Em evento para a imprensa, a Unimed Litoral apresentou, na noite de quinta-feira (24), o robô cirúrgico Versius, que em breve estará ‘trabalhando’ no hospital da cidade. No total, 12 médicos estão sendo capacitados para ‘comandar’ o robô, adquirido na Inglaterra, é o segundo no Brasil e o primeiro na Região Sul do país a entrar em funcionamento.

Investimento de cerca de R$ 25 milhões
O presidente da Unimed Litoral, Dr. Umberto João D’Ávila, explica que o avanço da tecnologia no mundo fez com que a instituição sentisse a necessidade de incorporá-la, foi assim como a videolaparoscopia há 20 anos e agora com o robô, que já está atuando nos Estados Unidos e na Europa.
O investimento foi de cerca de R$ 25 milhões, valor que compreende cerca de 800 cirurgias em cinco anos (o custo varia com a quantidade de cirurgias).
“Há locais no Brasil que já possuem a versão antiga do robô, mas nós estamos com esse que é o que há de mais moderno, e somos o segundo hospital do Brasil a tê-lo, o primeiro foi instalado em São Paulo. Estamos com 12 médicos (quatro urologistas, quatro cirurgiões-gerais, dois proctologistas e dois ginecologistas) em treinamento, na fase final, para começarem as cirurgias. O treinamento deve acabar entre 15 e 20 dias. Estamos focados no avanço da medicina em nossa região, nosso hospital é diferenciado, fazemos cirurgias de tumores cerebrais, cardíacos, urológicos, intestinais, de todo tipo, e o robô veio para completar isso”, explica.
Robô poderá ser utilizado em várias especialidades

Segundo o Dr. Umberto, as primeiras cirurgias serão acompanhadas por um médico, da Inglaterra, que atuou no desenvolvimento do robô, e após este período os médicos da Unimed passarão a executar as cirurgias sozinhos.
“As cirurgias que o robô fará são invasivas porque é igual uma vídeo, com uma pinça dentro do paciente. Todo tipo de cirurgia de grande porte, que antes a gente fazia aberta, como a cirurgia para tirar um tumor do rim, para tirar a próstata, no caso de um câncer, tirar um tumor do intestino, que são cirurgias grandes, o robô faz, com um médico no comando”, acrescenta.
Médicos informarão que robô pode ser utilizado no procedimento pelo qual o paciente passará

Os pacientes que serão ‘atendidos’ pelo robô serão avisados do procedimento e já está havendo procura pela tecnologia.
“No diagnóstico, o médico informará que a cirurgia pode ser por videolaparoscopia ou por robô, que em alguns casos tem melhor resultados do que a vídeo. Existe consentimento por parte do paciente, que será orientado direitinho, com todo o detalhamento”, explica o presidente da Unimed Litoral.
Ele aproveita para destacar que com a utilização do robô pode aumentar o índice de cura dos pacientes, bem como evitar recidiva em casos de câncer.
“A previsão é começarmos nas próximas semanas. Temos certeza que daqui um ou dois anos não será um robô e sim vários, porque temos sete salas cirúrgicas, então em breve outros robôs terão que vir para compor as outras salas”, completa.
Robô é a ‘cereja do bolo’
O urologista Wilson Busato Junior, cirurgião há 34 anos, é um dos 12 médicos que está passando pela capacitação para ‘comandar’ o robô Versius.
“Estamos tentando trazer o robô há muito tempo. Foi difícil porque o investimento é muito alto, acima dos R$ 20 milhões, mas a gente sabe que a região precisa e merece”, conta, citando que pelo Hospital da Unimed ser um dos melhores do Brasil (é a melhor Unimed do país em termos de estrutura financeira) a empresa responsável pela tecnologia os procurou.
“Já vínhamos nos especializando desde 2017. E isso é a ‘cereja no bolo’ de todo um trabalho que realizamos. Temos em Balneário uma vantagem muito grande, que é o fato de que todos querem vir morar e trabalhar aqui, por isso fazemos exigências na hora de contratar e temos um corpo clínico que é um dos melhores de SC”, comenta.
Primeiras cirurgias serão no Chile, com cadáver fresco
Wilson lembra que até o momento nenhum médico operou com o robô na América Latina e a primeira cirurgia deve acontecer em breve – no Chile, em duas semanas.
“Vamos fazer as primeiras cirurgias lá, no que chamamos de cadáver fresco, que vem de Miami. Vamos reproduzir todos os passos lá e depois trazer para Balneário. Nesse momento, virá um dos médicos, que ajudou a desenvolver o robô, para nos auxiliar, mas ele não vai entrar em cirurgia, ficará do lado, nos ajudando a raciocinar sobre como fazer a cirurgia”, afirma.
Robô simula exatamente os mesmos movimentos das mãos dos médicos
O médico pontua que o robô é ‘excelente’ e que irá otimizar muitos processos como tempo de internação, dor pós-operatória, necessidade de sangue e de analgesia.
“Se eu vou operar alguém com a minha mão eu preciso fazer um corte de 10 a 15cm para que ela tenha acesso; se eu for fazer a laparoscopia eu não preciso fazer tudo isso, mas ainda se abre 6 a 7cm, e com o robô é ainda menor. É praticamente do tamanho de um alicate de unha e se mexem simulando exatamente os mesmos movimentos da nossa mão e punho “, finalizou o médico.