ministério da Saúde.
Vacina & ECA
Adriana lembrou que todas as vacinas do Calendário Nacional estão respaldadas pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) como um direito da criança e o pai, como responsável, precisa cumprir.
“A escola tem um papel importante também. Fizemos um acordo para que no ato da matrícula a escola peça uma Declaração Vacinal junto com os demais documentos e o pai que não apresentar será chamado em 30 dias, porque são doenças transmissíveis, como a gripe, a varicela, a polio, é um círculo vicioso”, afirmou Adriana.
Portas abertas
No Brasil, o último caso de polio aconteceu em 1989. De 1990 a 1994 nenhum caso foi registrado no país e o Brasil ganhou o selo da erradicação da doença.
“Não temos a doença hoje no Brasil. Mas já tivemos casos em Nova York e em outros países e precisamos lembrar de países como o Afeganistão que nunca erradicou a doença. Não vacinando nossas crianças, estamos abrindo as portas. É o vírus selvagem brigando com o vírus vacinal”, colocou Adriana.
Ela que tem longa experiência na saúde pública lembrou que há 20 anos, havia apenas um Dia D nas campanhas nacionais e nos primeiros dias a meta já era alcançada.
“Hoje temos que correr atrás. Há uns quatro anos há essa negação, essa linha naturalista que é uma coisa boa, mas a vacina é importante, é a saúde da criança em jogo e não podemos deixar esse vírus retornar. Esses pais que hesitam e não querem vacinar, não viram crianças doentes com polio”, segue a diretora da Epidemio.
Todo trabalho realizado em Balneário Camboriú para alcançar a meta do Ministério da Saúde será encaminhado ao Ministério Público assim que a campanha encerrar.
“Ainda restam dois dias. Pedimos aos pais que compareçam para impedir que estas doenças voltem. Estamos imunizando em oito salas de vacinas nos nossos postos e nas escolas”, concluiu a diretora.
Os postos atendem de segunda a sexta, das 8h às 12h30 e das 13h30 às 17h.