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Balneário Camboriú
Marisa Zanoni Fernandes
Marisa Zanoni Fernandes
Ex-vereadora em Balneário Camboriú, é doutora em educação e professora universitária.
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Uma “luz”para aumentar a participação popular

“É curioso como as cores do mundo real parecem muito mais reais quando vistas no cinema”. A frase do filme Laranja Mecânica é sintomática ao revelar o que os olhos, a mente e o coração sentem ao envolver-se com a sétima arte.

E quando a arte cinematográfica vai ao encontro do público? Quais ações e projetos permitem ampliar o acesso e a participação popular com a arte e a cultura?  Inquieta com essas questões então, surgiu o – “LUZ, CÂMARA, AÇÃO”.

A criação do  projeto foi muito mais do que um compromisso de campanha eleitoral (pois em nossa vitória, em 2012, a proposta “Arte & Cultura” ocupou lugar estratégico em nossos materiais), o projeto ultrapassou as barreiras e paredes do Legislativo Municipal. Como não poderia deixar de ser, o projeto foi pensado, discutido e criado coletivamente dentro do espaço legislativo. Depois deste tempo de afastamento, parece pertinente rever este filme real desde o início…

Voltamos ao carnaval de fevereiro de 2013 – sala de reuniões da Câmara Municipal de Vereadores de Balneário Camboriú lotada de artistas e produtores. Muitos profissionais ligados ao Audiovisual, a reivindicação era latente: “Por que o Governo Municipal (da época) não apoia de maneira enfática os eventos de cinema, e os movimentos tal qual o Cinerama BC”?

Nosso Mandato ouvia atentamente as justas reclamações e, junto ao coletivo, pensou uma maneira prática de oferecer a visibilidade merecida ao Audiovisual produzido no município. Eram produções que venciam prêmios estaduais e nacionais; alunos e professores da rede pública e privada de ensino; acadêmicos dos cursos de graduação da região, enfim…Muitos talentos invisibilizados.

Assim, nasceu o “Luz, Câmara, Ação”: uma proposta ousada, confesso, feita com muita coragem e carinho. Mas acima de tudo: uma ação de compromisso, que fez a Câmara servir de palco para os nossos produtores, para a formação de público e para os processos de fruição tão necessários e tão urgentes!

Como toda Professora, eu queria ir além, envolver ainda mais conhecimento e reflexão à proposta. Incluímos participação de professores, especialistas, convidados que, após a exibição dos curtas e documentários, oportunizavam debates com interação da plateia.

E teve mais, muito mais! Pipoca gratuita na entrada da Câmara Municipal e ônibus que trazia grupos de alunos e outras pessoas que, por algum motivo, tinham dificuldade de deslocamento. Podemos afirmar que esta ação venceu a “bolha política”, alcançando grupos e pessoas que, muitas vezes, o Executivo e o Legislativo não conseguem dialogar e que nunca haviam frequentado aquele espaço.

As sessões aconteciam toda a última sexta-feira do mês, muitas vezes sendo temáticas: Mulheres, Trabalhadores, Diversidade, Infância, relação intergeracional, cultura popular, Saúde, entre outros temas sociais. Também fomos parceiros de movimentos e coletivos que já se organizavam na cidade e ansiavam mais participação popular, inclusão e direitos: Conselhos Municipais; Sindicatos, Câmaras Temáticas do Conselho Municipal de Cultura, entre outros.

O projeto foi colocado em prática graças aos colaboradores do nosso Mandato de Vereadora, mas também com o apoio da TV CÂMARA e outros profissionais do Legislativo que abraçaram a ideia.

Mas nem tudo foram flores neste filme da vida real. Em maio de 2013 tentei transformar esta ação educativa em uma Lei Municipal – tornando o projeto permanente na câmara de vereadores, sob coordenação da comissão de cultura e educação. Surpresa minha, e de todos os seguidores da arte-educação, o projeto foi rejeitado, ou seja, não aprovado.

Confesso que a atitude de alguns colegas apenas aumentou a nossa vontade de levar a sétima arte para o povo! Mesmo com a frustração em não ter o projeto aprovado pela Mesa Diretora da Casa (com o Projeto de Resolução 0023/2013 arquivado) seguimos com a ação percorrendo escolas e comunidades locais. E conquistamos edições itinerantes, popularizando e aumentando o acesso.

Mas a vida dá voltas! Enquanto a Câmara de Balneário Camboriú hoje não pode contar com “Cinema – com o LUZ CAMARA AÇÂO”, recebo com alegria a notícia de que mais dois municípios se inspiraram na minha proposta. 10 anos depois, ainda temos frutos: e agora em Lages e Concórdia. Mais feliz ainda estou em reconhecer que são duas vereadoras mulheres e professoras as proponentes: Marcilei Vignatti e Ingrid Ackermann Fiorentin.

Na premissa de que o cinema não tem fronteiras ou limites, comemoro também o fato de na última sexta-feira, a Presidência da República e o Ministério da Cultura (MinC) reinauguraram o cinema do Palácio da Alvorada. A solenidade contou com as presenças do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), da primeira-dama Janja da Silva e da ministra Margareth Menezes. É mais uma vitória da Cultura Nacional! Porque o “ cinema é um modo divino de contar a vida. (Federico Fellini).

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