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Indício de negligência médica em menina com quadro grave de pneumonia, em Balneário Camboriú

A menina Esther Vallentina Riedlinger Franco, de quatro anos, moradora de Balneário Camboriú, teve um grave quadro de pneumonia, que comprometeu metade de seu pulmão e precisou ficar internada por 18 dias. Agora está se recuperando, mas a história poderia ter sido diferente se ela tivesse feito um exame de Raio-X – que foi duas vezes negado, segundo a mãe da menina, Taynan Riedlinger Sampaio Furtoza.

Ela conta que em março procurou o PA do Bairro da Barra porque a filha estava com 39,7 graus de febre, mas que não fizeram nenhum exame -o médico teria dito que era garganta e ouvido inflamados.

“Passaram antibiótico por 10 dias. Eu fiz certinho o tratamento. Foram três semanas fazendo o uso do antibiótico. Terminando os antibióticos ficou uma semana e a febre não baixou, continuou alta. No sábado, dia 16 de março, a Esther teve uma crise forte de tosse e chegou até a vomitar. No domingo piorou, estava querendo dar parada cardíaca nela e tivemos que chamar o SAMU, que a levou para o PA da Barra”, relatou.

Nesse atendimento, Taynan conta que o médico ‘só ouviu o coração’ de Esther, ‘com uma falta de ânimo’, e que passou mais remédios.

“Não queria fazer Raio-X, nenhum exame, eu expliquei pra ele que passei três semanas fazendo tratamento, bombinha, inalação. Eu e minha mãe exigimos um exame mais aprofundado, porque a menina estava com dificuldade para respirar, com a febre que não abaixava, e ele disse que não precisava de Raio-X e nem internação, que era para tomar o remédio e ir embora”, relembrou.

A família não aceitou e decidiu ficar no PA esperando pelo atendimento de outro médico – o que aconteceu com a troca de turno, no período noturno. Um segundo médico atendeu Esther e fez um Raio-X. O resultado acusou que o pulmão estava com a metade comprometida, com quadro de pneumonia, e ainda na noite de domingo, 17 de março, já foi para internação no Hospital Municipal Ruth Cardoso.

“Ela já estava com uma pneumonia bem avançada, em um estado crítico, e ficou internada por 18 dias, porque ainda entrou água no pulmão e precisou fazer cirurgia. Ficou até na morfina porque não aguentava a dor. Minha filha não ia aguentar se não tivesse feito o Raio-x, não era para ela estar aqui se não tivesse sido atendida. Foi muita negligência”, pontuou.

Agora, Esther está fazendo fisioterapia, mas ela precisa fazer uma modalidade respiratória, e para isso precisa de auxílio, pois a prefeitura não atende.

“Foi difícil para conseguir fisioterapia, mas a que ela vai fazer é para arrumar a postura e ela precisa de fisioterapia respiratória. O médico que deu alta disse que se não fizesse o tratamento tem perigo de voltar e mais grave ainda [a pneumonia]. Levará um ano e pouco para recuperar o pulmão dela, foi muita negligência porque não havia necessidade de chegar nesse ponto”, completou.

O que diz a secretária de Saúde

O jornal procurou a secretária de Saúde, Caroline Prazeres, que disse que já estava ciente do caso de Esther – inclusive ela já havia atendido Taynan quando ainda era diretora de Saúde na Secretaria.

“Na ocasião eu acolhi a mãe, buscamos resolver. Podem acontecer divergências de manejo clínico, diferentes diagnósticos e pode ser que no momento que elas foram consultar não havia critério para ser feito um Raio-x, mas não podemos questionar a decisão de cada médico. Porém, é um caso delicado e podemos checar se houve mesmo alguma negligência; temos uma comissão que investiga isso”, afirmou.

Sobre a fisioterapia que Esther precisa, Caroline informou que a prefeitura consegue verificar se a menina pode ser atendida e que como trata-se de um caso delicado ela entra como priorização.
“Conseguimos olhar com mais riqueza e atenção e acolher essa família”, completou.

Em verdade, ao contrário do que a secretária afirma, procedimentos dos médicos podem e devem ser questionados, através de controles internos permanentes de qualidade, principalmente nos casos com indício de incompetência e/ou negligência.


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