A primavera é a estação das flores, mas é também conhecida como o ‘terror’ para quem tem alergias respiratórias, como rinite e bronquite, já que o pólen das flores costuma deixar o sistema respiratório mais ‘irritado’, causando as famosas crises.

O Página 3 conversou com o médico imunologista Antomar Solano Becker (CRM 4433), da clínica Allergi, de Balneário Camboriú, e que também atende toda a região do Vale do Itajaí, que falou sobre o tema.
Acompanhe.
Mais pacientes procuram na primavera
O médico aponta que, de fato, na primavera a polinização das flores e plantas aumenta a sintomatologia de quem tem alergia respiratória – seja rinite alérgica, conjuntivite alérgica, bronquite (que é corretamente chamada de asma brônquica). “Todas pioram com a primavera. Nessa época os pacientes realmente me procuram mais e há piora principalmente dos sintomas respiratórios, já as alergias de pele não tem muita conotação com a primavera, mas principalmente rinite e bronquite há aumento na sintomatologia quanto da incidência da doença. A presença no consultório aumenta nesta fase do ano, sim”, diz.
Tripé terapêutico
O médico salienta que há um tratamento para as alergias composto por três pilares, chamado de tripé terapêutico, que é composto por:
1) controle ambiental e dieta: medidas que todo alérgico tem que obedecer, como encapar travesseiro e colchão com material impermeável, jamais usar vassoura espanadora ou aspirador que não tenha o filtro hepa (sem esses filtros os ácaros saem por trás do aspirador), evitar cortinas de tecido, tirar tapete e carpete e não coabitar com animais de pêlo e pena;
2) imunoterapia: terapia imunológica para trabalhar no sistema imunológico do paciente, trata-se de tratamento com vacinas, com duração de três a cinco anos;
3) medicação específica. “Quando você usa corticoide, Aerolin Salbutamol, é resgate, são medicamentos para crise, não é medicamento. O tratamento específico para rinite é corticoide tópico nasal e para asma via aérea inferior, corticoide de posição pulmonar, as famosas bombinhas”, acrescenta, citando que com o tratamento é possível resolver realmente o processo alérgico.
“Falamos em cura clínica, a grande maioria dos pacientes, 99,9% tem o gene alérgico, que vem dos pais ou avós, por exemplo. Esse histórico da parte alérgica nos fazer usar o processo de cura clínica, e o alicerce do tratamento, a base, é o controle ambiental: não varrer, não ter cortina de tecido, não ter animais dentro de casa, não usar roupa de lã, nem cobertor felpudo, não ter tapete e carpete… porque reduz a carga de alérgenos, que causam a alergia”, comenta.
Alergia não tem idade: gatilhos precisam ser evitados
O médico atende em Balneário Camboriú e também em toda a região, até cidades próximas de São João Batista. Ele lembra que a alergia pode começar em qualquer época da vida (criança ou até mesmo adulto – essa é chamada de asma de aparecimento tardio – em pessoas de 45, 50 anos, que é potencialmente fatal; a que vem da infância não leva a óbito), mas que para isso a pessoa precisa ser atópica (atopia = fora de lugar).
“Atópico é quem tem herança genética (gene para alergias), falamos muito nos gatilhos – quem coloca tapete de lã, quem enche a casa de cortinas de tecido, tapete, animais… O alérgico deve evitar os gatilhos. No consultório passamos os conhecimento das medidas, mas se a pessoa continua com erros, vai estar pagando o preço com sintomas, com as crises repetitivas de alergia, e cometendo erro, porque sabe que é prejudicial”, diz.
Solano informa ainda que 40% das pessoas que têm rinite alérgica podem evoluir para asma brônquica ou traqueíte alérgica (asma variante tosse), que é quando a pessoa não tem tosse, falta de ar e nem chiado, só tosse.
“Há alguns cuidados que a pessoa também deve ter, como a lavagem de roupa somente com sabão de coco, desodorante sem perfume… a roupa jamais pode conter perfume, porque pode desencadear crise”, completa.