BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – Um dos vídeos divulgados nesta terça-feira (3) pelo STF (Supremo Tribunal Federal) mostra o momento em que o ex-comandante da Aeronáutica Carlos de Almeida Baptista Júnior confirma que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) foi comunicado sobre sua possível prisão caso avançasse com os planos golpistas.
O alerta teria sido feito pelo então comandante do Exército, general Freire Gomes, segundo o depoimento do brigadeiro.
“Freire Gomes é uma pessoa polida e educada, não falou com agressividade, ele não faria isso. Mas é isso que ele falou. Com muita tranquilidade, calma, mas colocou exatamente isso. ‘Se fizer isso, vou ter que te prender'”, disse ao Supremo.
O general Freire Gomes negou, em depoimento ao STF, que tenha dado voz de prisão a Bolsonaro. Ele disse somente que alertou o ex-presidente sobre uma possível responsabilização jurídica caso adotasse alguma medida ilegal.
Baptista Júnior prestou depoimento ao STF em 21 de maio. Ele foi indicado como testemunha da acusação. As respostas do militar foram consideradas por ministros do Supremo como as mais esclarecedoras sobre as intenções golpistas de Bolsonaro e seu entorno no fim de 2022.
O brigadeiro disse que percebeu que Bolsonaro avaliava adotar medidas para evitar a posse de Lula em 11 de novembro de 2022. Baptista Júnior contou que o ex-presidente discutia com os chefes das Forças, logo após o fim da eleição presidencial, a decretação de GLO (Garantia da Lei e da Ordem), de estado de defesa ou de estado de sítio.
O militar acreditava que as medidas tinham como objetivo conter a obstrução das rodovias federais -movimento capitaneado por caminhoneiros- ou evitar violência política com a escalada das tensões.
Ele percebeu depois, porém, que as discussões tinham outro pano de fundo. “Em determinado ponto, eu comecei pessoalmente a entender que aquela GLO que estávamos abordando não era o que eu estava acostumado a fazer desde 1992. E comecei a ficar desconfortável”, disse.