O que não pode ser visto não incomoda, essa máxima nos protege dos males da natureza humana, que insistem em surgir há décadas, e afetar as mentes mais frágeis, consideradas doentes.
Mesmo no início do século XX, os pacientes com problemas mentais crônicos, eram vistos como “degenerados” e “escória”, o equivalente a criminosos e escroques, por isso a ideia de escondê-los em manicômios foi a saída na época, para resolver questões ainda desconhecidas de nossa alma.
Nossas dores emocionais são frequentes companhias, sem que tenhamos encomendado sentimentos ruins ou algum interesse em especial pra fritar nossos miolos ainda crus. Buscamos viver com leveza, também porque a ausência de um fardo leva o ser humano tornar-se mais leve e de fácil convívio, e assim atingir um status social atraente e com mais oportunidades mundanas.
O que nos atormenta invariavelmente transborda à frente da próxima companhia, tornando assim pesado o relacionamento com o outro.
O escritor Milan Kundera escreveu em seu espetacular livro “A insustentável leveza do ser” que o mais pesado dos fardos nos esmaga, verga-nos, comprime-nos contra o chão.
Ao mesmo tempo, ele é a imagem da realização vital mais intensa. Quanto mais pesado é o fardo, mais próxima da terra está nossa vida, e mais real e verdadeira ela é.
Vivemos muito pela primeira vez, quase não há tempo para ensaios ao entrar em cena nas ruas, e eventualmente somos recriminados(as) por sermos diferentes, ou à frente dos tempos.
Nos anos 1486, algumas mulheres foram consideradas bruxas por serem hereges ou dominarem magias incomuns, mas também por suas atitudes contra o machismo reinante.
A maior inovação da obra do inquisidor naquela época, Institoris (Kraemer), foi justamente atribuir exclusivamente à mulher a condição de “bruxa”.
Antes da publicação do livro Malleus Maleficarum, ou O Martelo das Feiticeiras, e de posse da bula papal, ele havia empreendido esforços para processar mulheres suspeitas de bruxaria. Sempre é mais fácil atacar o fraco, o desconhecido, porque o covarde precisa justificar seus atos.
O inquisidor Institoris, durante um interrogatório preliminar, procurou conectar a mulher a um desvio sexual feminino e a bruxaria, e assim conseguiu justificar suas maldades obscenas, contra as criaturas desavisadas.