O vereador Alessandro Teco Kuehne, que promoveu uma reunião pública nesta segunda-feira (3), para falar sobre a “A mobilidade urbana e o papel da bicicleta como indutora de inclusão social e de transformação da cidade, desafios e soluções para Balneário Camboriú”, abriu o encontro, na Câmara de Vereadores, com um minuto de silêncio pela morte de um ciclista que estava pedalando em Belo Horizonte e foi atropelado por um motorista bêbado.
Acidentes e outros problemas que os adeptos da bicicleta enfrentam no dia-a-dia foram discutidos no encontro. Basicamente o que todos registraram é que Balneário Camboriú avançou em sua malha cicloviária, mas falta ligação entre as ciclovias e ciclofaixas, sinalização e sobretudo, falta educação no trânsito, para amenizar as dificuldades.
Entre os convidados, dois usuários e apaixonados por bicicleta: Fernando Baumann e Chaves Junior.
Acompanhe o resumo de algumas opiniões apresentadas na reunião:
Equipamento, sinalização e educação são fundamentais
Fernando Baumann, empresário, ciclista – “O tema já vem sendo discutido desde 2007, quando reativamos a Associação de Ciclismo. Quero sugerir que se avalie o termo mobilidade urbana e talvez se comece a discutir mais mobilidade humana, porque são as pessoas que se deslocam…tratar das pessoas e não apenas dos equipamentos, isso faz toda diferença na compreensão da situação. Sou usuário de bicicleta vocês vão me ver sempre andando de bicicleta.
Balneário Camboriú tem apenas 47 km2 e segundo a lei da física, dois corpos não usam o mesmo espaço no mesmo momento. Não existe alternativa a não ser empilhar veículos. Nossa cidade é extremamente adequada para bicicleta, porque é plana, pequena e tem um clima ameno quase o ano inteiro.
Uso de bicicleta até 7km é viável. A bicicleta é um dos modais. Ela pode ser usada como lazer, competição ou deslocamento. Tratamos o uso dela como lazer e competição e esquecemos o deslocamento.
Todos acompanharam recentemente a construção das duas pontes nas marginais da BR-101, sou usuário daquele equipamento, porque minha empresa é no bairro Nova Esperança, vou todo dia para lá.
É desafiador ver um equipamento público, recém construído que esqueceu da ciclovia. Fizeram calçadas, não foi previsto uso de bicicletas. Tem momentos em que passam 30 pessoas por minuto naquele local de bicicleta (…).
A bicicleta tem três pontos especiais: saúde, não polui e terceiro, trânsito, é sempre um carro a menos na cidade, mas precisamos de políticas públicas perenes. Ela tem que ser um instrumento de desenvolvimento da cidade.
Balneário Camboriú evoluiu muito em ciclovias, mas precisamos olhar como esses equipamentos estão sendo construídos. Ciclovia é mão dupla, falta sinalização (…).
Educação é extremamente importante, é preciso dizer para o ciclista como ele deve usar a bicicleta. Ele não sabe usar. Políticas públicas nas escolas, ensinando desde pequeno, como é o uso de uma bicicleta. Equipamento, sinalização e educação são fundamentais”.
“Ciclofaixas interligadas e bem sinalizadas, senão não vão trocar o carro pela bicicleta nunca”
Luiz Carlos Chaves Junior – empresário, ciclista – Em 2012 vim morar em Balneário Camboriú e vi que a Avenida Atlântica ainda tinha um paredão de carros. Foi ali que a Associação de Ciclismo começou a fazer no dia 7 de setembro uma pedalada pró movimento de ciclovia na beira mar.
Cada domingo estávamos ali, ao lado dos carros, e o movimento começou a ganhar corpo, pedindo que o estacionamento fosse transformado em ciclofaixa. Muitos embates com o empresariado, mas conseguiram compreender que era necessário e no final de 2012 foi implementado. No ano seguinte, conseguimos colocar a ideia de abrir meia pista aos domingos para recreação, o Atlântica Ativa (…).
A Associação de Ciclismo tem vários projetos, junto com a AMFRI, o Costa Verde&Mar que são 270km que conseguimos atravessar nos 11 municípios, tem condições de reativá-lo, temos uma campanha nacional Uma Bike Uma Vida, que conscientiza como usar.
Participamos de blitzes, o EdicaBlitz do Fumtran, na época…informativas, porque o que precisamos é conscientizar as pessoas.
A Associação também trouxe os paraciclos, as bicicletas de aço inox que todos vêem na cidade, nós levamos um protótipo na mesa do Auri Pavoni, secretário de Planejamento na época, em tamanho real, como gostaríamos que fosse e ele virou um mobiliário utilitário da cidade.
Apesar de todos esses movimentos, ainda temos dificuldades. Por ex: eu não ando de bicicleta nas pontes da BR-101, acho perigoso, fizemos reuniões antes, pedindo a ciclovia nestes locais, mas não atenderam (…).
Outro fator importante: é necessário que todas as ciclovias e ciclofaixas estejam interligadas e bem sinalizadas, senão as pessoas não vão trocar seu carro pela bicicleta nunca”.
“Nosso principal desafio em Balneário Camboriú é a mobilidade urbana”
Fabiano Queiroz de Melo, secretário de Planejamento Urbano e Gestão Orçamentária de Balneário Camboriú – “Desde setembro do ano passado estamos trabalhando na revisão do Plano Diretor e algo que ficou bem claro para todos é que nosso principal desafio em Balneário Camboriú é a mobilidade urbana. Concluimos uma etapa do programa ‘Caminhos do Mar’, ampliação do sistema cicloviário da cidade e com o BC Investimento estamos buscando regrar as empresas que estão chegando e que alugam bicicletas na cidade”.
“Há necessidade de aumentar essa malha cicloviária”
Magali Ignácio, gestora do BC Trânsito – “O tema é pertinente a todas as cidades, mas em Balneário Camboriú de forma especial, porque tem uma malha viária reduzida. Atualmente são 46,802km de malha cicloviária. Há necessidade de aumentar essa malha cicloviária, o que está previsto no ‘Caminhos do Mar’, de forma segura, convidando as pessoas a abandonar o uso do carro e adotar outros modais, como bicicleta, patinetes, bicicletas elétricas. É preciso investir na micromobilidade não só como forma de preservação do meio ambiente, mas para um trânsito mais fluído, seguro e saudável.
“Balneário Camboriú precisa dos deslocamentos com modais ativos e com micromobilidade”
João Luis Demantova – Consultor em Projetos de Desenvolvimento Regional da Associação dos Municípios da Foz do Rio Itajaí – AMFRI – “Não há desenvolvimento regional sem planejamento e sem mobilidade…há anos iniciamos o projeto de desenvolvimento regional InovAamfri…onde o eixo da mobilidade está evoluindo, estamos próximos da implantação desse projeto, parceria com o Banco Mundial na estruturação do projeto e estamos prestes a fazer uma mudança de paradigma em nossa sociedade com esse projeto (…).
No projeto trabalhamos 3 eixos: a) oferta de um sistema de transporte coletivo regional para os deslocamentos de longa distância intermunicipais; b) obra de integração regional, com a transposição do rio Itajaí, através de um túnel. Não podemos mais depender exclusivamente da BR-101, ela é uma rodovia, e hoje não exerce mais esse papel, já faz o papel de uma via intermunicipal; c) o programa Caminhos do Mar, que inicia com Balneário Camboriú (…).
Quando se olha para o mapa de Balneário Camboriú, vemos que nossa cidade precisa dos deslocamentos com modais ativos e com micromobilidade, mas feitos com segurança. Destinamos dentro deste projeto, 15 pilotos a ser implementados, de ruas cuja prioridade serão os pedestres e os ciclistas (…).
Mas não basta oferecer equipamentos, oferecer ciclovias boas se não houver um convite para que o usuário use (…).
Um dos elementos do projeto é a destinação de recursos para construção de mais 70km de ciclovias na região, além disso, no Caminhos do Mar são 17km em Balneário Camboriú, além da integração do sistema viário regional (…).
Esses caminhos do mar tem como objetivo fazer o sentido leste/oeste da cidade, trazer os trabalhadores que residem na Quarta ou Quinta avenidas até a posição de empregos que ocupam na Brasil, Atlântica, Terceira… de forma segura (…).
“O acesso à micromobilidade tem que estar em toda a cidade”
Ana Paula Cardoso, representou a presidente Maria Pissaia do BC Investimentos – “A BC investimentos trabalha com empresas de micromobilidade que querem se instalar aqui. A micromobilidade é um assunto complexo, precisamos regrar e ordenar estes equipamentos no espaço urbano e organizar todas essas vertentes…as empresas, os proprietários de equipamentos, os usuários que alugam,,,no uso do espaço público (…).
É preciso pensar ações de curto prazo, aquilo que pode ser resolvido que não demanda muito investimento, que pode ser feito dentro da estância municipal, como sinalização, ordenamento de espaço público, provimento de vagas de estacionamento para esses modais de micromobilidade e incentivar estas empresas que estão vindo para cá para que elas entendam que Balneário Camboriú não é Avenida Atlântica e Brasil…Balneário é Terceira, Quarta e Quinta…é Vila Real, Nova Esperança…o acesso à micromobilidade tem que estar em toda a cidade…essa é a discussão que estamos tendo (…).
“Precisa melhorar a segurança da locomoção dos bairros para a cidade”
Guilherme Lopes – representou o presidente Vilton Santos da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) – É preciso melhorar a segurança da locomoção dos bairros para cidade, onde muitos trabalhadores do comércio trabalham e usam bicicleta (…).
Sugerimos também fazer mais suportes para cadear bicicletas próximo das principais avenidas (…).
Na campanha do Maio Amarelo, a CDL Jovem realiza um programa de conscientização do transporte, do ciclista, com orientações sobre o uso do equipamento”.
Números de Balneário Camboriú
O vereador proponente da reunião, Teco Kuehne, apresentou números do cenário da mobilidade urbana em Balneário Camboriú, colhidos através do Plano de Mobilidade Urbana (PlanMobBC) e de órgãos públicos, como Polícia Civil, BC Transito e Secretaria de Educação.
Acompanhe os números nos quadros abaixo: