Prefeitos e técnicos de municípios da AMFRI retornaram da Missão Técnica Internacional otimistas com tudo que viram (e ouviram) nos seis dias em que visitaram experiências de mobilidade urbana integrada em São Paulo, Chile e Argentina, buscando subsídios para o milionário Projeto de Mobilidade Integrada e Sustentável (PROMOBIS), em estudo para implantar na macrorregião.
O presidente da AMFRI e prefeito de Penha, Aquiles da Costa, considerou a viagem mais um passo para que o Promobis saia do papel.
“Conhecemos as especificidades e resultados já obtidos na adoção de sistemas de transporte coletivo com a utilização de ônibus elétricos, além de conhecermos os desafios do modelo”, disse.
Aquiles avalia ainda que os ganhos vão além da mobilidade, gerando economia e incrementando o turismo em uma das regiões mais procuradas do Brasil.
“A qualidade de vida dará um salto, além de economizarmos na gasolina e no tempo de trajetos, por exemplo. Além disso, o incremento turístico que o túnel e o transporte público de qualidade promoveram nesses locais foi fantástico. Saímos dessa missão sabendo que estamos no caminho certo e iremos em busca desse sonho, mesmo diante das adversidades, com muita persistência, determinação e coragem”, afirmou Aquiles.
Engajamento entre governo / privado / população
O engenheiro e diretor de Planejamento e Gestão Orçamentária de Balneário Camboriú, Toni Fausto Frainer, que representou o prefeito Fabrício Oliveira na Missão, voltou animado com tudo que viu.
“O que mais impressionou foi o engajamento entre o governo, a iniciativa privada e a população com essa integração no transporte público urbano”, resumiu.
Toni destacou o que mais chamou atenção em cada uma das três etapas que a comitiva visitou e disse que a iniciativa foi positiva, porque foram em busca de informação e conhecimento, viram acertos e também conheceram erros.
São José dos Campos, em São Paulo
O grupo conheceu projetos voltados à inovação e tecnologia implantados no sistema do transporte público da cidade, como a eletrificação do transporte.
São José dos Campos possui uma frota com 12 Veículos Leves sobre Pneus (VLP´s), 100% elétricos.
A comitiva conheceu o modelo operacional dos veículos elétricos, como autonomia, programação das linhas, tempo de viagem e aceitação da população. O sistema de priorização semafórica dos VLPs na Linha Verde também foi um dos temas de interesse da comitiva.
Este novo sistema semafórico, através de sensores e câmeras, reconhece a aproximação do VLP a 200 metros de distância e altera a programação, liberando os semáforos para os VLP´s. Com isso, é assegurado o trajeto contínuo e sem paradas, conferindo mais agilidade ao transporte público.
A subestação de carregamento dos VLP´s, as estações de embarque e desembarque do Terminal Sul, no Campo dos Alemães, além de embarcar no VLP para conhecer a Linha Verde também foi apresentada aos gestores públicos.
O grupo também visitou o Centro de Segurança e Inteligência (CSI) para ter detalhes técnicos do sistema de monitoramento.
“O municipio adquiriu oito ônibus elétricos, conhecemos as mudanças que foram necessárias na infra-estrutura, a implantação da Linha Verde e é tudo muito recente, começou no início do ano”, disse Toni.
Santiago, no Chile
Santiago precisou achar soluções para combater os altos índices de poluição e tornar a cidade mais sustentável e humana. Algumas iniciativas foram realizadas, como a arborização da cidade.
Para incentivar o uso do transporte público em detrimento ao uso de automóveis particulares, Santiago aposta nos eixos ambientais. Dessa maneira, eles permitem a circulação dos ônibus elétricos em uma via exclusiva. Assim, a iniciativa encoraja a população a utilizar o transporte público, devido ao tempo de viagem e qualidade.
A iniciativa foi firmada através de consórcio de entidades públicas, privadas, sociedade civil e pesquisadores, foi formado em 2016 para promover a mobilidade elétrica no país.
O grupo também conheceu duas operadores, a Red e a Metbus, maior operadora de transporte público e pioneiro em transporte elétrico. A Metbus opera 11,6 milhões de viagens por mês em Santiago e apresenta a maior implementação de veículos elétricos das Américas.
“O Ministério dos Transportes chileno desenvolveu um plano nacional, para colocar toda frota elétrica. Eles têm hoje a segunda maior frota de ônibus elétricos do mundo, só perdem para China. Em cinco anos colocaram mil ônibus e a meta para 2023 é colocar mais mil. Até 2035 não querem mais ter nenhum ônibus e caminhão a Diesel”, detalhou Toni.
Ele também destacou as políticas públicas para capacitar a mão de obra feminina no transporte público, uma iniciativa do Ministério das Mulheres, que também investe em novas políticas para combater a violência contra mulheres no transporte público, que se intensificou na pandemia”, acrescentou.
Santa Fé, na Argentina
Na terceira etapa da viagem, a comitiva visitou o projeto do Túnel Subfluvial do Rio Paraná, que foi construído há mais de 50 anos, em 1964. O túnel liga Santa Fé e Paraná, ambas capitais de províncias argentinas, em quase 3 quilômetros de extensão. Uma viagem que antes levava horas, é feita com facilidade e conforto em questão de minutos após o túnel.
“Esse túnel na Argentina é para ser o modelo que o projeto pretende construir entre Itajaí e Navegantes. Ele opera com pedágio e muito bem”, resumiu o diretor de Planejamento.
A Comitiva
A comitiva foi composta pelos presidente da Amfri e prefeito de Penha, Aquiles da Costa, prefeitos Élcio Rogério Kuhnen (Camboriú), Libardoni Fronza, o Liba (Navegantes) e Marcos Pedro Veber (Luiz Alves); Toni Fausto Frainer (engenheiro e diretor de Planejamento e Gestão Orçamentária de Balneário Camboriú, representando o prefeito Fabrício Oliveira), Giovani Alberto Testoni (chefe de Gabinete de Itajaí, representando o prefeito em exercício, Marcelo Sodré), João Luiz Demantova (Diretor Executivo do CIM-AMFRI), Jaylon Jander Cordeiro da Silva (Diretor Financeiro do CIM-AMFRI) e Ademar Henrique Borges (Secretário Executivo da AMFRI). Também formaram a comitiva os especialistas de Transportes do Banco Mundial, Geoges Darrido e Taís Fonseca.
O Promobis/Amfri
O Promobis é um projeto pioneiro no Brasil, pela proposta de gestão consorciada, composto por três grandes iniciativas que podem mudar o futuro da região para melhor: um Sistema de Transporte Coletivo Regional – que vai integrar e interligar os 11 municípios da AMFRI com veículos elétricos e reurbanização de vias; o Túnel Imerso entre Itajaí e Navegantes; e a Mobilidade Ativa em Balneário Camboriú, por meio do Programa Caminhos do Mar.
Ao todo, serão investidos US$ 120 milhões com recursos públicos, sendo US$ 90 milhões provenientes do Banco Mundial (BIRD) e US$ 30 milhões da contrapartida do financiamento, podendo ser amortizados em até 25 anos. Já os investimentos privados, considerando o Sistema de Transporte Coletivo/AMFRI e o Túnel Imerso, deverão ultrapassar a casa dos US$ 240 milhões.