Tenho tido o inestimável prazer de passar os olhos, quase que diariamente, nos causos narrados primorosamente aqui neste espaço pelo Émerson Ghislandi, a quem reverencio desde sua participação em minha banca de graduação, há uma boa década e meia.
Embora eu esteja distante de considerar que tenha a habitual senilidade exigida para a função, é inegável que, a cada episódio, ele vem se transformando em uma espécie de Juventino Linhares, revigorado e com un pied sur la gauche.
Falo isso porque Itajaí precisa de bons memorialistas, que revisitem lá de vez em quando as histórias de nossa gente. Pessoas que não nos deixem esquecer o extraordinário de nossas vidas, que inevitavelmente lembrem de nossos tropeços e tornem, através de suas narrativas precisas, um pouco menos miseráveis os nossos dias e noites.
Espero que uma nova geração de memorialistas esteja teimosamente surgindo em Itajaí. Bem aqui nessa cidade onde, ano após ano, encerram-se cinemas, livrarias e festivais. Deve haver ao menos um lugar para a memória onde a memória, por força de ofício, parece ser o último reduto da resistência cultural estabelecida.
Sei que ultimamente ninguém acredita muito naquilo que escrevo mas, aos crédulos insistentes, recomendo esta agradável leitura.
Jornalista Felipe Damo