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Motociclistas, pedestres e ciclistas são 76% dos internados graves após acidentes

A triatleta Luísa de Baptista Bastos Duarte, 29, está em contagem regressiva para uma cirurgia no próximo dia 31, quando vai colocar uma prótese no quadril. Finalmente ela deverá voltar para casa em São Carlos, cinco meses depois de ter sido atropelada na cidade do interior paulista por um motociclista não habilitado e na contramão, enquanto treinava de bicicleta para tentar uma vaga nas Olimpíadas de Paris. Ela se recupera em São Paulo desde então.

A esportista, que ficou dois meses em coma e sofreu mais de 25 fraturas, faz parte das estatísticas de um estudo realizado pela Abramet (Associação Brasileira de Medicina de Tráfego), que será apresentado nesta terça-feira (21).

O levantamento nacional, feito a partir de dados do SUS (Sistema Único de Saúde) em hospitais públicos, aponta que cerca de 76% das internações de vítimas graves de acidentes de trânsito em 2023 foram de motociclistas, pedestres e ciclistas.

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O estudo somou mais de 260 mil internações hospitalares na rede pública por sinistros de trânsito. Destas, aproximadamente 196,5 mil são do chamado grupo vulnerável, conforme aponta a associação.

A pesquisa, realizada por causa do Movimento Maio Amarelo —mês de conscientização sobre a violência no trânsito— não leva em conta pacientes em hospitais privados, nem atendimentos em pronto-socorros sem necessidade de internação.

O levantamento, diz a Abramet, não contabiliza número de mortos em 2023 por falta de informações disponíveis.

Os especialistas ouvidos pela reportagem defendem mais fiscalização, principalmente para controle de velocidade, como ação para reduzir estatísticas de vítimas de sinistros no país.

O médico Antonio Meira Júnior, presidente da Abramet, afirma que os dados também destacam a urgência de medidas preventivas para educação e infraestrutura que protejam especialmente esses usuários mais expostos.

No caso dos motociclistas, o número de internações de pacientes graves cresceu quase 10% na comparação de 2022 com o ano passado —passou de 129,6 mil para 142 mil.

Entre pedestres, a alta na comparação entre os dois anos foi de 6% —39,1 mil vítimas no ano passado contra 36,6 mil de 2022.

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Os atropelamentos que vinham em queda até 2020, voltaram a crescer a partir da pandemia. Para o médico Flavio Adura, diretor-científico da Abramet, a distração pode ser uma das explicações. Ele cita o uso de celulares na hora de se atravessar uma rua, por exemplo.

“A sociedade também ficou muito ansiosa e deprimida com a pandemia [de Covid-19] e passou a usar medicamentos que prejudicam a direção e o trânsito”, diz.

Entre as pessoas que estavam em bicicletas, o número teve 472 internados graves a mais entre 2022 e 2023. “Ciclistas não se destacavam nas estatísticas de internações há dez anos, mas isso mudou”, afirma Adura.

Conforme os dados analisados no estudo, o número de ciclistas hospitalizados aumentou quase 70% (eram 9.200 em 2014 para 15,5 mil no ano passado).

Na Rede Lucy Montoro, serviço de saúde do governo de São Paulo especializado em reabilitação, a alta na quantidade de pacientes ciclistas impressiona os profissionais que trabalham lá.

Sem citar números absolutos, a instituição pública diz que 27% das vítimas do trânsito que passaram por tratamento no local no ano passado eram ciclistas, contra 1,5% em 2022.

O percentual de ciclistas em reabilitação em 2023 só foi menor que o de motociclistas (40%). Pela primeira vez esse grupo ocupa o segundo lugar no ranking dos acidentados de trânsito, que era de ocupantes de automóveis (18% no ano passado).

Das vítimas em bicicletas que se reabilitam na Lucy Montoro, 47% têm até 30 anos, 40% sofreram lesão medular, 34% lesão encefálica e 17% amputação.

“A gente tem vontade de chorar junto com a mãe ou a esposa, pois são pais de filhos pequenos”, afirma a fisiatra Linamara Rizzo Battistella, professora titular de fisiatria da Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São Paulo) e idealizadora da rede, sobre a faixa etária das vítimas que terão lesões graves a vida toda.

Para a médica, muitas vezes houve imprudência no caso dos acidentados. “Tenho a sensação de que há uma disputa desnecessária. O carro não quer respeitar a bicicleta, mas há motoristas mais treinados para seguir as regras de trânsito que ciclistas”, diz.

A triatleta Luísa Baptista passou o dia nesta segunda-feira (20) com os terapeutas na Lucy Montoro. Ela está otimista em voltar a praticar esporte de alto nível e buscar uma vaga nas Olimpíadas de 2028, em Los Angeles (EUA).

“Depois da pandemia o número de ciclistas aumentou demais porque a bicicleta é um meio de transporte não poluente e saudável. Mas falta no Brasil educação no trânsito com eles”

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