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O primeiro curso de Jornalismo do interior de SC

O curso de Jornalismo da Universidade do Vale do Itajaí – Univali completou em 2022 nada menos do que 31 anos de existência. Mais precisamente no dia 07 de março de 1991 o jornalista Moacir Pereira proferia a aula inaugural do curso, o primeiro do gênero a ser criado no interior do Estado de Santa Catarina.

Lembro bem porque estava com Moacir Pereira em um barzinho na frente da Universidade, após a aula magna, e recebi no celular uma ligação de minha mulher alertando que a bolsa havia rompido e precisava da minha presença urgente para levá-la ao hospital. Horas depois meu filho mais novo viria ao mundo. Data, portanto, inesquecível.

Desde a formatura da primeira turma, em 1995, foram diplomados centenas de bons profissionais qualificados para o mercado local, estadual e até nacional. Sim, vários jornalistas aqui formados exercem hoje atividades em grandes veículos da mídia brasileira.

Mas, como tudo de relevante, o Curso de Jornalismo da Univali também carrega uma história. E me permitam contar um pouco dela.

Tudo começou quando, em 1988, fui eleito presidente do Clube de Imprensa de Itajaí e Região – CIITA. No discurso de posse, que contou com a presença do então reitor da Univali Edson Villela, reivindiquei a criação de um Curso de Jornalismo na universidade, uma vez que a maioria quase absoluta dos profissionais que atuavam nos veículos de comunicação de Itajaí e municípios vizinhos, não eram formados.

Exerciam quase todos a atividade jornalística na condição de ‘provisionados’, uma espécie de autorização concedida pela Federação Nacional dos Jornalistas – Fenaj, que levava em conta para permitir o exercício da profissão a quase inexistência de cursos superiores de jornalismo no Estado à época. Havia apenas um, na Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC.

A ideia de criar o primeiro curso do gênero fora da capital foi imediatamente acatada pelo reitor da Univali. Em 1991 o curso iniciava com uma turma de 40 alunos, dos quais apenas 14 deles chegaram até o final, entre eles eu. Foi a primeira turma de jornalistas a se formar no interior do Estado. Eu me orgulho de ter feito parte desta história!

UM POUCO DA MINHA TRAJETÓRIA

Iniciei nas lides jornalísticas em 1979 como repórter do Jornal de Itajaí, que tinha como editor o papa do jornalismo moderno na cidade, o saudoso Renato Mannes de Freitas, um craque na arte de redigir notícias. Sua formação, bastante esmerada, não se deu nos bancos da faculdade, e sim na prática cotidiana da reportagem em Curitiba, na Sede Sul dos Diários Associados, de propriedade do lendário Assis Chateaubriand, o Chatô, jornalista, empresário, colecionador, mecenas, advogado, político e diplomata.

O império de Chateaubriand teve início em meados dos anos 1920 e, no seu auge, os Diários Associados reuniam, em todo o Brasil, 36 jornais, 18 revistas, 36 rádios e 18 emissoras de televisão, além de bater recordes de tiragem com a consagrada revista O Cruzeiro. Assis Chateaubriand construiu o maior conglomerado de mídia que o país já viu. Com a morte de Chateaubriand em 1968, as empresas entraram em decadência, culminando com o fechamento da TV Tupi, em 1980.

Era um jornalismo moderno, ousado e de qualidade, que privilegiava a reportagem investigativa. E foi com esta bagagem que Renato Mannes de Freitas retornou a Itajaí para dirigir o jornal A Nação, também de propriedade do grande magnata das comunicações. De meados da década de 70 em diante não foram poucos os profissionais que tiveram o privilégio de compartilhar dos conhecimentos trazidos por Renato Mannes. Entre eles este que vos escreve.

Um ano permaneci no Jornal de Itajaí. Em 1980 fui contratado como repórter do jornal A Notícia, um dos maiores veículos de comunicação impressa de SC, com sede em Joinville. Nos anos seguintes atuei também como repórter no Jornal de Santa Catarina, O Estado e Diário Catarinense.

No Jornal de Santa Catarina ganhei o Prêmio Esso de Jornalismo, em 1983, pela cobertura da enchente que assolou Itajaí e dezenas de outros municípios. Criei em 1983 a Assessoria de Imprensa da Fepevi (hoje Univali).

Em 1989, com a transformação pelo MEC da Fepevi (Fundação de Ensino do Pólo Geo-educacional do Vale do Itajaí) em Univali (Universidade do Vale do Itajaí) iniciava um período de forte expansão, com a criação de vários campi em diversas regiões ao longo do litoral catarinense. Foi quando tive que deixar a atividade de repórter jornalístico para dedicar-me exclusivamente à direção da Assessoria de Imprensa da Universidade, onde permaneci ao todo 18 anos.

Com a mudança de reitor em 2002, passei a estruturar as ‘filiais’ da Assessoria de Imprensa nos vários campi da Instituição. Em 2004 assumi como editor de jornalismo da Rádio Educativa Univali FM (94,9), onde permaneci até 2014. A partir daí passei a dedicar-me à consultoria em comunicação, atividade em que permaneço até os dias atuais.

E vamos em frente em busca de novas histórias, pois a vida não espera.

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