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Balneário Camboriú
Raul Tartarotti
Raul Tartarotti
Engenheiro Biomédico e cronista.
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Existência apática e desprotegida

 Antes da pandemia, o home office era uma realidade em algumas empresas e, com a Covid-19, esse modelo se tornou necessário para muitos continuarem existindo. 

Dois anos após os primeiros “lockdowns” no Brasil, o trabalho remoto se mostrou muito bem aceito pelos trabalhadores. Uma pesquisa realizada pela Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo, e pela Fundação Instituto de Administração, mostrou que a intenção dos brasileiros de permanecerem trabalhando em casa só cresce – ao mesmo tempo em que relatam ter uma jornada de trabalho, muito maior do que a estipulada em contrato. 

De acordo com o levantamento, bem mais da metade das pessoas pesquisadas estão satisfeitas com o trabalho de casa. Esse número cresce quando se considera a intenção de manter a rotina após a pandemia. Já o número de pessoas que querem voltar aos escritórios diariamente caiu muito.

Apesar das avaliações positivas, diversos funcionários dizem estar trabalhando mais horas de casa, do que se estivessem no escritório. Com a economia de tempo do deslocamento, muitos acabam começando a trabalhar mais cedo – e se desligando mais tarde.

Dos entrevistados pelas instituições de ensino, menos da metade estão trabalhando acima de 45 horas semanais. A legislação trabalhista estabelece, salvo casos especiais, que a jornada convencional seja de 44 horas semanais. 
Por estarem conectados por muito tempo, acabam permanecendo também o dia inteiro. 

Será que vamos repetir os danos ocorridos na população inglesa nos anos 1860, onde praticamente se deu o início do home office? 

Naquela época as chamadas “mistress houses”, casa de mestras, abrigavam dezenas de mulheres e crianças para realizar o acabamento nas rendas de bilros. Eram casas particulares com micro espaços para cada trabalhador, com chaminés fechadas para não sujar as rendas, e turnos de trabalho de até 10h por dia.

Aquelas vidas não vividas nunca retornaram, e seus passados familiares inexistiram. Foi uma vivência miserável, cansativa, que proporcionou lucros somente ao poder pátrio capitalista e seus barões. O trabalhador nunca recebeu dinheiro suficiente para deixar de ser apenas uma ferramenta do industriário da época. 

Os cuidados devem ser permanentes com todas as formas de sobrevivência, nesse mercado leonino do capitalismo. 

Devemos ter muita atenção para que os erros do passado não se repitam, como mostra o “Museu Nacional de História do Povo” em Manchester na Inglaterra. Ele expõe sobre a vida das pessoas em suas casas, trabalho e lazer nos últimos 200 anos.

Um item chama atenção, a cama em formato de caixa, com um metro e meio quadrado de área para deitar, onde as crianças trabalhadoras, com 4 anos, dormiam somente 6 horas, após o término de sua atividade home office junto às mães.

Naquele lamentável passado sem intelectualidade, a existência ficou apática e desprotegida. Assim fica difícil se preservar.

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