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Histórias do Colégio Salesiano

Não se pode deixar de lembrar com saudade do velho padre Heriberto Schmitt, um dos professores que marcaram a época áurea do Colégio Salesiano. Deu-me aulas de português e lecionava ainda outras disciplinas, visto que não era pouca a sua bagagem de conhecimentos.

Não esqueço ainda do padre Mansueto Trés, do padre Gilli, do padre Adolfo, do padre Zeno, do padre Lino, do padre Teobaldo, do então, ainda padre, Nestor Junkes, do Luiz Antônio Cechinel, do Cacildo Romagnani, do Danilo Campestrini, do Moysés Strommer, do Cosme e Afonso Busarelo, do José Domingos de Andrade, do meu pai Pedro Ghislandi e de vários outros que ajudaram a forjar uma geração de alunos que deu bons frutos.

Quem lá teve a oportunidade de realizar seus estudos, denominados então ginasial e científico, pode se considerar privilegiado. E que boas lembranças desse tempo em que só nos ocupávamos com os estudos. Não precisávamos nos ater a outras preocupações e responsabilidades.

Na época, meados dos anos 60, o Salesiano era exclusivamente para alunos do sexo masculino. Anos mais tarde passou a permitir também a matrícula de meninas. Aí, além dos estudos, nos entretínhamos em contemplar as belas garotas, que deixavam o pátio muito mais interessante. O novo atrativo revelou a timidez de alguns. Mas a maioria passou até a ir mais arrumadinho para o colégio, na esperança de, quem sabe, fisgar o coração de alguma das beldades que circulavam com desenvoltura por saberem-se admiradas.

Os mais afoitos passaram a chegar mais cedo do que de costume para o início das aulas e contavam os minutos para o horário do recreio. Flertar era a nova disciplina curricular e vários são os casos de namoricos no pátio que resultaram em casamento. Na minha turma poderia citar pelo menos uns dez.

No Colégio Salesiano de Itajaí também aprendemos o valor da disciplina. E nesta questão o padre Lino era mestre. Durante as aulas era comum vê-lo pelos corredores e parando, em cada sala, para espiar pela vidraça o comportamento dos alunos.

O início das aulas sempre era precedido de um discurso severo do padre Lino, que, no pátio, subia em uma pequena banqueta e ditava conselhos. Nunca me esqueço de um episódio envolvendo ele e o aluno Magru Floriano. Foi algo totalmente inusitado e uma atitude extremamente corajosa diante da sisudez e do temor que o padre Lino provocava. Ninguém em sã consciência ousaria afrontá-lo. A não ser, claro, um rebelde apelidado de Magru.

Ainda emocionado e com os sentimentos à flor da pele devido à morte prematura dias antes de um querido amigo do colégio, o Roland, logo depois da falação do padre Lino, Magru tomou nos braços a banqueta que o padre usava como palanque moral, subiu até o terceiro andar do colégio e a lançou no pátio, destroçando-a em pedacinhos, sob o olhar atônito de todos, alunos e padres salesianos.

Ninguém podia acreditar no que via. Magru quebrou não só a banqueta, mas também a regra. A partir daquela atitude de emoção e coragem do franzino Magru, os discursos disciplinares do padre Lino só passaram a ser feitos em ocasiões especiais. Foi um alívio para todos. Magru, felizmente, depois de muita conversa envolvendo ele, sua família e os padres, teve a sua expulsão reconsiderada e lá ficou até concluir o científico.

Acredito que o padre Schmitt e sua porção irreverente não tenha condenado o bravo ato do seu aluno. Talvez, no íntimo, até o tenha comprazido. Mas o Colégio Salesiano foi palco de muitas e muitas histórias. Quem sabe um dia eu possa contá-las. Mas, para isto, seria necessário não algumas páginas, mas um livro inteiro para abarcá-las.

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