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Escritor de Balneário Camboriú lança livro que une fantasia e ficção científica

O entrevistado desta semana do Página 3 é o escritor catarinense Elton Rodrigo Riffel, servidor público da Justiça Federal, casado e pai de três meninos, que vive há cinco anos na Praia de Taquaras, em Balneário Camboriú, onde procura envolver a família em atividades comunitárias, especialmente as relacionadas à educação infantil. 

Rodrigo é autor do livro ‘Acrópole: Uma expedição no Porvir’, que  apresenta uma distopia pós-apocalíptica, de tirar o fôlego. 

Na obra, ele busca imaginar o planeta Terra habitado por mais uma espécie humana.  Isso mesmo – o Homo sapiens tendo que dividir o mundo com uma nova espécie de seres humanos mais aprimorados, nas capacidades intelectuais e físicas. 

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O autor do recente romance de ficção científica garante que muitas mudanças já estão aí e ocorrem de forma silenciosa. 

Acompanhe:

JP3: Como começou a sua trajetória na literatura? Há quanto tempo escreve?

Elton: A atividade de escrever tem acompanhado minha vida profissional nos últimos 20 anos, na área jurídica e quando fui professor em cursos de graduação e pós-graduação. Mas a escrita literária, propriamente dita, é algo novo. Era algo que até passava pela cabeça, mas eu não avaliava seriamente, porque eu considerava bastante desafiadora a ideia de retratar personagens, seus anseios, frustrações e, ainda, conseguir manter o interesse dos leitores pela trama. Acredito que o acontecimento marcante, que despertou verdadeiramente a intenção de entrar no mundo da literatura foi a paternidade. 

JP3: A paternidade? Por qual motivo?

Elton: No convívio com meus três filhos pequeninos, eu me descobri um contador de histórias. Percebi que tinha alguma facilidade em descrever cenários, personagens, preparar os momentos de tensão, concluir com reviravoltas… Em nosso lar, busco fazer contações estonteantes com pausas emblemáticas e consigo a atenção do meu público (risos). A partir daí, eu escrevi para meus filhos uma História em Quadrinhos denominada: Capitão Tarrafa: o defensor dos oceanos, que traz elementos socioculturais da Praia de Taquaras, como a pesca da Tainha, as benzedeiras, além de elementos de educação ambiental. 

Teve mais um acontecimento ligado à paternidade que despertou meu interesse em escrever um romance. Em algum momento, eu me surpreendi pensando em como ficaria orgulhoso se um dos meus filhos conseguisse escrever uma prosa literária. Isso é típico dos pais, essa coisa de projetar desejos pessoais nos filhos. Eu refleti um pouco mais e contive esse pensamento. Os filhos não precisam e não devem carregar o fardo de preencherem as falhas de biografia dos pais. O mundo já é suficientemente complexo. Concluí que seria mais adequado que eu mesmo tentasse realizar o objetivo e deixar para eles mesmos a escolha de seguirem os próprios caminhos.

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Elton com os filhos Gustavo e João Vicente gêmeos de 1 ano e 4 meses) e Theodoro (5 anos) (Foto Arquivo Pessoal)

JP3: Quais escritores e histórias mais te inspiraram? Considerando que há tantas obras fantásticas que unem fantasia e ficção científica…

Elton: A produção cinematográfica de ficção científica sempre aguça os nossos sentidos, especialmente quando se faz o paralelo entre o futuro e os dilemas éticos do presente. Nessa perspectiva, eu gostei das propostas dos filmes Elysium e Interestelar, além da série Black Mirror.  

Como leitor, eu sempre preferi os romances literários históricos e outros livros que se propõe a analisar a humanidade em uma perspectiva global, como foi o caso dos três livros de Harari. Foi deste autor, no livro Homo Deus, que veio a inspiração para escrever Acrópole.  

Como eu me propus a escrever ficção científica, naturalmente, eu passei a ter contato com outras obras do mesmo gênero. Aí também está uma das belezas de ler. Você não precisa ficar restrito a um único estilo literário e você descobre que pode gostar de muitos outros também. É o que os clubes de livro/leitores também têm revelado. 

Tenho recebido de alguns leitores amigos devolutivas de que o meu livro ficou sui generis, porque é ficção científica futurista, ao tempo em que possui linguagem literária clássica, fruto das minhas inafastáveis influências como leitor de romances históricos.  

(Arquivo Pessoal)

JP3: No mundo moderno, com as escritas mais dinâmicas pelos aplicativos de smarphones, acredita que existe público para uma história futurista narrada em  linguagem literária mais refinada?

Elton: Eu penso que sim. As pessoas passam o dia lendo mensagens rápidas e com abreviações, em linguagem muito direta, nas relações de trabalho. Eu acredito que elas podem acabar encontrando entretenimento, em ler texto com algumas palavras mais poéticas, que tentem imprimir os sentimentos com mais riqueza semântica. 

Não se trata de “cultismo às palavras”, mas apenas aproveitar a variedade e a riqueza do nosso idioma.  Às vezes, existem movimentos artísticos que contrariam as tendências. Em 1978, Mark Knopfler compôs a muito conhecida canção Sultans Of Swing, tocada pela banda Dire Straits. A música foi lançada em uma época em que Rock and Roll estava em uma fase de pedais, pedaleiras e distorções de guitarras. Essa música surgiu surpreendendo o mundo da música, com uma guitarra limpa e o guitarrista tocando sem palheta, dedilhando difíceis frases de jazz, blues e country.  

A arte tem seus caminhos. Há espaço para as diversas manifestações artísticas.    

JP3: Poderia discorrer em linhas gerais sobre a trama?

Elton: Sim. No futuro, o mundo passa a ser coabitado por duas castas humanas, separadas por diferenças biológicas nas habilidades intelectuais e físicas. Os novos humanos são o resultado dos aprimoramentos na engenharia genética na medicina reprodutiva. Eles não se reconhecem mais como pertencentes à espécie Homo sapiens, mas sim a nova espécie Homo perfectum e preferiram se isolar em uma desenvolvida colônia, protegida por grandes muralhas, de onde passaram a exercer o domínio do mundo em um reduto de paz e tranquilidade, com os recursos da inteligência artificial e da engenharia robótica. 

Sete sapiens de diferentes cantos de uma Terra arruinada foram convidados para uma expedição a esse local, tendo a oportunidade de conviver por algumas semanas com seus habitantes e conhecer a sua organização.

Mas a coabitação planetária entre diferentes espécies humanas é marcada por tensão e conflitos éticos. O desejo de busca da retomada da dominação do mundo pelo Homo sapiens é inevitável. Vale a pena conferir o que vai acontecer… (risos). 

JP3: Com base no seu livro e tudo o que vem acontecendo no mundo quando o tema é evolução tecnológica (como bem mostra a série Black Mirror e o próprio avanço da I.A.) como você vê o nosso futuro?

Elton: A rapidez dos avanços tecnológicos do mundo da não ficção fez com que alguns dos episódios da série Black Mirror ficassem superados pela realidade. E, de fato, a complexidade das transformações têm tornado as expectativas cada vez mais incertas. O cenário do livro retrata o resultado do uso irrefreado da biotecnologia e da inteligência artificial, ou seja, o uso sem as regulamentações éticas mais amadurecidas. 

Quando olhamos para o momento atual, constatamos que a humanidade está mesmo adentrando em territórios cada vez mais desconhecidos, em diversas áreas: medicina reprodutiva, manipulação genética de alimentos, experimentos na busca da imortalidade, substituição do trabalho humano por algoritmos, controle dos sentimentos por ingestão de substâncias químicas…   

O romance traz uma distopia, sendo uma criação artística com algumas permissões literárias, além de distinções espaciais e orgânicas bem delimitadas, revelando que o enredo seja, talvez, uma demonstração caricata de transformações que poderão acontecer de maneira mais sutil, mas nem por isso menos preocupantes. É difícil antever e fazer projeções, mas é importante considerar e refletir esses temas e indagar até onde queremos chegar.

JP3: Como é o seu contato com o público, seus leitores? Já que há muitos fãs de ficção e fantasia…

Elton: O mercado editorial está passando por um processo de grande transformação. Estamos vendo grandes livrarias e editoras decretarem a falência, ao mesmo tempo em que pequenos prestadores de serviços editoriais estão se fortalecendo. 

Nesse contexto, os escritores também estão modificando a sua postura em relação aos leitores. A divulgação da obra é um trabalho de formiguinha, feito, dia a dia, em pequenos movimentos. Por isso, é muito comum a interação do leitor com o autor do livro. Eu tenho conversado, diariamente, com pessoas conhecidas e desconhecidas para tratar sobre determinados capítulos do livro ou cenas específicas. É um contato muito valioso, em que o próprio autor acaba até alcançando contextos que nem tinham sido concebidos, quando do processo de escrita.

JP3: E como vê o incentivo à literatura em Balneário Camboriú? De alguma forma a cidade te inspirou na hora de escrever?

Elton: O livro foi escrito na Praia de Taquaras. É fruto da cidade de Balneário Camboriú.  Existem boas iniciativas no lançamento de editais de incentivo à cultura, o ônibus “Conta pra mim” que trabalha na divulgação literária infantil. Mas, como morador e artista, fico com a sensação de que a cidade tem mais potencial para verdadeiramente respirar a cultura, no teatro, música, dança, literatura, artes plásticas etc.  É um município economicamente pujante, que possui impressionante arrecadação em impostos municipais (IPTU, ITBI e ISS) decorrente do forte crescimento imobiliário. É sempre esperado que o investimento em cultura esteja à altura do desenvolvimento econômico.

(Arquivo Pessoal)

O livro de Elton está disponível na Livrarias Catarinense, no Balneário Shopping, em Balneário Camboriú e online pela Amazon (inclusive em versão e-book, para o Kindle).

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