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Vivemos pelo que tomamos

Raul Tartarotti*

Na sociedade que circulamos lá fora, nos unimos a um grupo específico na cidade, onde está nossa família e amigos, e ali somos identificados pelos demais.

Mesmo com o caminhar em torno do vírus, nossos hábitos e forma de pensar nos levam a ser entendidos como fazendo parte da turma ao nosso redor, e por isso pensamos da mesma forma.

Escolhemos o que queremos ser, dentro das opções que nos oferecem é claro.

Dentro desse cenário, bem difícil é você querer estabelecer mudanças e novas relações sociais, a não ser que tenha estômago e muita fibra como as mulheres, os negros e os homoafetivos, que carregam em si temas discutidos e vistos todos dias nos jornais e TV.

O trabalho de uma mulher, por exemplo, nunca termina, frase proferida por diversas, que se encorajam a descrever suas posições no mercado de trabalho, mas também em casa.

Lembrei da figura Rose a Rebitadora, que foi uma personagem surgida durante a Segunda Guerra Mundial. O governo Americano criou essa personagem para encorajar mulheres a trabalhar em fábricas. Rosie aparecia em cartazes vestindo o macacão azul usado pelos homens, com o slogan: “Nós somos capazes”. Inspirando as mulheres a aceitar o desafio.

Mesmo após assumir o compromisso daquele árduo trabalho diurno, sua casa, à noite, esperava cheia de tarefas.

Essa luta feminina se mantém na tentativa de igualdade de ganhos e esforços. No Brasil da mordaça racial, encontramos Erika Hilton, uma vereadora que com sua dura batalha diária, está na câmara dos vereadores de São Paulo na luta pela aceitação de sua sexualidade, posição social e projetos de seus eleitores.

Ao invés de ser aceita pela competência política, pela força dedicada às lutas sociais de seus eleitores, necessita insistir na briga para vencer a homofobia dos conservadores de plantão e seus discursos retrógrados.

Nos EUA, pela primeira vez na história da justiça americana, um policial branco foi condenado por atos de racismo. Porque não só agiu agressivamente contra um negro, mas sua brutal atitude provocou a morte, demonstrando a posição extremista daquele policial.

Dezenas são os exemplos todos dias, dos que sofrem e clamam por justiça, dos que creem em uma sociedade igualitária, que seja aplicada ao grupo social que pertencem.

Essas narrativas, se mantém num estado permanente de discussão. É uma lamentável constatação, porque seguem sendo matéria jornalística frequente, e tema dessa crônica que vos deixo para reflexão. 

Nenhuma questão me traz mais tristeza quanto esse tema, e que necessito repetir por escrito meu pensamento com frequência. Poderíamos viver num estado de harmonia entre os diversos grupos sociais, que estão ao nosso lado, e não são de Marte como alguns insistem ao negar suas competências. Vivemos pelo que tomamos, mas pra sempre fica o que deixamos.

E quero manter meu melhor, visível, para ser aproveitado em algo útil ao outro, que segue com questões nada fáceis.

Quem sabe a peste ajude a mostrar que todos somos iguais por dentro, pois não faz distinção nenhuma, pois é o que nos importa enquanto caminhamos.

Nossos órgãos internos não têm raça, somente nossa sexualidade é distinta, e merece respeito. Nossas partes vitais trabalham em conjunto, para que estejamos vivos. Somos quase idênticos por dentro, por fora é que usamos máscaras.

*Raul Tartarotti é engenheiro biomédico e cronista.

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