A Secretaria da Inclusão Social está retomando aos poucos as oficinas que funcionam na Casa da Mulher e do Voluntário e a secretária da pasta, Christina Barichello disse que muitas pessoas estão procurando, porque querem socializar, encontrar pessoas, mesmo que à distância.
“Temos várias em andamento e cada semana estamos aumentando as opções. Mesmo com limite de vagas, por causa da pandemia, a procura é grande, porque dentro da pandemia tem uma outra pandemia que é a solidão, a falta de convívio social. Em Balneário Camboriú muitas pessoas moram sozinhas e nas oficinas tem oportunidade de encontrar, socializar, mesmo sem abraçar e mantendo todos os cuidados”, colocou Christina.
Oficinas de Línguas, Ginástica, Acupuntura, Hipnose, Tai Chi Chuan, Pilates, Fortalecimento Muscular, Reiki, Violão são algumas que já estão em andamento.
Na próxima semana, reiniciam as oficinas Mães de Anjos e de Fibromialgia, que começaram em 2019. Elas são administradas pelo psicólogo Douglas Branco de Camargo, formado pela Uniavan e atualmente cursando Doutorado em Educação (Qualidade de Vida) pela Unoesc.
A Mães de Anjos acontece às sextas-feiras, às 10h. A Oficina de Fibromialgia às sextas-feiras, às 9h.
A reportagem conversou com Douglas que explicou quais os objetivos e como funcionam estas duas oficinas. Acompanhe:
Mães de Anjos busca recuperar qualidade de vida
“É uma reunião de mulheres que perderam um filho ou mais. Elas descrevem a morte desse filho como o acontecimento mais doloroso da sua vida. Tem uma mãe no grupo que perdeu quatro filhos, de maneiras diferentes, em épocas diferentes. Tem outra senhora que perdeu o filho, depois o esposo e agora durante a pandemia ela perdeu uma filha e uma neta. O sofrimento vivido por estas mães, independente da idade dos envolvidos, é algo dilacerante, é algo intensamente dolorido, porque não é o curso natural da vida. A morte de um filho, segundo elas relatam, é algo absurdo, porque há uma vinculação afetiva dos pais aos filhos muito intensa e todos projetam em seus filhos um futuro de continuidade. Quem gera um filho não imagina que isso possa acontecer consigo e cada pessoa reage de modo diferente, mas a mãe vê a sua vida arruinada, seu equilíbrio emocional derrubado, o que causa grande desequilíbrio ao desenvolvimento humano destas pessoas. Sofrer esta violência mexe na identidade pessoal destas mulheres. Muitas vivem o luto de modo muito doloroso, com muita tristeza, medo, até como culpa às vezes, tipo ‘e seu eu tivesse evitado que meu filho fizesse tal coisa…’, detalhou o psicólogo.
Dores acolhidas & Cumplicidade
Ele segue dizendo que no grupo é trabalhado o ciclo do luto, todas as dores são acolhidas, mas as manifestações dolorosas persistem.
“O grupo tem uma gestão de acolher a dor individual pelas demais que tiveram a mesma perda. Assim construímos uma cumplicidade no grupo e a partir desse entendimento, promovemos atividades de qualidade de vida, discutimos o assunto e tentamos vencer, dia após dia, a perda, sempre buscando qualidade de vida. Muitas são encaminhadas para outras oficinas, terapias individuais, na maior parte, elas estão bem psicologicamente fazendo outras atividades pilates, ginástica, acupuntura. Também trabalhamos a sistêmica familiar no grupo, porque o pai é mais inibido, muitos são mais duros, até para apoiar essa mãe e a mulher geralmente é muito forte e consegue equilibrar a vida familiar. Então o trabalho ali desenvolvido ultrapassa as paredes daquele lugar e chega a mudar a vida das pessoas na sua casa, na sua estrutura familiar, isso é muito gratificante”, afirmou Douglas.
As dores da Fibromialgia
“A Fibromialgia é uma síndrome que se caracteriza por muitas dores nos músculos, no esqueleto, com sintomas de cansaço, fadiga, alterações cognitivas, emocionais, e quando se tem dor, há prejuízos no funcionamento. Muitas pessoas são afastadas do trabalho, do convívio social. Há muitos relatos de dificuldades de fazer a higiene pessoal, até lavar o cabelo, levantar o braço…Este grupo é caracterizado por pessoas que têm o diagnóstico e os prejuízos estão sempre relacionados a fatores psicológicos, biológicos e sociais. O diagnóstico é algo dificil, e acomete 5% da população e exige um tratamento multidisciplinar com médico, fisioterapeuta, educador fisico, psicólogo…É um trabalho muito importante e como psicólogo me identifico muito, porque tenho o diagnóstico de Fibromialgia, então quando um paciente relata algum acontecimento relacionado à doença, a essa síndrome, me identifico e acolho muito, porque também tenho, faço manejo das minhas dores, é muito importante poder ajudar as pessoas com a minha profissão”, disse o psicólogo.
Inscrições
As inscrições para estas duas oficinas e as demais estão abertas na Casa da Mulher e do Voluntário, na Rua 2850, 303. É necessário levar RG e comprovante de residência. Mais informações: Secretaria de Desenvolvimento e Inclusão Social (47) 3344 2559