Os bondindinhos que faziam o transporte de turistas e moradores de uma ponta a outra da praia, entre as duas principais avenidas da cidade, Atlântica e Brasil, não voltarão a circular.
Depois de décadas, eles pararam quando a pandemia começou e logo depois, os veículos foram leiloados pela Expressul, empresa que tocava o serviço e também os coletivos da cidade.
Desde então a prefeitura está pesquisando um novo coletivo turístico para substituir o mais antigo equipamento turístico da praia.
Estudo em andamento
O diretor-presidente do BC Trânsito, Ricieri Ribas, explica que o Bondindinho parou de circular, porque estava vinculado à concessionária que ‘abandonou’ o serviço em Balneário.
“Estamos fazendo uma análise, o BC Trânsito e a Secretaria de Turismo, para termos um equipamento substitutivo, mas mais moderno, que atenda a população turística e munícipes, mas com uma mobilidade mais prática, tecnológica e que não cause tanto impacto no trânsito”, diz.
Segundo Ricieri, o estudo está ‘correndo’, mas demanda tempo, tramitação de editais [ele terá uma licitação própria, independente do edital que prevê contratação urgente de transporte público] e também precisa ser encaminhado ao Tribunal de Contas do Estado – a análise do TCE costuma demorar cerca de 60 dias.
“Não sabemos se vamos conseguir lançar esse transporte para a temporada de verão, pode ser que aconteça. Estamos unindo forças para isso, mas não temos como estipular prazo neste momento. Mas podemos antecipar que ele circulará pela Brasil e Atlântica e estamos prevendo estendê-lo aos limites do município, pela Estrada da Rainha até a Praia dos Amores”, acrescenta.
Por mais de 60 anos…
Na edição de número 29, de 7 de fevereiro de 1992, o Página 3 publicou uma reportagem sobre os 30 anos do Bondindinho, que começou assim:
“Em 1962, quando Waldemar Campos, o velho Baturité, instituiu o primeiro bondindinho (era o único transporte para chegar em Itajaí ou para se deslocar na praia) não imaginava que 30 anos depois, ele continuaria sendo a única opção para as pessoas se locomoverem dentro de uma cidade de 40 mil habitantes e que chega a 300 mil na temporada (…)”.
Quando começou ele era um ônibus, mas não era um transporte regular. Em meados da década de 70 ele foi vendido para a empresa Chicrem Boatim, que transformou o ônibus em opção turística.
No início da década de 80, ele foi comprado pela Manchester Empreendimentos Imobiliários, que pertencia ao então prefeito Harold Schultz. Foi então que o Bondindinho ganhou as características que manteve até dois anos atrás, com carroceria aberta.
Com cara de turismo…
Em 1986, o Grupo Tedesco comprou o Bondindinho. O empresário Júlio Tedesco se inspirou em um modelo que viu em Guarapari, comprou quatro carrocerias novas e melhorou o aspecto do equipamento.
Na época, o gerente da empresa Vilmar Machiavelli (Cri) comentou na reportagem publicada em 1992 que “o Bondindinho faz parte da história da cidade e que Júlio Tedesco havia imaginado o equipamento como uma opção de lazer para a criançada (por isso os bancos eram estreitos), com som da Xuxa e tudo, mas acabou se transformando numa opção para todos”.
Mais de duas décadas depois, o Grupo Tedesco vendeu os Bondindinhos para a Auto Viação Praia/Expressul.
“Nós criamos ele com cara de turismo, porque o Júlio Tedesco tinha essa pegada, essa visão… o Bondindinho para ele era uma atração turística assim como o camping, depois teleférico, marina, tudo inédito, tudo pensando no desenvolvimento do turismo”, disse Cri no início deste mês, quando relembrava a história deste equipamento turístico.
Reclamações
Nos últimos anos, havia bastante reclamações sobre o fluxo lento do Bondindinho na temporada, e também porque ele não tinha ponto, parava em qualquer lugar quando alguém acenava.
Depois que foi criada a ciclofaixa na avenida Atlântica, a prefeitura demarcou pontos no asfalto para o Bondindinho parar na beira mar, principalmente para evitar acidentes, já que as pessoas embarcavam e desembarcavam dentro da ciclofaixa
Cri Machiavelli continua trabalhando no Grupo Tedesco e acredita que atualmente qualquer transporte em uma cidade adensada como Balneário Camboriú, precisa ter uma calha própria.