Todos os anos, em véspera de temporada, aumenta o número de moradores de rua em Balneário Camboriú. Este ano, por causa da pandemia, este número não parou de aumentar e vem chamando atenção da população.
O Página 3 vem recebendo seguidos questionamentos sobre a quantidade de pessoas em situação de vulnerabilidade, que ficam dormindo nas calçadas, pedindo esmolas nos sinaleiros e usando drogas. São pessoas que perderam seu emprego, ou dependentes químicos e entre eles, foragidos da justiça. Não passa uma semana sem que a Guarda Municipal prenda foragidos que se ‘escondem’ nas ruas da cidade.
Nova campanha
Para tentar reverter essa situação a prefeitura lança na próxima quarta-feira (15) a campanha ‘Sua esmola me mantém na rua’, que contará com um reforço de 100 agentes sociais atuando no Resgate Social, departamento responsável pela abordagem aos andarilhos.
A secretária da Inclusão Social, Christina Barichello, explica que para executar a nova campanha serão contratados mais 100 agentes sociais, que vão reforçar a atual equipe, formada por 75 pessoas.
“Eles vão trabalhar em turnos, na rua estarão 150 agentes, que se dividirão ao longo do dia, atuando 24h todos os dias da semana, incluindo domingos e feriados”, conta.
Segundo Christina, hoje há em Balneário cerca de 240 pessoas em situação de rua, e o diferencial é que mais de 70% desses andarilhos estão pela primeira vez na cidade.
“Eles se comunicam, vivem em grupos, mesmo que estejam sozinhos vivem em lugares semelhantes. Por exemplo, o cara de Curitiba avisa para o cara de São Paulo que ficou sabendo que em Balneário a comunidade ajuda com esmola, e vem migrando”, diz.
Esmola não é a solução
A ‘peça chave’ para o aumento da população de rua em Balneário é exatamente a esmola.
A secretária salienta que há moradores de rua que conseguem ganhar R$ 300/dia.
“Se a esmola servisse para ajudar eles a fazerem uma vida decente e digna seria ok, mas não, eles utilizam o dinheiro para comprar drogas. Dessa forma, a vida da pessoa nunca vai ser elevada. Por isso, pedimos que não deem comida e esmola. Não é por questão de maldade, inclusive a prefeitura dá marmita para eles. Temos que fazer eles voltarem para suas famílias ou tratarem a dependência química. Hoje há 40 pessoas em tratamento através da prefeitura, e custa R$ 2 mil cada pessoa”, conta.
Com a campanha, que seguirá durante todo o verão, o Resgate Social focará em rondas em pontos fixos e ainda materiais visuais em restaurantes, hotéis e atrativos turísticos, para que os turistas também entendam que não devem dar esmola para as pessoas em situação de rua.
“Não podemos tirar eles da rua forçadamente, eles têm direito de ir e vir, mas podemos tornar o local ‘não favorável’ para eles ficarem, que é não dando esmola. Quem dá esmola é a mesma pessoa que reclama quando é importunada. A esmola traz tráfico, roubos e outros crimes. O certo é, quando for abordado, oferecer ligar para o 156. Não dar esmola não é negar auxílio, a solidariedade é encaminhar para o serviço certo, e em Balneário é o Resgate Social”, completa.