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Balneário Camboriú
Marisa Zanoni Fernandes
Marisa Zanoni Fernandes
Ex-vereadora em Balneário Camboriú, é doutora em educação e professora universitária.
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A Invasão

Era madrugada quando ouvi o portão de entrada da minha casa rangendo. Corri para a janela para verificar e logo me deparei com uma pessoa estranha que já estava no pátio da casa. A chuva fina e a neblina deixavam a cena embaçada, mas era nítida a invasão. Assim, corri para trancar a porta do quarto. Com as mãos trêmulas, não consegui ser mais rápida que o estranho. Lá estava ele, na minha frente, empurrando a porta enquanto eu tentava segurá-la. Então, gritei: – Mãeeeee!

Quando estamos em perigo, esse chamamento parece uma espécie de cajado protetor, capaz de afugentar todos os males: Mãe! Que poder incrível que ela tem de nos proteger, acalentar, de espantar medos reais ou fictícios. Mãe é grito que ecoa, símbolo que congrega e faz pulsar o corpo. Não importa a idade delas ou dos filhos – há um cordão, que se transforma em filamentos de energia, capaz de nutrir a vida. Uma vida com outra, uma vida entre outra vida, uma vida compartilhada.

Somos cotidianamente invadidos! A dureza da realidade, muitas vezes, faz com que, mesmo crescidos, desejemos regressar ao colo de mãe, ao afago das suas mãos, deixar-nos invadir pelas suas histórias narradas, pelo cheiro da sua comida. Um regressar como meninos e meninas desapropriados das amarguras e abertos a uma invasão – uma invasão de mãe – símbolo de amor.

Invadida, tomada por esses desejos, faço as malas e vou até ela como um presente secreto. Sei que, ao chegar, encontrarei aquele sorriso acompanhado da expressão – “mamma santa” – ela também, aos 86 anos, reverencia a sua mãe.

Assim, vamos todos nós ligados. Umbilicados. Presentes ou ausentes. Jovens, idosos, ou crianças, seguimos na certeza de que temos e encontraremos uma mãe em nós e muitas mães que hoje, invadidas, precisam de nós!

Minha homenagem a todas as mães e a todas as formas de ser mãe, em especial, às mães que choram as ausências.  

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