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Executivos da JBS e da Aegea se dizem otimistas com ‘início de ciclo virtuoso’ no Brasil

Em meio a um clima de desconfiança do mercado em relação às contas públicas no Brasil, o diretor da JBS Wesley Batista, que é da família fundadora da empresa, e o CEO da companhia privada de saneamento Aegea, Radamés Casseb, falaram em início de um ciclo virtuoso no país em evento empresarial nesta segunda-feira (22) em São Paulo.

A visão destoa de diversos outros executivos ouvidos pela Folha na semana passada, que demonstraram cautela diante dos sinais de flexibilização do novo arcabouço fiscal e do acerto das contas públicas no país.

“Claramente o Brasil voltou a ser a bola da vez. E nós vamos ver, na verdade já estamos vendo, com a indústria automotiva e várias outras indústrias anunciando números vultuosos de investimento, acreditamos que vamos voltar a entrar naquele ciclo virtuoso que já vimos o Brasil no passado”, disse Batista durante o Seminário Brasil Hoje, organizado pela Esfera Brasil.

“Estamos bem otimistas com o Brasil. Estamos com planos de investimento robustos. Plano de investir R$ 50 bilhões e esse plano está caminhando”, disse em outro momento de sua fala.

Casseb também falou em ciclo de prosperidade no Brasil, com o novo marco do saneamento aumentando os investimentos e o acesso ao saneamento no país.

“Todos nós, públicos e privados, deveríamos estar focados em ampliar a crença no Brasil do futuro. Ampliar a crença de que cada um desses R$ 800 bilhões [de investimento previsto com o marco do saneamento] gerará um ciclo de prosperidade compartilhada de saúde, reduzindo o custo do Estado, de ampliação de riqueza”, disse o empresário no evento.

“Tudo isso é um ciclo de prosperidade, de virtuosidade, que vai ser, passo a passo, implantado no Brasil com o fortalecimento desse vértice no saneamento”, completou.

Casseb defendeu a participação do Estado no saneamento para atrair investimentos e ampliar a competição no setor, para gerar inclusão sanitária. O empresário citou como exemplo o papel do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) para “puxar as fábricas de projetos”.

No ano passado, o setor de saneamento foi o maior destino dos créditos do BNDES, com o banco participando de subscrições de debêntures, entre elas a da Aegea.

Também presente no evento, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD), corroborou com a visão de que o Estado tem que estar presente na atração de investimentos ao Brasil, e citou como exemplo os leilões de transmissão realizados pelo governo, que atraíram R$ 60 bilhões em 11 meses.

“Um país com a dimensão territorial do Brasil, com tantas desigualdades sociais, ele não pode ser um Estado mínimo, como pregava o ministro da Economia Paulo Guedes. Tem que ser um Estado que reconhece a necessidade do governo de cuidar da pessoas, com impulsos públicos e estimulando e criando um ambiente de segurança para atrair o capital privado”, afirmou Silveira a jornalistas.

Nos bastidores, executivos de grandes empresas brasileiras que estão no evento dizem entender que o otimismo de Batista e Casseb tem relação com a posição privilegiada que o Brasil tem no cenário global. No que diz respeito à política econômica, porém, o momento é de atenção, afirmam.

Empresários citaram incertezas sobre o ritmo de queda dos juros após o governo colocar em dúvida a trajetória fiscal no Brasil, com a meta de superávit podendo ser revisada no próximo ano. Se isso acontecer, fica mais difícil a situação financeira das empresas e impacta na atração de investimentos.


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