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Quem foi São Jorge, celebrado por católicos como santo guerreiro

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Conhecendo Santa Catarina

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(Rafael Cardoso/AB) – Uma hora antes do sol nascer no horizonte carioca, às cinco horas da manhã, um grupo de fiéis católicos começa o dia em Quintino, bairro da Zona Norte da capital fluminense, para prestigiar a tradicional queima de fogos em homenagem a São Jorge. É o início oficial do dia dedicado ao personagem, feriado em alguns locais do país, como é o caso do estado do Rio de Janeiro.

Na crença católica, São Jorge é considerado padroeiro dos cavaleiros, soldados, escoteiros, esgrimistas e arqueiros. Ou, de forma mais popular, como o santo guerreiro. Para os devotos, simboliza um guia contra as dificuldades da existência humana, aquele que ajuda na luta contra o mal, ou contra os diferentes problemas do plano terreno e sobrenatural.

Essa ideia é explicitada no site do Vaticano, em verbete que se refere ao santo.

“Como acontece com outros santos, envolvidos por lendas, poder-se-ia concluir que também a função histórica de São Jorge é recordar ao mundo uma única ideia fundamental: que o bem, com o passar do tempo, vence sempre o mal. A luta contra o mal é uma dimensão sempre presente na história humana, mas esta batalha não se vence sozinhos: São Jorge matou o dragão porque Deus agiu por meio dele”, diz o texto.

Apesar da força no catolicismo, há outras vertentes do cristianismo que o consideram santo, como a Igreja Anglicana e a Igreja Ortodoxa. Também para alguns seguidores de religiões de matriz africana, como a umbanda e o candomblé, há um comportamento de respeito.

O perfil de guerreiro, daquele que supera todas as dificuldades, é uma das explicações para a popularidade de Jorge, segundo o escritor, professor e historiador Luiz Antônio Simas. No ano passado, ele publicou o livro infantil O cavaleiro da lua: Cordel para São Jorge.

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“São Jorge pertence ao rol do que eu chamo de santos do cotidiano. Aqueles dos milagres diários. Existem santos que você não evoca para os perrengues do dia a dia. Existe uma categoria que é invocada para resolver problemas imediatos. Como Santo Expedito, das causas urgentes. São Jorge é um santo da rua”, diz Simas.

Fiéis lotam a igreja de São Jorge, em Quintino, na zona zorte do Rio de Janeiro em comemoração ao dia do Santo.
Fiéis lotam a igreja de São Jorge, em Quintino, na zona zorte do Rio de Janeiro em comemoração ao dia do Santo Foto de Arquivo/Tomaz Silva/Agência Brasil.

Origens da fé

A historiografia não identifica um conjunto de documentos que ateste, de forma inconteste, a existência de São Jorge. Muito do que é conhecido hoje se deu através da tradição oral e literária. O próprio Vaticano explica, em seu site oficial, que surgiram várias histórias fantasiosas ao longo do tempo em torno de São Jorge.

Segundo a versão mais conhecida, Jorge, nome de origem grega que significa “agricultor”, nasceu na Capadócia, atual Turquia, por volta do ano 280, em uma família cristã. Mudou-se para a Palestina e se alistou no exército de Diocleciano, imperador romano. Em 303, o imperador iniciou uma perseguição aos cristãos, e Jorge teria se colocado de forma contundente contra o imperador, o que o levou a sofrer torturas e a ser decapitado.

Um registro antigo, epígrafe grega do ano 368, descoberta em Eraclea de Betânia, teria uma das raras referências ao santo, ao falar da “casa ou igreja dos santos e triunfantes mártires, Jorge e companheiros”.

Rio de Janeiro - Durante os festejos de São Jorge em Quintino, na zona norte, na sede da paróquia dedicada ao santo, fiéis se reúnem para missas e procissões.
Fiéis são benzidos durante festejos de São Jorge em Quintino, na zona norte do Rio Foto de Arquivo/Tânia Rêgo/Agência Brasil
O período das Cruzadas acrescentou outros elementos à mitologia. As Cruzadas eram expedições militares, religiosas e comerciais, ocorridas entre os séculos XI e XIII, em que cristãos europeus viajavam até a Palestina para derrotar os muçulmanos e conquistar Jerusalém.

A narrativa mais famosa é a de que havia um grande pântano na cidade de Selém, na Líbia, onde vivia um dragão. Uma das formas de acalmá-lo era oferecer um(a) jovem. Um dia, chegou a vez da filha do rei. Mas Jorge se levantou contra o dragão e o matou com uma espada, imagem que até hoje é a mais representativa do santo. Os cruzados compararam a morte do dragão com a derrota do Islamismo.

“O dragão sintetiza a ideia da maldade, do inimigo, que está à espreita, no plano espiritual ou material, que te acossa no cotidiano. Acho que São Jorge ganha essa popularidade justamente por causa da simbologia guerreira, bélica, por ser um santo muito articulado com o imaginário de batalhas”, explica Luiz Antonio Simas.

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O curioso é que, mesmo entre os muçulmanos, Jorge é uma figura de respeito, e muitos enxergam indícios de que ele esteja presente no livro sagrado do Islão, como explica o historiador.

“Há quem diga que ele é um personagem que aparece no Alcorão, chamado Al-Khidr. Ele seria São Jorge. Tem essa multiplicidade por ter esse perfil guerreiro, é o vencedor de demandas”, diz Simas.

O culto a Jorge se aprofundou na Inglaterra com os normandos. Em 1348, o Rei Eduardo III instituiu a “Ordem dos Cavaleiros de São Jorge”. E, durante a Idade Média, a figura foi tema de literatura épica. Segundo o Vaticano, na falta de notícias mais concretas sobre ele, em 1969, houve uma mudança de status da celebração ao santo: passou de festa litúrgica para memória facultativa.

São Jorge é Ogum?

Uma das afirmações frequentes no senso comum é o de que São Jorge e Ogum, orixá ligado às religiões de matriz africana, são o mesmo personagem, com nomes diferentes. A socióloga Flávia Pinto, que também é escritora, mãe de santo e matriarca da Casa do Perdão, explica que esse é um erro.

“Para nós do candomblé e da umbanda, já temos consciência hoje que São Jorge não é Ogum. Por um motivo histórico e cronológico. São Jorge existiu na Capadócia há dois mil anos. Já Ogum existe há mais de 10 mil anos na cidade de Ire, na Nigéria. Naturalmente, São Jorge é um filho pródigo de Ogum, mas não é o próprio Ogum”, diz Flávia.

Outra ideia comum é a de valorizar o sincretismo cultural quando se fala em São Jorge, por ele ter sido apropriado e ressignificado pelos afrodescendentes, ligados à diáspora negra, como forma de resistência e manutenção das crenças africanas. Flávia Pinto defende que esse cenário não pode ser visto de maneira romantizada, por ter envolvido processos violentos.

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Rio de Janeiro (RJ), 23/04/2024 – Fiéis participam de celebração em homenagem ao Dia de São Jorge no centro do Rio de Janeiro. Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil
 Fiéis de religiões de matrizes africanas participam de celebração em homenagem ao Dia de São Jorge no centro do Rio de Janeiro. Foto de Arquivo/Tomaz Silva/Agência Brasil
“A aceitação de um santo católico é mais palatável porque a gente tem uma dominação euro-cristã em nosso processo de socialização chamado de colonização. Não podemos chamar de maneira romântica um comportamento genocida e torturador, que foi a imposição da fé de um povo dominador sobre outro povos, que tinham as próprias religiosidades, como os indígenas e os africanos. Mas, ainda assim, a sabedoria milenar desses povos foi tamanha, que conseguimos estudar minimamente a história daquele santo e associar ele aos nossos orixás”, diz a socióloga.

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