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Balneário Camboriú

Peixaria Cultural comemora uma década de resgate das tradições dos povos originários de Balneário Camboriú

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Esta é a base do trabalho do coletivo Peixaria Cultural que, desde 2015 desenvolve projetos com foco no fortalecimento da identidade cultural dos povos que vivem em torno da pesca, reinventando os espaços urbanos com ocupações artísticas e registrando os saberes populares como meio de preservação da memória local.

O principal território de atuação do coletivo é o bairro da Barra e a região das Praias Agrestes, em Balneário Camboriú. Ao longo dos quase dez anos de atuação, o coletivo já desenvolveu diversos projetos, entre eles, o Pescador de Histórias, um registro por áudio, textos e fotos da história de alguns personagens referência da pesca local no bairro da Barra e Praias Agrestes, além do Cine Agreste, um cinema itinerante, realizado ao ar livre, que percorre também o bairro da Barra e Praias Agrestes, com uma mostra de produções audiovisuais regionais.

Livreto 2, Praias Agrestes (Foto Deborah Boeira)

Em 2024, iniciamos a elaboração do volume 02 do projeto, também com patrocínio da LIC, porém voltado para pescadores da região das Praias Agrestes.

O projeto principal da Peixaria Cultural é o Sarau da Tainha, um movimento cultural que tem como objetivo ocupar o espaço público com ações culturais, de maneira pacífica e diversa, fortalecendo as produções autorais regionais e disseminando o patrimônio imaterial que envolve a pesca artesanal catarinense.

O projeto Pescador de Histórias ‘Preservando a memória cultural dos pescadores de Balneário Camboriú’ teve sua primeira edição lançada em 2017 com foco na Barra e na semana passada, foi lançada a segunda edição, desta vez, com histórias dos pescadores das praias agrestes.

A equipe da Peixaria Cultural, Deborah Boeira e Douglas Gomes dos Santos. (Divulgação/Arquivo Pessoal)

Os idealizadores do projeto são Douglas Gomes dos Santos, pedagogo, articulador social e produtor cultural e Deborah Boeira, comunicadora social e produtora cultural.

Nesta reportagem Déborah contou um pouco sobre a história do coletivo, desafios e conquistas ao longo de uma década.

História do projeto Pescador de Histórias

Seu Pedro, da Barra (Foto: Peixaria Cultural)

“Em 2015 iniciamos o projeto Sarau da Tainha, que é um evento realizado na Praça do Pescador, bairro da Barra. 

O evento é repleto de momentos e um deles é um espaço para histórias de pescador. 

Na nossa cabeça conseguiríamos que os pescadores que estivessem ali pela praça, fossem até o microfone para contar um “causo”. Porém, vimos que ninguém queria participar. Quando fazíamos o convite eles topavam, mas não apareciam na hora do evento. 

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Então resolvemos gravar essas histórias e passar elas no dia do evento. Assim começamos um contato maior com os pescadores e algo nos intrigou: só os mais antigos contavam as famosas histórias de pescador. Aqueles causos que ninguém sabe se é verdade ou não, que geralmente envolve fatos inusitados como tubarão de um olho só, tainha de 30 quilos, barco salvo por um arco íris…e assim por diante”.

Primeira etapa do projeto

Livreto Barra, primeira etapa (Crédito: Peixaria Cultural)

“E foi a partir dessas conversas que constatamos esta quebra numa tradição que vem de gerações. Iniciamos uma prévia pesquisa sobre o tema e em 2017 foi desenvolvida a primeira etapa do projeto intitulado Pescador de Histórias ‘Preservando a memória cultural dos pescadores de Balneário Camboriú’, via Lei de Incentivo Cultural do município de Balneário Camboriú. 

O projeto consistiu na elaboração de um audiobook com as histórias de oito pescadores do bairro da Barra, considerado sítio histórico do município. 

O audiobook era um livreto com textos e fotos com o perfil de cada entrevistado, acompanhado de um CD com as histórias gravadas em áudio. 

Todo o conteúdo também foi disponibilizado em um site com o intuito de levar essas histórias para outros locais e propiciar que um novo público tivesse acesso a esse conteúdo”. 

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Segunda etapa do projeto

Seu Santo (Crédito: Brasil Imagens)
Seu Nilton e equipe (Crédito: Brasil Imagens)

“Em 2024, iniciamos a elaboração do volume 2 do projeto, também com patrocínio da LIC, porém voltado para pescadores da região das Praias Agrestes. 

Foram entrevistados sete pescadores, dois de Taquaras, dois do Estaleiro e três do Estaleirinho. Para esta edição não utilizamos o CD, pois quase ninguém utiliza mais. Apenas colocamos os áudios no site. Para facilitar o acesso, colocamos HR CODE no livreto para direcionar o leitor.

A escolha destas linguagens (áudio, texto e foto) foi pensada para elucidar a imaginação das pessoas, incentivando a fantasia e a visualização das histórias contadas de uma maneira próxima ao real, escutando a voz do pescador. Acreditamos que a escolha em realizar o registro por meio do áudio, enriquece a escuta e fortalece a história por si só. Também vale destacar que a ideia inicial era registrar histórias de pescador, mas percebemos a importância de registrar o perfil desses personagens, suas histórias de vida”.

Acervo cultural

“Enfim, essa é a pretensão do projeto Pescador de Histórias, apresentar esses personagens de uma forma mais profunda compartilhando não só os seus causos como também suas histórias de vida, além de trazer uma breve análise histórica e social das histórias de pescador como um bem do Patrimônio Imaterial regional. Acreditamos que desta maneira o projeto irá contribuir com o enriquecimento da memória e do acervo cultural da nossa cidade e também do estado de Santa Catarina”.

Diferenciais do projeto Pescador de Histórias

O projeto Pescador de Histórias foi pensado de uma maneira mais ampla, mas está sendo elaborado em etapas. Ainda pretendemos fazer o registro dos pescadores do Centro, para depois lançar um box com todas as edições juntas.

Outra ação prevista é uma exposição interativa com todo material coletado ao longo do processo de elaboração das edições do projeto. Temos um acervo fotográfico muito rico, áudios e muitas vivências que pretendemos organizar e propiciar o acesso ao público”.

Balneário Camboriú tem história

“A comunidade de Balneário Camboriú precisa conhecer sua história! Precisa entender ela para se sentir pertencente e querer preservá-la. 

Precisamos desconstruir essa ideia de que Balneário Camboriú é uma cidade pensada apenas para o turismo. Percebo que quando se pensa em destacar a cultura local, os pescadores artesanais, os engenhos de farinha, se pensa em algo voltado para o turista, em algo voltado para ganhar dinheiro. Quando o que precisamos é registrar essas pessoas, essas histórias para conseguir manter viva as tradições dos fazeres dos povos originários. O progresso está atravessando o rio e aos poucos desconfigurando o pouco que resta de toda uma história”.

Registros & Destaques

Seu Isaqueu, da Barra (Crédito: Peixaria Cultural)

“Na primeira edição do Pescador de Histórias conseguimos registrar a história do seu Isaqueu que, infelizmente, faleceu meses depois. 

Quando entregamos o livro para os familiares foi um momento de muita emoção, pois sua voz ficou eternizada. 

Sua história ficou eternizada, contada por ele mesmo.

Dona Rosinha, da Barra (Crédito: Peixaria Cultural)

Outro destaque é a história da dona Rosinha, uma das poucas mulheres pescadoras. Sua história é muito emocionante, pois seu marido adoeceu e ela não teve escolha, foi para o mar trazer o sustento para casa. Dona Rosinha, mesmo com muito sofrimento, não tira o sorriso do rosto.

Seu Romeu (Crédito: Brasil Imagens)

Já no volume 2 do projeto, entre tantas histórias, destaco a de seu Romeu. Nascido e criado em Taquaras, hoje um dos responsáveis pelo único rancho de pesca da tainha na praia de Taquarinhas. Um homem sábio, que tem o mar como o sentido da sua vida.

Seu Vilma do Estaleiro também foi muito emocionante de entrevistar. Suas falas trazem dores devido às mudanças que o local vem passando. Cada relato nos trouxe muita reflexão. Até que ponto estamos olhando para essas pessoas? Foram anos e anos praticamente isolados numa região de difícil acesso e hoje estão sendo engolidos por mansões e empreendimentos de alto potencial financeiro”.

Transformações&Progresso

“Produzir esse projeto é acumular uma bagagem de conhecimento que não tem como mensurar! Poder escutar a história desses locais e entender os detalhes das transformações que o “progresso” vem trazendo ao longo do tempo, eternizando essas pessoas, sem dúvida, é muito emocionante. Nós da Peixaria Cultural continuamos nossa jornada em busca de disseminar e fortalecer a cultura desses povos, utilizando as artes como ferramenta”.

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