- Publicidade -
22.1 C
Balneário Camboriú

O poder da arte na transformação do reciclado

Artistas de Balneário Camboriú e região e suas incríveis artes com sustentabilidade

- Publicidade -

O lixo que não é lixo pode virar obra de arte. Ele está espalhado pelo planeta e, apesar do apelo incessante sobre a destruição da natureza pelas mãos do homem, estas mesmas mãos também podem provocar essa transformação. 

Neste Dia Mundial da Arte, celebrado em 12 de agosto, a reportagem trabalhou para mostrar essa realidade que vai ganhando força no mundo. Cada dia mais pessoas que possuem o dom da arte estão investindo em obras com sustentabilidade.

Em Balneário Camboriú não é diferente. A arte com materiais reciclados tem muitos adeptos e está produzindo obras de relevante importância para todos nós. O espaço está aberto. Recentemente Balneário Camboriú ganhou sua primeira galeria sustentável, uma iniciativa da artista Arlene Dellatorre, uma apaixonada por esta arte diferente que pode ajudar a mudar a consciência sobre este grave problema de consequências irreparáveis na vida do homem.

Nesta reportagem especial, a opinião de artistas que trabalham com material reciclado para produzir sua arte. Acompanhe:

Salve os Oceanos: artista Arlene Dellatorre inaugurou galeria sustentável em Balneário 

(foto Renata Rutes)

A artista Arlene Dellatorre realiza desde 2006 o seu projeto ‘Salve os Oceanos’, conhecido na cidade principalmente pelas obras feitas com as rolhas recolhidas do Réveillon de Balneário Camboriú. A novidade é a sua galeria sustentável, inaugurada em 19 de julho e localizada na Rua Uganda, no Bairro das Nações, entre as avenidas do Estado e Martin Luther. 

A artista sempre teve o sonho de ter a sua galeria, até então tinha somente o ateliê [que funciona agora no mesmo espaço], mas nunca tinha surgido a oportunidade, até que apareceu a casa de dois andares que agora é sua galeria. O imóvel, que possui mais de 40 anos, foi reformado, desde telhado, como paredes internas [precisou ser adaptada]. 

“O projeto é feito para conscientização ambiental e social, mas eu mudei um pouco a minha forma de pensar, eu não imaginava antes que iria vender as minhas obras e agora, pela primeira vez, na galeria estou vendendo. Vejo agora que um quadro na parede de uma casa, de um condomínio, de uma empresa, vai trazer ainda mais consciência, porque é feito de recicláveis e ninguém diz que é, porque é lindo”, diz. 

Projeto ambiental e social

Com as vendas dos quadros, Arlene pretende transformar 20% do valor em cestas básicas para serem encaminhadas para quem precisa, já que o Salve os Oceanos é um projeto de cunho ambiental e social. 

“É um tipo de arte diferente, tem um diferencial muito grande! Comecei ainda em 2006, coleto meus materiais por tudo, desde vidros quebrados que as vidraçarias me repassam, porque cortam e sobram, e me mandam sem custo. O pessoal que recolhe materiais também me repassam plástico, e eu pago! Sempre digo que vou pagar porque é o trabalho deles. Tampinhas, garrafinhas. As rolhas eu pego da praia, infelizmente todo Ano Novo eu tenho muito material, coletamos todos os anos. No último, 2020/2021, recolhemos três mil rolhas, mas é muito pouco considerando tudo o que é deixado”, conta. 

A galeria de Arlene abre de segunda a sexta-feira das 14h às 18h e a entrada é 1kg de alimento não perecível que serão repassados para entidades que precisam. Escolas e grupos também podem agendar visitas. A artista está também com uma exposição permanente que pode ser conferida no Oceanic Aquarium, o aquário de Balneário Camboriú, sempre com peças novas, a mais recente é a sereia brasileira Iara, um ícone do folclore.


Artista Nivaldo Kloppel utiliza recicláveis para retratar a natureza brasileira 

(Arquivo Pessoal)

Nascido em Blumenau, o artista Nivaldo Kloppel produz esculturas desde criança. Há 17 anos passou a utilizar apenas madeira reciclada, como árvores caídas ou trazidas pelo mar até a praia. 

Desde 2007 utiliza em suas obras ainda outros materiais, como recicláveis. Morador de Navegantes, ele é o diretor técnico da Fundação Cultural da cidade. 

“Vejo que o Brasil não dá muita importância para o Dia Nacional da Arte, de cada 100 pessoas uma deve dar atenção, infelizmente nem nas escolas falam sobre, a maioria nem sabe sobre a data”, analisa. 

O artista opina que o litoral catarinense possui muitos artistas bons, mas que falta incentivo dos governos municipais. 

“Na área das artes visuais não dão muita atenção”, afirma. Autodidata, Kloppel trabalha com materiais reciclados em suas esculturas, tendo como objetivo conscientizar que o ‘lixo’ na realidade não é lixo. 

“É reutilizável se a gente quiser e é esse conceito que tento repassar. A consciência ambiental realmente está em falta, acredito que as crianças da geração atual talvez vão fazer alguma mudança, mas o adulto de hoje não tem mais remédio, os que comentam é porque a mídia impõe, mas não valorizam a reciclagem”, opina. 

Nivaldo está com a sua exposição ‘Terra Brasilis’ na Biblioteca Central da Univali, em Itajaí, que pode ser visitada até dia 26, de segunda a sexta, entre 7h30 e 22h. 


Escultor Pita Camargo está ‘reciclando’ paralelepípedos 

O escultor Pita Camargo, 55 anos, é morador de Gaspar, onde tem ateliê. Ele começou na arte aos 11 anos, desenhando, e então em 1986 com suas esculturas, as quais segue fazendo até hoje. 

Pita é destaque no cenário estadual e nacional e já expôs suas obras em circuitos internacionais. Mais recentemente, ele começou a ‘reciclar’ paralelepípedos fazendo deles cubos polidos, dentre outras formas, como esferas e triângulos. 

“Eu normalmente trabalho com esculturas muito elaboradas, vazadas, etc., e com o paralelepípedo tenho a oportunidade de trabalhar com essa que é uma matéria-prima histórica, que está aqui desde os imigrantes. E essas pedras estão sendo descartadas, estão sendo retiradas para serem trocadas por asfalto. Em Blumenau retiraram todas as da Rua XV e eu peguei algumas e usei para fazer esses cubos, reinventando uma pedra milenar de forma minimalista, de uma pedra bruta transformei em uma ponta de um cubo bem polido”, conta. 

Pita salienta que o seu trabalho, que para ser feito precisa, literalmente, ‘quebrar pedras’, é focado também no resgate de algo cultural – em Balneário Camboriú haviam pedreiras. 

“É um trabalho que está sendo perdido, e saber criar em cima de pedras é algo que não deveria deixar de acontecer, é preciso saber reaproveitar e valorizar estruturas simples que estão sendo descartadas. Comercializo esses cubos, muita gente gosta, porque é uma pedra assinada por mim e uma escultura mais acessível”, diz. 

O escultor considera o Dia da Arte uma data muito importante e salienta que a arte é o seu ‘objetivo de vida’. 

“O artista é artista porque quer se expressar, por ter uma ânsia muito grande de se comunicar. O artista faz o seu trabalho por si, mas quando consegue interagir com o público, ele então está comunicando o que quer falar, é quando o ‘start’ verdadeiro acontece. Fico muito feliz pelo Página 3 lembrar dessa data. Precisamos valorizar mais as obras de arte, com mais diversidade e expressão em espaços públicos como fachadas de prédio e praças públicas”, completa.


Lilian Martins

Artista plástica e diretora da Fundação Cultural

Lilian e Pita Camargo (Arquivo Pessoal)

“Tempos atrás o Pita e eu fizemos um curso de cantaria – curso de quebrar pedra, ofício de nossos antigos broqueiros.

O Pita começou a perceber o material que é removido e descartado e que pode ficar 500 anos na estrada sem desgastar. Quando lapidado fica muito lindo.

Também tivemos uma exposição muito badalada na Galeria Municipal, a ‘Transmutare’, da qual participaram muitos artistas.

Como artista, penso que todo material tem um potencial expressivo. Seja um material bruto, novo, ou aquele que já teve uma funcionalidade. A Lígia (minha irmã) enxerga nas tampas um ponto de cor. O Pita (meu marido) vê nas pedras da calçada, um material perene, durável. Cada artista encontra o  material que concorda com seu processo criativo, e muitas vezes o próprio material é o disparador deste processo.

Talvez em alguns casos, nem seja uma reciclagem,  mas uma resignificação”.


Caroline Albuquerque (Carole)

Designer de moda por formação, amante da gastronomia, do mar, do canto, da dança e tudo o que faz seu coração vibrar. 

“Explorar a potência das matérias é o que me encanta! Seja folha seca no chão, roupas velhas, restos de tinta… Os insumos do mundo nos rodeiam e são repletos de memórias: daqueles que plantaram, colheram, transportaram e transformaram em algo que queremos consumir até o momento que deixam de ser desejados como objetos funcionais. 

Onde muitos vêem descarte eu vejo um mundo de possibilidades. Este encantamento por matérias primas me acompanha há um bom tempo, mas ficou mais evidente durante a faculdade de moda. 

Esse despertar chegou primeiro por questão financeira mesmo, de não ter grana de comprar matérias primas novas e simplesmente olhar para o que tenho em mãos e inventar algo novo. 

No segundo grau, nas feiras de ciências do colégio ao invés de vulcões e batatas que geram eletricidade eu estrelava com as coleguinhas o desfile “Do Luxo ao Lixo”. 

Já nos idos de 2007, cursando Design de Moda, descobri o eco-design que abraçava todo esse universo dos 3R’s (reduzir, reutilizar, reciclar, lembra?) então, descobri o up-cycling, que significa um novo ciclo, envolve processos de desconstrução que acho super divertido: pensar o objeto descartado fora da função original. 

Profissionalmente trabalhei na área cultural, com figurinos teatrais e, de novo, a desconstrução e o reuso eram como uma varinha mágica diante de parcos recursos financeiros e muito a se fazer. Se tornou natural para mim olhar o que sobra e visualizar novos usos. E ainda tinha uma vantagem a mais, de obter texturas exclusivas e incríveis. 

Quando falamos de reuso também falamos de memória afetiva, de cuidar com mais carinho do que nos fez feliz e foi um presente de uma avó, por exemplo. 

Gosto de garimpar em brechós, sem dúvida, os têxteis são minha paixão, tanto que faço deles meu papel de desenho, literalmente. De uma capa de sofá “velha” de brechó, fragmentei vários pedaços (páginas) que serviram de forro para minha mesa de pintura, depois apliquei um lettering e pronto! Nasceram novas pinturas! O ciclo é infinito, ao melhor estilo da mãe Terra, onde nada se desperdiça. E para encerrar não posso deixar de usar a máxima: “não é velho, é vintage” 🙂 

  • Dicas extras para curiosos no assunto incitados por esta que vos fala: sugiro pesquisar por sashiko, biomimética; permacultura; economia circular. Um livro para ler: “Os casacos de Marx” de Peter Stallybrass. Um brechó para visitar : aquele mais perto de você!

Lígia Spernau

Artista plástica 

“Em 2012, na exposição da artista Lilian Martins, minha irmã, participei como convidada com duas obras, “Ex-tampa” e “Ex-tinta”, resultado de composição com tampas plásticas e tubos de tintas vazios. 

A partir desta divertida experiência de transformar objetos descartados em expressão artística, iniciou-se o Projeto Ex-tampa, que tem o objetivo de repassar conceitos de arte, redução, reutilização, reciclagem, respeito à vida, meio ambiente e ao Criador.

Hoje a produção de brinquedos educativos e material didático para a ministração das aulas no Instituto Mira-Pepe ( instituto_mira ) e na ASEA (asea.semeadoresdoamor) são quase 100% de reutilização. Nas atividades são exploradas as cores, formas e texturas, estimulando a criatividade e a expressão,  tendo    excelentes resultados.                Acreditamos que tais resultados carreguem o significado de que há sempre novas possibilidades para aquilo que aparentemente já cumpriu sua função. Com esse olhar, nossa vida ganha valor e são ativadas a fé e a esperança”.


Juliana Schuh (Bemdizerhh) 

“Comecei a trabalhar com materiais reciclados em 1998 na faculdade de Artes Plásticas. Hoje eu faço quadros com MDF de reuso que recolho nas lixeiras das fábricas de móveis. 

De acordo com a norma NBR 10.004/2004, da ABNT, que trata da definição e classificação dos resíduos sólidos, os de MDF são classificados como Classe I – Perigosos.

Eles podem conter resinas sintéticas e, além disso, o material pode ser tratado com produtos halogenados, antifúngicos, tintas, vernizes, adesivos e revestidos de plásticos e PVC, o que inviabiliza a sua utilização como combustível em quaisquer condições de queima. 

Os quadros que eu faço são todos pintados em MDF de descarte. 

Inspirada na natureza e em boas energias, tenho muita satisfação em criar os quadros da Bemdizerhh e poder transformar um material que era lixo em arte.”

  • Os trabalhos podem ser vistos no Instagram bemdizerhh e na feira de rua Brava Mix todos os domingos das 9h às 18h na praia Brava Itajaí.

Cristina Vasselai

Formada em Administração e MBA em Marketing, designer gráfica, começou sua jornada autodidata pelo mundo das artes desde que se mudou para Balneário Camboriú (Taquaras), em 2014. É hoje uma das poucas artistas brasileiras que trabalham com esse tipo de arte 

“Trabalho com Sea Glass, que é o vidro que as pessoas jogam no mar e o mar e a mãe natureza muito generosa lapida e devolve para as praias. Garimpo esse material na praia e faço quadros.

Já fiz exposições e participei de outras. A última foi no CIC em Floripa em dez/2019 a Jan/2020

Nas minhas caminhadas matinais na praia chamaram atenção uns vidrinhos coloridos. Através de pesquisas, encontrei a resposta: era o vidro do mar (Sea Glass), um “lixo” trazido pelas marés, lapidado e acariciado pelas ondas e areia do fundo do mar. 

Estes pedacinhos de vidro encontrados na areia da praia se tornaram uma fonte de inspiração.

Comecei fazendo pequenos quadrinhos para turistas hospedados em um hotel na praia de Taquaras. O trabalho chamou a atenção nas redes sociais. 

Em 2016 participei de uma coletânea de artistas blumenauenses para customização de uma ‘arvore de papelão’. Depois o convite para uma exposição própria. 

Desafios transformam as pessoas, fazem crescer e evoluir e foi isso que aconteceu. 

Com muito treino e persistência veio a evolução de novos trabalhos, mas com a mesma essência, no mesmo material “Sea Glass”. 

Sea Glass também foi o nome da primeira exposição em novembro de 2016 em Blumenau, levando para fora de Balneário Camboriú o conhecimento desse material e das possibilidades de transformar este “lixo” em arte.

O poder de transformar o olhar e ver em uma pedra ou em um pedaço de vidro uma nova forma e uma nova vida, é retribuir para a mãe natureza tudo aquilo que ela nos dá: o mineral que transformamos em vidro que usamos de diversas formas e depois simplesmente descartamos. Novamente a mãe natureza vem e nos dá uma lição: lapida esse “lixo” e nos devolve. Cabe a nós abrirmos nossa mente e nossos olhos para novas possibilidades.

“Também trabalho com placas, frutos de um trabalho voluntário que fiz com as crianças da CEM Taquaras. Esse foi um dos projetos mais lindos que já fiz. Renderam muitos frutos e depois disso as pessoas começaram a fazer pedidos quase que direto. Também começou com lixo, cuidado com a restinga e com o meio ambiente. 

Sou a prova viva de que o “lixo” pode transformar a sua vida”.


Rosane de Melo Rönau Hadlich

Designer de interiores, pós graduada em Arquitetura e Designer para o mercado de luxo e artesã

Remo descartado pelo pescador (Arquivo Pessoal)

Hoje trabalho com madeira de barcos reformados e remos com alguma avaria, madeiras encontradas na praia, redes de pescadores que uso como embalagem. Garimpo o material nos ranchos de pesca do nosso litoral e na Barra também.

A importância de aproveitar esse material que viraria lixo, primeiro é tirar das praias, terrenos baldios, das ruas,  conservando o meio ambiente. O segundo é materializando a nossa historia, preservar nossa cultura local.  

Uma vez eu li que a madeira reutilizada por nós artistas já faz parte de uma geração. Na primeira geração ela era uma árvore. Na segunda geração ela foi um barco, um remo e na terceira ela está virando uma singela arte, uma decoração com historia.

Foi a partir de 2018 que comecei a pegar material na praia, madeiras e fui vendo que tinha pedaços de remo, comecei a visitar os ranchos de pescadores, encontrei muito material. Resolvi tirar esse material da praia e transformar em peças decorativas.

O que motivou a trabalhar com reciclado? Veio da minha família, já fui educada com esse olhar e também o reaproveitamento, sustentabilidade. 

O artesanato e a arte sempre fizeram parte da minha vida. Na adolescência eu usava fios de cobre descartados pelas empresas de telefonia quando faziam manutenção, eu fazia pulseiras e também decorava canetas Bic para vender no colégio. 

Profissionalmente trabalho desde 2001, montei um atelier e comecei a observar que as pessoas jogavam fora disco de vinil, CD, comecei a juntar esse material, pintava os discos, fazia mandalas e juntava semente das ruas e produzia mandalas em cima desse material. O mesmo aconteceu com as lâmpadas que eu transformava em personagens, pintava. Também utilizei muito pote de sorvete para fazer bolsa de praia. 

  • As pessoas podem conferir na Feira da Cultura aos sábados, na Feira Online da Fundação Cultural e nas redes sociais

Patrícia de Jesus

(arteiras por opção)

(Arquivo Pessoal)

“Sou arteira há mais de 20 anos e desde 2017 trabalho com fio de malha. Um resíduo da indústria têxtil que é reutilizado 100%. Transformando com a técnica do crochê “um material que iria para o lixo” em versáteis peças de decoração e organização para vários ambientes.

Transformo o resíduo da indústria têxtil em cestos organizadores, tapetes e puff.

Esse material é encontrado de modo mais selecionado nas lojas de aviamentos e de maneira mais bruta direto com distribuidores em galpão onde fazem a separação do resíduo e o preparam para o mercado.

Hoje trabalho em dois pontos de exposição e vendo da minha arte aos sábados na feira da Praça da Cultura em BC e aos domingos na melhor feira de rua da região o Brava mix na Praia Brava.

O Arteiras por opção começou com o incentivo e ajuda da minha irmã Araceli de Jesus e minha mãe Maria Evani de Jesus e até hoje são minhas grandes incentivadoras.

Textos: Marlise Schneider Cezar e Renata Rutes

- Publicidade -
- Publicidade -
- publicidade -
- Publicidade -