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Balneário Camboriú
Raul Tartarotti
Raul Tartarotti
Engenheiro Biomédico e cronista.
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Sonhos e olhares

A Cordilheira dos Andes guarda memórias que contam histórias peculiares, porque os incas que reinaram ali por séculos acreditavam que vulcões eram deuses com suas erupções extraordinárias, com sinais de fúria frequente, e aquele povo pensava que seria necessário entregar uma vida em oferenda para acalmar a ira do gigante do tamanho de uma montanha. 

Essa oferenda em forma de ritual se chamava Pachacoca que consistia em entregar jovens em sacrifício para o mundo das divindades.

Juanita foi uma delas que, há 600 anos, foi sepultada no pico de uma montanha com seis mil metros de altitude, cuja geleira conservou seu corpo, hoje exposto no Museu Santuários Andinos na cidade de Arequipa no Peru.

Lamentável decisão de uns poucos malucos sobre o tempo de vida de frágeis jovens das famílias da comunidade daquela época.

Penso em nossos ancestrais que estiveram por aqui 100 anos atrás, e que já estão no último estágio da viagem ao infinito, onde suas almas devem estar de butuca rindo do esforço que diariamente realizamos por aqui, para a noite simplesmente dormir. 

Ao menos desejo que você tenha sete horas diárias de paz entre travesseiros e lençóis, à espera.

Se os peruanos encerraram um ritual desagradável a seu povo, porque no Brasil ainda seguimos praticando comportamentos racistas muitas vezes criminosos?

Segundo pesquisa Datafolha, inédita, da série Afeto em Preto e Branco, foram obtidos dados com os brasileiros adultos, onde 85% deles afirmaram que a cor da pele não interfere em relacionamentos amorosos. 

Os 15% restantes pensam em oferecer o outro ao sacrifício de todos, talvez como os incas.

Um desses “diagnósticos do tempo” mais triviais e vulgares corre a conta da assertiva de que é o ritmo de nossos dias a causa do ser humano se encontrar assim doente. 

A culpa não é do ritmo, é o próprio ser que deseja acelerar antes, ao invés de pensar.

“Enquanto a média das pessoas se equilibra sobre supostas certezas, o filósofo encontra segurança em suas incertezas”(Lúcia Helena Galvão).

Um dia, vamos morrer, mas todos os outros não, por isso não consigo encontrar diferenças entre os que respiram igual a mim, que possuem sonhos e olhares semelhantes. 

A responsabilidade coletiva nos torna ainda mais eficazes no combate ao racismo e aos racistas. Frequentes mudanças promovem saudáveis ações.

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