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‘Quem esconde tem dano na imagem’, diz especialista em governança sobre demissões no Itaú

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(FOLHAPRESSS) – As empresas sempre procuraram esconder escândalos corporativos temendo que eles atrapalhassem os negócios e a sua imagem perante os “stakeholders” -setores com interesses na atividade da empresa, como consumidores, funcionários, governo, fornecedores e acionistas.

Mas os tempos mudaram e hoje, com a facilidade e rapidez com que informações e boatos são compartilhados, o melhor para a empresa é que ela mesma venha a público esclarecer os fatos, diz a psicóloga Betania Tanure, 62, especialista em comportamento organizacional, sócia da consultoria BTA Associados. “É o que os alemães chamam de ‘zeitgeist’, algo como espírito de época ou sinal dos tempos. É uma mudança de postura na média das organizações brasileiras.”

Foi o que aconteceu com o Itaú Unibanco nesta semana, segundo ela. Na terça-feira (3), o banco demitiu o seu principal executivo de marketing, Eduardo Tracanella, com 27 anos de casa, após investigação sobre uso indevido do cartão corporativo. Na madrugada deste sábado (7), divulgou ata de assembleia geral em que afirma que Alexsandro Broedel, ex-principal executivo de finanças do grupo, violou políticas internas e a legislação ao agir em “grave conflito de interesses e em benefício próprio”, ao realizar pagamentos a uma empresa de contabilidade da qual seria sócio indireto.

A especialista -que já atuou como professora convidada da escola de negócios francesa Insead, da britânica London School of Economics e do programa de MBA executivo Trium, vinculado à Universidade de Nova York- comenta a reação do Itaú, embora deixe claro que não conhece detalhes de nenhum dos dois casos que vieram à tona na última semana.

Folha – Em geral, as empresas procuram esconder escândalos corporativos. Mas o Itaú veio a público na última semana falar sobre dois casos envolvendo altos executivos, que integraram o comitê executivo e eram sócios do banco. Como interpretar esse movimento?*

*Betania Tanure -* É o que os alemães chamam de ‘Zeitgeist’, algo como espírito de época ou sinal dos tempos. É uma mudança de postura na média das organizações brasileiras. As empresas perceberam que o melhor é que elas mesmas venham a público esclarecer os fatos, que muitas vezes saem com versões distorcidas. Hoje a rapidez com que as informações são compartilhadas é muito grande, melhor que a companhia se posicione desde o início para evitar especulações ou que seja mal interpretada. Quem esconde tem dano na imagem.

*Folha – Os casos que emergiram esta semana tratam de comportamentos que o banco não considerou adequados às suas regras de compliance. O fato de os casos estarem relacionados ao alto escalão da companhia passa que tipo de mensagem para os funcionários em geral?*

*Betania Tanure -* Primeiro quero esclarecer que não conheço detalhes de nenhum dos dois casos, soube apenas pela imprensa. Dito isso, o banco está procurando deixar claro para a própria equipe, e para a sociedade em geral, que o que é certo, é certo, o que é errado, é errado. Não existe dilema quando se tem ética. Existem normas a serem seguidas dentro das organizações, do chão de fábrica até a presidência. É maravilhoso que um grande grupo aplique isso para o alto escalão, indica que ele não tolera ‘jeitinhos’, algo muito peculiar do comportamento brasileiro. Isso aumenta a reputação da companhia.

*Folha – Nos dois casos, os executivos tinham um longo período de casa -Tracanella trabalhou no Itaú por 27 anos e, Broedel, por 12. O banco indicar que executivos tiveram comportamento inadequado depois de uma década pelo menos de casa não parece falta de controle ou de comunicação?*

*Betania Tanure -* Eu posso falhar por ignorância, porque não sabia das regras. O papel da empresa é informar as normas e o do executivo é cumpri-las. Por isso existem processos de compliance, para que não hajam acusações arbitrárias, envolvendo tanto a conduta do executivo quanto a da empresa.

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Do ponto de vista da companhia, é preciso colocar luz sobre o que não funciona, para que comece a funcionar. Já foi constatado que, quando se melhora a iluminação de uma região com alto índice de criminalidade, os crimes diminuem. Nas empresas, é a mesma coisa. É preciso jogar luz sobre os processos. Se você está em conformidade com o que eu exijo, você fica. Se você não está, você sai. Não existe um meio-termo. Não dá para dizer que cumpre as regras, mas faz um negocinho aqui. Ou que cumpre as regras, mas faz uma engenharia tributária ali.

*Folha – Esse parece ser justamente o ‘jeitinho brasileiro’, de cumprir as regras, mas ao seu modo em particular.*

*Betania Tanure -* Um grande grupo vir a público tratar dessas questões é muito bom não só para a companhia, mas para o Brasil, que vive sob essa sombra do jeitinho, se apegando a atributos relacionais para ganhos pessoais nas diferentes esferas, pública e privada.

A verdade é que se eu, profissional ou empresa, sou honesto, não tem dilema ético. Não importa se eu ganho R$ 4.000 por mês ou R$ 40 milhões no ano.

O dilema só existe se as minhas convicções não são fortes. Se um profissional não tem discernimento para entender os seus limites dentro de uma empresa, das duas, uma: ou ele não tem competência ou não tem caráter. De qualquer forma, ele não deveria estar ali.

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