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Reumanizar do lado de fora

Raul Tartarotti*

Há poucos dias iniciou o Big Brother Brasil 21, muitíssimo popular em terras brasileiras. A maior rede de televisão, comanda o reality show, que dessa vez mostra em nossas telas, discussões muito quentes não resolvidas na sociedade.

Essa é a edição com maior número de participantes negros e LGBTs.
Dentre os 20 participantes, nove são negros e cinco declaradamente LGBTQIA+.

Eles discutem diariamente sobre racismo, homofobia e machismo.

Ao ver os vídeos com narrativa grotesca e tamanha argumentação pobre, cresce o lado miserável nas redes sociais.

Esse espelho do Brasil cotidiano, não melhora nossa convivência. Está servindo para intensificar as diferenças, e expor o real problema em que se encontra o preconceito, sobre essas pessoas, em nossa sociedade.

Jovens despreparados, sem relevância intelectual, fazem o jogo do big brother que, a meu ver, quer mostrar o quanto esses temas são mal discutidos e permanecem na boca do povo sem possibilidades de amenização.

Na contramão desse espetáculo de horrores, foi eleita em São Paulo, pela primeira vez na história do Brasil, uma vereadora transexual, negra. Herika Hilton, com 50 mil votos, foi a mulher mais votada na eleição em 2020. Ela pertence ao partido PSOL.

A bela, decidiu brigar pelos direitos de sua sexualidade, que giram em torno de muitas pessoas injustiçadas pelo preconceito cultural e sexual.

Corajosamente Herika Hilton, se apresenta no púlpito de sua assembleia, onde já criou aspereza, e foi criticada por parte de alguns adversários políticos.

Semana passada foi alvo de um ataque homofóbico, em seu gabinete, invadido por um mascarado, se dizendo contrário à permanência dela, na política.

Outra colega sua, a Carolina Iara, pessoa inter-sexo, sofreu atentado a tiros em frente à sua residência.

Essa dificuldade que elas têm de viver em paz, é muito parecida com que a comunidade LGBTI+, descreve quase que diariamente, não só nas grandes cidades.

Nas cidades menores, que historicamente são mais conservadoras, o número de casos é menos expressivo, mas acontece; muito porque, essas pessoas andam as escondidas, pra poder respirar.

A dificuldade de encontrar seus pares e ter uma vida plena, os torna reféns de comentários e desaforos diários.

O STF (Supremo Tribunal Federal) assinou a lei 33.889 em 2019, considerando a homofobia crime inalienável; e também qualquer ato de violência, em que seja caracterizado dano moral a terceiros.

Ficamos cada vez mais perplexos com indivíduos conservadores que se mantêm no poder político e econômico veiculando movimentos contrários à aceitação, de qualquer pessoa capaz, intelectual e politicamente, de circular livremente e assumir quaisquer que sejam os postos públicos.

No Brasil, o racismo estrutural ainda faz vítimas, apesar de ser considerado um crime inafiançável e imprescritível; quem praticou pode ser punido independente de quando cometeu o crime.

O BBB 21 dá ao Brasil um espelho que realça alguns de seus traços mais salientes. E o país parece que não está gostando de ver. Gargalhar de estremadas atitudes ridículas nesse reality show até pode, quem sabe, nos reumanizar aqui do lado de fora.

*Raul Tartarotti é engenheiro biomédico e cronista.

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