Balneário Camboriú teve 18 moradores que concorreram às eleições do último domingo (2), alguns deles candidatos à Alesc, outros à Câmara dos Deputados, porém somente o vice-prefeito, Carlos Humberto Metzner Silva conquistou uma vaga no Legislativo Estadual (confira a entrevista dele aqui).
A reportagem também conversou com alguns candidatos da cidade, que não se elegeram e que dividem suas opiniões sobre o pleito.
Acompanhe:
“Se eu tiver um grupo estruturado, posso vir [para prefeito]”

Lucas Gotardo, vereador de Balneário Camboriú; foi candidato a deputado estadual pelo Novo e fez 10.947 votos
“Obviamente eu acreditava que ia ganhar as eleições. Foi por pouquíssimo que não entrei – 1.447 votos, mas entendo que é o momento que a gente vive, mais uma vez veio uma onda avassaladora, e respeito a vontade das pessoas. Temos que aceitar e respeitar. A gente sempre fica chateado, óbvio, porque dei o meu melhor e, modéstia à parte, fiz um excelente trabalho como vereador. Sou dedicado e amo o que faço, mas entendo que as pessoas preferem que eu fique aqui no município.
Recebi muitas mensagens de apoio, mais do que eu esperava, inclusive de pessoas de outros partidos, que falam que eu tenho perfil para ficar aqui no município, para futuramente ser prefeito.
Vou me condicionar para isso. Se eu tiver um grupo estruturado, posso vir [para prefeito], mas há uma vontade, sim.
A vereador de fato não sou mais candidato, isso já está definido. E lá na frente a gente vê como estaremos.
O foco agora é voltar para a Câmara, já retorno segunda que vem (dia 10), preciso dar atenção para a minha cidade, há muitas coisas pendentes, a fiscalização do Rio Camboriú continua, tenho que cuidar das minhas pautas de fiscalização e me preparar lá para frente”.
“Sinto que é uma obrigação que tenho nessa vida”

Marisa Zanoni, professora universitária e ex-vereadora; foi candidata a deputada estadual pelo PT e fez 7.826 votos
“Tive a alegria em poder participar, mesmo com todas as adversidades eu e o partido nunca fugimos da luta, com esse outro olhar que temos sobre a realidade. Representamos uma parcela da população, jamais deixamos de estar do lado da justiça social, da democracia, do combate à violência e contra o pensamento ultraconservador que se instala em nossa sociedade.
Sinto que é uma obrigação que tenho nessa vida, me sinto muito convocada nesse sentido, de pensar na política humanizadora e também no lugar das mulheres.
O foco é observar a realidade de SC e de Balneário Camboriú, onde temos um poder muito forte das igrejas, e é assustador esse avanço da extrema-direita e do poderio econômico em torno disso, com candidatos que você não conhece e que tem votação expressiva na cidade.
É um chamamento para nós todos, e eu me sinto muito desafiada a fazer esse enfrentamento sempre.
Saio tranquila diante do esforço do coletivo que está comigo, seguimos fazendo frente na região da AMFRI e de Balneário, onde moro há 30 anos.
A tarefa que me é colocada é vir na próxima eleição municipal, não posso me recolher, fiz quase 8 mil votos, não é pouca coisa. E, mais do que isso, defendo que política é lugar de mulher, seguiremos levantando bandeiras para que mulheres e meninas sejam ouvidas e representadas, para tornar a política de Balneário com diálogo, respeito a diferentes opiniões e apoio nas lutas de minorias. Sigo na campanha para Décio e Lula no 2º turno, seguindo na política de Balneário Camboriú.
“Estou satisfeito por ter feito o meu papel”
Kita Xavier, engenheiro e presidente do Crea-SC, foi candidato a deputado federal pelo Podemos e fez 7.097 votos

“Fui candidato representando o setor tecnológico, a engenharia, agronomia e geociências catarinenses. Minha proposta era (e continua sendo) trabalhar pelas demandas da categoria e qualificar tecnicamente o Congresso. Os eleitores e, principalmente, os profissionais da área não entenderam assim.
De qualquer forma, estou satisfeito por ter feito o meu papel, de parar de reclamar e colocar o meu nome à disposição da sociedade.
Infelizmente não foi o resultado esperado, mas, certamente, foi uma grande experiência. A candidatura foi baseada naquilo que acredito: na gestão técnica e por competência. Volto à presidência do Crea-SC, onde sigo no trabalho sério e ético, comprometido com os profissionais e com a sociedade de Santa Catarina”.
“Estou orgulhosa do trabalho limpo que fizemos”

Ciça Müller, empresária, foi candidata a deputada estadual pelo PDT e fez 2.271 votos
“Embora não tenhamos ganho a eleição, ficamos entre os 10 mais votados da cidade. Os outros nove, ocupam ou já ocuparam cargos públicos. Nunca ocupei qualquer cargo público e esta foi a minha primeira campanha eleitoral.
Estou orgulhosa do trabalho limpo que fizemos e feliz com as pessoas que confiaram em mim.
Nossa estratégia ampliou nossa atuação para as regiões do Vale do Itajaí e Litoral Norte. Visitamos cidades onde não havia candidato local, como foi o caso de Barra Velha, Rio dos Cedros e Tijucas, porém não atingimos o resultado esperado.
Quanto a Balneário Camboriú, por ser nossa cidade de origem, foi onde tivemos melhor resultado. Mesmo assim, devido ao tempo exíguo da campanha, não pudemos dedicar a energia que gostaríamos.
Nossa cidade conta com mais de cem mil eleitores – mas, nas abordagens pessoais, muitos com quem conversamos, não votam aqui. Tudo isso impacta no tempo/abordagem.
Penso que nossa cidade, comportaria tranquilamente 2 deputados. Concorri com figuras experientes em campanhas e que já tiveram visibilidade por estarem em mandatos ou por já ocuparem cargos de destaque na administração pública. Eu trabalhei apenas com a minha história voluntária de dedicação à cidade. Agora pretendo honrar os votos conquistados para pensar novos projetos em prol de Balneário Camboriú e região”.
“Eu acredito que consegui levar minha mensagem”

Marcelo Achutti, vereador de Balneário Camboriú, foi candidato à deputado federal pelo MDB e fez 4.948 votos
“Acredito que Balneário Camboriú ganhou, tendo um deputado estadual. É importante. Poderia ter mais do que um, mas voltamos a ter uma representação política na Alesc.
Na Câmara Federal tivemos candidaturas na cidade, esperávamos um resultado um pouco melhor, mas eu estou contente, porque fiz uma eleição sem recurso, com muito pouco, e outras candidaturas foram milionárias, teve candidato de nossa região que ganhou mais de R$ 800 mil de fundo eleitoral e fez uma votação pequena pela quantidade de recurso. Eu acredito que consegui levar minha mensagem para a sociedade de Balneário Camboriú, onde de fato trabalhei, o que eu desejaria representar e quais eram as demandas que Balneário tinha e tem.
Um dos exemplos é que buscava criar um escritório de projetos para captar recursos para Balneário Camboriú e região, que Balneário poderia captar mais de R$ 100 milhões em emendas que viriam para os hospitais Ruth Cardoso, de Camboriú, Marieta e Pequeno Anjo.
Agora é o momento, pós-eleição, onde fazemos reflexão. Eu já voltei para a Câmara de Vereadores, volto ao meu papel de vereador, meu futuro político não sei, o futuro a Deus pertence… mas o meu objetivo agora é terminar meu mandato como vereador de Balneário Camboriú”.
“Saímos da urna maiores do que entramos”

Allan Müller Schroeder, funcionário público, foi candidato a deputado federal pelo PDT e fez 5.859 votos
“Como primeira candidatura, nosso projeto foi às urnas para defender um legado. O legado do PDT em Balneário Camboriú e a história do Trabalhismo brasileiro também em Santa Catarina, com as ideias de Getúlio Vargas e Leonel Brizola. Naturalmente também para servir de palanque para a candidatura presidencial de Ciro Gomes na região e em todo o estado.
Por conta da polarização e do enxugamento eleitoral do Ciro em razão do voto útil, também nossa candidatura ficou limitada eleitoralmente, mas mesmo assim cumpriu o propósito político e ainda foi a candidatura mais votada do partido no estado para deputado federal e dos nomes da cidade fomos o segundo mais votado.
Fizemos votos em todas as regiões. Saímos da urna maiores do que entramos, para poder continuar a defender a existência de um Projeto Nacional que promova a ruptura do modelo econômico liberal que jogou o Brasil no caos econômico e político, além de um Projeto Municipal que tenha na ampliação da educação integral para os filhos de trabalhadores sua principal bandeira. Fizemos e continuaremos fazendo política por causa e não por dinheiro ou cargos”.