Denominar o futuro novo município de Atlântida foi uma proposta lançada em 1962, que desapareceu rapidamente quando os políticos descobriram o significado da palavra…e a primeira comparação com Copacabana aconteceu em 1975. Muitas outras curiosidades e informações podem ser conferidas no Balneário Camboriú: Formação Social, Econômica e Política II (1973/1982), o segundo livro de um projeto que pretende resgatar (e registrar) a história da cidade até o final do século 20, de autoria do jornalista e historiador Nildo ‘Bola’ Teixeira.
O lançamento do volume II vai acontecer na próxima quinta-feira (27), às 19h, na roda gigante de Balneário Camboriú.
“São praticamente seis anos de pesquisa sobre a cidade”, comenta o autor que usa como metodologia a pesquisa dos jornais em circulação no período histórico abordado, além das atas da Câmara de Vereadores e entrevistas de personagens que viveram a cidade durante este tempo.
A ideia original é de lançar três volumes. O primeiro lançado em 2020 abrange o período de 1928 (construção do primeiro hotel na orla da praia) a 1972.
Este segundo a década 1973/1982 e um terceiro volume com as mudanças que aconteceram em função da Constituição de 1988.
“Mas para isso é preciso o apoio para o período de pesquisa”, afirmou Bola Teixeira. Por ser um período que exige pelo menos três anos entre pesquisa, texto e revisão o custo de produção exige mais recursos financeiros.
Esta semana, Bola Teixeira falou à jornalista Marlise Schneider Cezar, sobre sua obra, os desafios que enfrentou, as tantas histórias que pesquisou e sua expectativa com o novo livro, Acompanhe:
JP3 – A história de Balneário Camboriú é recente, ainda é comum ouvir por aí que o município não tem ‘história’. O lançamento do segundo volume de uma série de três que registram o desenvolvimento da praia, responde a eventuais questionamentos sobre esse assunto?
Bola – Quem diz que BC não tem história na verdade não sabe o que fala, talvez por achar que BC nasceu no presente ou por rejeição ao passado, o que considero grave.
JP3 – Escrever sobre a história, reunir informações, fatos, foi difícil ou há bastante registros disponíveis?
Bola – Muita informação. Projetei neste volume chegar até 1988, mas o livro ficaria muito volumoso. Por ser uma história recente, tenho a oralidade dos personagens ainda vivos como aliada.
JP3 – A colaboração maior veio de registros, papéis, documentos ou de pessoas que fizeram parte desta história?
Bola – Por ter a formação – na prática – no jornalismo meu ponto de partida aos fatos são as notícias dos jornais que circularam no período pesquisado.
JP3 – O que mais impressionou nessa busca de registros no período pesquisado e agora divulgado neste segundo volume?
Bola – O descaso do Estado com relação a BC foi determinante para o atraso na infraestrutura da cidade. O que mais me impressiona é o sambaqui de Laranjeiras que não se dá o devido valor.
JP3 – Entre as descobertas, queriam dar o nome de Atlântida para a praia e arrepiaram com o significado da palavra…
Bola – Que maluquice, não é? Foi uma informação isolada que achei no ‘O Sol’ ou no ‘A Nação’, não me recordo. Coloquei a título de curiosidade…
JP3 – A praia se tornando uma opção no turismo nacional …
Bola – Fato. Os anos 70 foram de descoberta do destino turístico no âmbito nacional com reportagens especiais nos jornalões do eixo Rio/São Paulo.
JP3 – A inauguração do Imperador, o edifício mais alto de Santa Catarina, com seus 24 andares…até o prefeito H.Schultz construir o Imperatriz…
Bola – Schultz tem sido uma história para o bem e para o mal. Merecia uma biografia. Não é lembrado pela oficialidade atual. Tem praça com nome de cachorro e nem uma viela com o nome do Harold.
JP3 – A Estrada Panorâmica da Costa Brava até Laranjeiras…
Bola – O Meirinho foi um prefeito diferenciado do ponto de vista administrativo, realizou diversas coisas peitando quem viesse contra, como a alemoada proprietária dos terrenos de frente pro mar. A estrada foi o esboço da Interpraias. Politicamente, Meirinho foi um desastre, perdeu todos seus apoiadores udenistas.
JP3 – Abertura da Quarta Avenida, praticamente deserta, tinha mais sítios que estrada…
Bola – A Quarta foi aberta de forma precária. Destaco a visão do véio Macita que instalou a Camvel quando a Quarta era muito longe de tudo, praticamente deserta…
JP3 – A explosão do comércio na praia e junto a exploração do turista também são assuntos no livro…
Bola – A exploração do turista foi uma característica de BC toda temporada era a mesma coisa. Na invasão dos argentinos até criou-se uma frase de reação a exploração do comércio “eu não sou argentino”
JP3 – Os terríveis anos de falta de água e luz na temporada…
Bola – Falta de água acontecia em todas as temporadas de verão, energia idem é o que falei da infraestrutura, a cidade não arrecadava o suficiente e ficava refém do Estado.
JP3 – Qual foi a repercussão do primeiro volume, que nem foi lançado há três anos por causa da pandemia?
Bola – A edição praticamente esgotou em três anos. Foi muito gratificante ouvir histórias do tipo moradores das antigas debaterem o passado cada um com seu livro na mão. Também de circular exemplares para várias cidades do país.
JP3 – A pandemia continuou ‘atrapalhando’ as buscas para o segundo volume, porque a cidade estava ‘fechada’ assim como seus moradores trancafiados em suas casas…
Bola – Foi um período bem difícil com os arquivos abrindo exceção para que eu entrasse, de levar ata da Câmara pra casa claro que devidamente protocolado (agradeço ao Omar Tomalih) e de personagens que poderia ouvir todas enclausuradas. Foi bem difícil…
JP3 – Qual a expectativa com relação ao segundo volume?
Bola – Apesar de achar o volume 1 mais encorpado, o segundo tenho recebido retornos bem legais de personagens que viveram o período pesquisado. E também a ajuda do Tanaquinho que aponta alguns erros que passaram na revisão. Impresso não é digital… não tem como voltar atrás, apagar e substituir…
JP3 – O terceiro volume já está no forno?
Bola – O terceiro…vou dar um tempo para projetos com tempo de duração mais curtos, estou debruçado em duas biografias, mas se eu conseguir que mecenas me sustentem, volto aos ácaros…(risos)
JP3 – Espaço aberto…
Bola – Agradecer sempre a Unipraias, Chico Silva e seus irmãos, ao Conselho Municipal da Criança, Big Wheel, Camvel, ao Cláudio Fischer sempre parceiro, ao Gil Koedderman outro parceirão, JMP na figura do Fabiano e ao meu desafiador de tudo isso, Fernando Delatorre.
Onde comprar
O segundo volume pode ser adquirido na Livraria Capsula localizada entre as ruas 941 e 971 em Balneário Camboriú, no Museu da Imagem e do Som (Rua 700), na Banca da Danny, no Meschke da Avenida do Estado ou direto com o autor para quem mora em Balneário Camboriú.
Serviço
- Livro: Balneário Camboriú: Formação Social, Econômica e Política II (1973/1982)
- Autor: Nildo Teixeira
- Tiragem: 1 mil exemplares
- Páginas: 320
- Editora: Publixer
- Preço: 50 reais