O tempo não é visto pelo olho do homem, e como o passado teima em sussurrar, os mortos não estão tão longe assim, apenas logo ali, de algum outro lado. Eles estão juntos agora, nós é que estamos sozinhos desse lado.
Necessitamos proteção com alguém que possa nos amar, abraçar, encantar, ensinar a ser gente completa para seguir com segurança, como toda pessoa espera, com sua alma aberta e esperançosa. Podemos ser sozinhos juntos, e se você decidir tocar o mundo ou sua vida, já está de bom tamanho.
O passado, é um lugar perigoso, tantas decisões que não podem mais ser desfeitas, e tudo que ficou lá não deveria nos influenciar novamente porque agora são fantasmas. Nesse mundo conflitante nossa fome de vida leva um tempo para ser saciada. E uma busca intensa pode destruir nossos sonhos coloridos.
No século XIX, o trabalhador do Reino Unido, provocou danos avassaladores à sua saúde, na busca de sobrevivência, e de uma forma tão grave que imaginávamos que nunca mais se repetiria.
Nas fábricas de vidro, crianças de 8 anos tinham expectativa de vida no máximo até poucos 25. Nessa idade estavam famélicas, com pulmões comprometidos, tinham cólicas imensas, tudo como consequência do ar contaminado com as partículas tóxicas durante uma carga de trabalho de 10h diárias.
Nas olarias não foi diferente, além dos salários mirrados, os operários não adquiriam nada para seu prazer, por vezes usavam a mesma roupa por 9 dias seguidos, inclusive para dormir.
Esse esforço intenso vivido pelos que já se foram, é quase um lamento para que não se repita, porém, os últimos anos de pandemia trouxeram luz ao excesso de horas humanas a serviço de sua subsistência.
Longos turnos de trabalho surgiram durante a última peste, para aqueles que ainda mantinham seus empregos, porém, foram trabalhar em suas casas, onde os novos escritórios passaram a ser o endereço da firma.
Então surgiram os excessos de horas acordados(as), em prol de um trabalho sem fim, que acabou provocando afastamentos de suas atividades por transtornos mentais e comportamentais, conforme dados do Ministério do Trabalho e Previdência.
Essa hiperprodutividade ganhou nome de “Burnout”, descrita como a exaustão e agressão juntas no mesmo diagnóstico. “Os sintomas passam a interferir em todas as áreas da nossa vida. É como uma sensação de cansaço extremo, falta de energia e motivação para realizar tarefas diárias.”
Parece que as atividades estão sempre treze dias atrasadas, como o calendário Juliano em relação ao gregoriano, tamanha pressa e volume do que se empilha em casa.
O estresse em si não é ruim, mas se torna tóxico quando não se dissipa após o fim da situação estressante.
Temos que ter autoconhecimento de nossos limites. Só de birra não devemos deixar de fazer força na hora certa, e acabar por esquecendo o compromisso em respirar e abraçar quem precisa de atenção, porque tudo acontece mais uma vez, sem que saibamos a hora certa.