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Dia Mundial de Luta contra a Aids: médicos reforçam a importância do diagnóstico e prevenção contra o HIV

Neste domingo (1) é lembrado o Dia Mundial de Luta contra a Aids. Também neste mês acontece a campanha Dezembro Vermelho, que marca uma grande mobilização nacional na luta contra o vírus HIV, a Aids e outras ISTs.

O Página 3 realiza uma série de matérias sobre o caso (esta é uma delas) e entrevistou os médicos Priscila Godoi e Fernando Augusto Toscano, do CISS/CTA de Balneário Camboriú, que destacam a relevância da testagem e das estratégias de prevenção para o HIV, com destaque para a camisinha, PEP e PREP.

Entrevista com a médica Priscila Godoi

(Foto: Renata Rutes)

Priscila enfatiza a necessidade de reforçar a conscientização sobre o diagnóstico precoce e a responsabilidade na busca pelo tratamento.

A janela imunológica e os desafios do diagnóstico

A médica explica que o teste rápido, embora eficiente, possui limitações em relação à janela imunológica, ou seja, o período em que o vírus pode não ser detectado nos exames.

“Hoje, essa janela está entre um e dois meses. No início de uma infecção, na fase aguda, o exame mais sensível seria a carga viral, que é feita por PCR. Mas esse exame não é realizado como diagnóstico inicial, e o teste rápido pode apresentar um falso negativo nessa fase”, esclarece.

Apesar disso, a médica reforça que é essencial testar regularmente.

“O que oriento aos pacientes é: testem, mesmo que precise repetir o exame. Testar é a melhor forma de saber sua condição sorológica e se cuidar”, afirma.

O dilema dos parceiros sorodiferentes

Um dos grandes desafios enfrentados pela equipe do CISS/CTA é o atendimento de casais em que um dos parceiros é soropositivo e o outro não.

“É uma situação delicada. Não cabe a nós, como profissionais, interferir na dinâmica do casal, mas sim oferecer as informações necessárias e as ferramentas para prevenção, como a PrEP e o uso de preservativos”, pontua Priscila.

Ela também relata situações de conflitos emocionais e até agressões em consultas.

“Já tivemos casos em que o parceiro descontou a raiva na equipe de saúde, como se fosse culpa nossa informar o diagnóstico ou sugerir medidas de prevenção. Há inclusive um caso que acompanho que me incomoda, porque o paciente não quer contar que é soropositivo e pode até expor a parceira, que tem o direito de saber se possui ou não o vírus”, revela.

Prevenção combinada como estratégia central

A médica reforça a importância da prevenção combinada, que integra o uso de preservativos, a profilaxia pós-exposição (PEP) e a profilaxia pré-exposição (PrEP).

“Essas estratégias não eliminam a necessidade do preservativo, mas oferecem uma camada extra de proteção para quem vive em situações de maior risco. É uma abordagem que combina tecnologia e conscientização para enfrentar o HIV”, explica.

Para Priscila, o Dezembro Vermelho é uma oportunidade de reforçar a importância do diagnóstico precoce e da prevenção.

“O HIV ainda está presente, e testagem é a palavra-chave. Não podemos permitir que o medo, o preconceito ou a falta de informação impeçam alguém de buscar ajuda. Nosso papel é garantir que as pessoas tenham acesso a testes, tratamento e suporte emocional”, conclui.

Entrevista com o médico Fernando Augusto Toscano

(Foto Renata Rutes)

O médico Fernando Augusto Toscano reflete sobre os desafios do combate ao HIV no Dezembro Vermelho, que é, na opinião dele, um momento de conscientização e ação no combate ao HIV/AIDS, mas que também serve para refletir sobre os desafios enfrentados na rotina de pacientes e profissionais de saúde. Ele destaca que a luta contra o estigma e a desinformação ainda é um dos maiores obstáculos no enfrentamento da doença.

O diagnóstico tardio e a desinformação na saúde

O médico compartilhou um caso que ilustra como o estigma e a desinformação podem atrasar o diagnóstico.

“Atendi um casal em que a mulher gastou mais de R$ 2 mil em exames com um médico particular, mas ele não solicitou uma simples sorologia de HIV. Foram três meses de consultas, perda de peso e sintomas avançados até que o diagnóstico fosse feito aqui. Felizmente, ela está super bem agora, com carga viral indetectável e imunidade recuperada, mas essa demora poderia ter sido fatal”, comenta.

Esse exemplo reflete uma realidade que, segundo ele, não é exclusiva da população geral, mas também afeta profissionais de saúde.

“Muitos profissionais ainda evitam levantar a hipótese de HIV, talvez por preconceito ou falta de capacitação. É por isso que uma das nossas prioridades é a educação permanente, tanto para a população quanto para a rede de saúde”, afirma.

Capacitação como ferramenta essencial

O CISS/CTA tem como missão não apenas atender e tratar pacientes, mas também promover a formação contínua de profissionais. O médico explica que ações de capacitação e campanhas externas são fundamentais para melhorar o diagnóstico precoce e o atendimento humanizado. Ele ressalta que a formação é uma forma de combater a negligência médica e o estigma.

“Ainda existem muitos mitos e receios entre os próprios profissionais, e isso precisa ser desconstruído. A testagem é um passo simples e acessível, mas ainda negligenciada por muitos”, analisa.

Um dos focos que está na pauta do CISS/CTA para 2025 é justamente retomar as ações na rua, como no Carnaval e Ano Novo, e até mesmo aumentar para buscar atender a população de rua – algo que é mais complicado por conta da dificuldade de os fazer tomar a medicação.

A importância do diagnóstico precoce

Para o médico a chave para enfrentar o HIV está no diagnóstico precoce, que permite iniciar o tratamento antes que o vírus comprometa a saúde do paciente.

“Quando identificamos a infecção a tempo, conseguimos controlar a carga viral rapidamente. O paciente tem a oportunidade de viver com qualidade, sem complicações. É isso que precisamos garantir para todos”, afirma.

Ele também enfatiza o impacto emocional do diagnóstico e o papel essencial do acolhimento.

“Receber um diagnóstico de HIV ainda é muito difícil para muitos pacientes, não pela doença em si, mas pelo preconceito associado a ela. É por isso que oferecemos um acompanhamento psicológico opcional, mas recomendado, para ajudar o paciente a processar essa nova realidade”, comenta.

Além do diagnóstico, o CISS/CTA trabalha com estratégias de prevenção combinada, incluindo preservativos, a profilaxia pós-exposição (PEP) e a profilaxia pré-exposição (PrEP). Para o médico, o uso do preservativo continua sendo indispensável, mas ele reconhece a importância de ampliar o acesso a outras ferramentas de prevenção.

“As pessoas precisam entender que prevenir vai além de usar camisinha. Estratégias como a PrEP e a PEP são avanços que ajudam muito, mas não substituem o preservativo. É uma questão de combinar esforços para minimizar os riscos”, salienta.

A luta contra o estigma

Uma das mensagens mais importantes que o médico reforça é a necessidade de combater o estigma. Ele lembra que o HIV pode afetar qualquer pessoa, independente de orientação sexual, gênero ou classe social.

“O preconceito ainda é um dos maiores desafios que enfrentamos. Muitas pessoas têm vergonha de buscar ajuda, e isso pode atrasar o diagnóstico e o tratamento. Precisamos reforçar que o HIV é uma condição de saúde, não um julgamento moral”, diz.

Serviços gratuitos e acessíveis

O CISS/CTA oferece serviços gratuitos e sigilosos, incluindo testagem, tratamento, acompanhamento psicológico e fornecimento de preservativos. Fernando finaliza com um apelo:

“No Dezembro Vermelho, convidamos toda a população a refletir sobre a importância do cuidado com a saúde. Testar é um ato de cuidado consigo mesmo e com o próximo. Não deixe o preconceito ou o medo impedir você de buscar ajuda. Estamos aqui para apoiar, sem julgamentos”, informa.

Os serviços do CISS/CTA são gratuitos e confidenciais, incluindo testagem, medicação e acompanhamento psicológico. O médico convida a população a aproveitar a campanha do Dezembro Vermelho para se informar e se proteger:

“O mais importante é agir. Na dúvida, teste. E, acima de tudo, use preservativo. É uma medida simples que salva vidas”, completa.

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*Essa é uma das reportagens do Página 3 especiais para o Dezembro Vermelho. O recado é claro: o HIV circula, mas pode ser controlado. Saber sua condição sorológica, usar preservativo e buscar tratamento são passos fundamentais para proteger sua saúde e combater o preconceito.


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