Nesta madrugada de terça-feira (31) mais de 30 pessoas em situação de rua chegaram em Balneário Camboriú, pela BR-101, vindos de Itajaí, informando que teriam sido expulsos da cidade pela Polícia Militar. A Secretaria de Inclusão Social de Balneário Camboriú não aceitou e as pessoas foram ‘reacolhidas’ pela Assistência Social itajaiense.
“Podiam ir para o inferno ou para Balneário Camboriú”
Segundo a secretária de Inclusão Social de Balneário, Christina Barichello, por volta das 3h desta madrugada a equipe da Abordagem Social de Balneário a procurou, informando que uma ‘excursão de mendigos’ estava vindo para a cidade, através da BR-101.
“Fui ao local, comecei a fazer a abordagem com a nossa equipe. Algumas das pessoas estavam machucadas e disseram que tinha uma tal operação da Polícia Militar, com sete viaturas, e citaram um policial de Itajaí chamado Tadeu. Teriam batido neles com cacetetes e fizeram eles virem em fila indiana para cá. Teriam falado para eles que podiam ir para o inferno ou para Balneário Camboriú, mas que não aparecessem em Itajaí”, afirmou.
Desde o início do atendimento Christina tentou contato com a Assistência Social de Itajaí, mas somente às 8h30 uma equipe da prefeitura da cidade vizinha veio a Balneário Camboriú para buscar e ‘reacolher’ o grupo.
“Foi uma coisa que eu nunca presenciei. Eles estavam em mais de 30 pessoas, entre 21 e 58 anos, todos dependentes químicos. Alguns tinham carrinhos de recicláveis, disseram que havia pessoas que estavam tão machucadas que não conseguiram chegar em Balneário. Tem imagens de viaturas escoltando eles para fora de Itajaí. Eu disse que só sairia dali quando a Assistência Social de Itajaí viesse para fazer o acolhimento”, acrescentou.
A secretária disse que acredita na versão apontada pela prefeitura de Itajaí – que não sabiam da tal operação realizada pela Polícia Militar, já que de fato não é comum uma atitude como essa por parte de um departamento de Inclusão e Assistência Social.
“É visível o aumento da população de rua na região, mas não é admissível a ‘importação’ de pessoas em situação de rua. Cada cidade tem o seu problema, mas eu acredito que a Assistência Social não sabia disso, porque vai contra qualquer política de inclusão e assistência. É um trabalho exaustivo que exige dedicação e agir dessa forma não é justo – todas as políticas sociais têm custo elevado, tanto financeiro quanto de tempo dos agentes sociais”, pontuou.
Christina disse que procurou o Comando da PM de Itajaí e que foi informada que a ‘ordem’ da tal operação não saiu do Comando.
“Fui informada que iriam averiguar e que tomariam providências administrativas e legais. Citaram esse Tadeu, que seria um PM de Itajaí”, completou.
Prefeitura de Itajaí se pronunciou
Através da assessoria de comunicação, a Secretaria de Assistência Social de Itajaí informou que desconhecia o ocorrido e que a equipe municipal de abordagem social não atendeu o grupo que se encontrava na rodovia federal. Agora pela manhã, ao tomar conhecimento do caso pela imprensa, a equipe trabalhou para esclarecer a situação, deslocando uma equipe ao local para apuração e dar os encaminhamentos necessários.