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Balneário Camboriú

2ª Ação Integrada de Limpeza do Rio Camboriú: mais de 100 voluntários retiraram muito lixo, até geladeira e colchões

O Página 3 foi um dos apoiadores e cobriu o evento

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Na manhã de sábado (24), logo cedo – às 7h30 – mais de 100 voluntários se reuniram no píer do Barco do Pirata, na Barra Sul, e partiram para a 2ª Ação Integrada de Limpeza do Rio Camboriú, organizada por diversas entidades da cidade, como os Lions Clubes e CONSEGMar. Durante a manhã, divididos em balsas, barcos e lanchas, limparam as margens do rio, de onde tiraram madeira, plástico e até móveis, como geladeiras e colchão.

É desta forma que retribuímos a tudo que recebemos do rio?

(Foto Renata Rutes)

O total de lixo retirado chegou a 50 metros cúbicos, segundo os coordenadores da ação. Todo esse material, posteriormente, foi levado por caminhões da prefeitura de Balneário para o descarte correto. Mais lixo poderia ter sido retirado, mas como a maré estava subindo, a ação precisou ser encerrada. O Página 3 cobriu todo o evento e conversou com alguns participantes, como vereadores, ambientalistas e o organizador, o advogado e presidente do CONSEG, Valdir de Andrade. O prefeito Fabrício Oliveira também foi até a Tedesco Marina a tempo de acompanhar o final da ação.

• Valdir de Andrade

Advogado e organizador da 2ª Ação Integrada de Limpeza do Rio Camboriú

Valdir, coordenando a limpeza (Foto Renata Rutes)

“O número de lixo retirado desta vez foi maior do que a edição de 2020. Não tiramos sofá desta vez, mas dá quase uma sala. Tem geladeira, televisão, armários, vaso sanitário e o microlixo, como o plástico, que é o que mais agride. Uma garrafa pet leva 100 anos para se decompor na natureza. Foi espetacular o apoio da comunidade, mais de 100 pessoas participaram, isso nos motiva a fazer a próxima edição. Apesar de que não deveria precisar existir uma próxima edição, mas infelizmente ainda tem muita gente sujando o nosso rio. Pensamos em desenvolver um bom material pedagógico, publicar, divulgar e tentar mudar a consciência desse povo. Gostaríamos que mais pessoas participassem, porque o rio é nosso, dependemos dele para o crescimento econômico das duas cidades e que a gente consiga levar isso para as próximas gerações, porque eu acho que para a nossa não adianta mais. Queremos apresentar um projeto para as escolas também. O enfoque será daqui para frente, ainda mais efetivo, a defesa da importância do Parque Inundável e do esgoto de Camboriú. O Parque corre há um ano e meio e só semana passada que o IMA (Instituto do Meio Ambiente) veio fazer a vistoria. Precisamos de apoio político junto aos órgãos ambientais para que isso se desenvolva, arrumar um custeio. Precisamos agir”.

• Fabrício Oliveira

Prefeito, não participou da Limpeza, mas esteve no final do evento para apoiar os voluntários

O prefeito e Jacamasa (Foto Renata Rutes)

“Essa Limpeza tem um efeito prático e simbólico incrível, primeiro que o movimento da sociedade é muito importante – tem a participação do poder público, mas a motivação foi da sociedade e isso tem uma força de propagação muito maior, e segundo, que isso aqui é resultado do lixo que o humano joga. Remete que a responsabilidade do meio ambiente é de todos nós, não podemos acabar com aquilo que mantém a cidade viva, e o que mantém a cidade viva são as nossas águas, os nossos rios. Infelizmente dá uma tristeza de ver esse lixo que está aí, mas ao mesmo tempo dá orgulho de ver que tantos estiveram envolvidos nessa ação. O Parque Inundável é algo que nós estamos capitaneando, o projeto está no IMA, com apoio da EMASA, e junto disso há a questão do esgoto de Camboriú, que precisa enfrentar isso de uma vez, não é mais admissível que a gente tenha tanto esgoto no Rio Camboriú”.

• Aline Antunes

Consultora do Comitê de Gerenciamento da Bacia Hidrográfica do Rio Camboriú e Bacias Contíguas

Aline, do Comitê Rio Camboriú (Foto Renata Rutes)

“Na minha opinião, a maior importância não é só a parte do recolhimento do lixo, é a parte da sensibilização, a conscientização de todos quanto a problemática da poluição. O grande problema da bacia do Rio Camboriú é a disponibilidade hídrica, esse é um dos principais problemas que temos hoje, não só em quantidade como em qualidade. Outro problema que temos é a questão do saneamento de Camboriú, junto a isso uma problemática forte é a parte das enchentes, quando temos excesso de água, e também a falta de água. Uma das alternativas mais viáveis, estudada, que o Comitê Camboriú apoia, é a implantação do Parque Inundável Multiuso. Esse Parque nada mais é do que um projeto que reserva água bruta e quando faltar água ele vai soltar e vai regularizar a vazão – em épocas de escassez, para manter a vazão ecológica do rio. Quando ocorrem as cheias, ele vai segurar água. O que acontece na bacia do Rio Camboriú não é que falta água, é que a gente não consegue armazenar água, porque o nosso rio é curto e alto, então em 10 horas a chuva que cai nas cabeceiras está dentro do mar, então não dá tempo de armazenar essa água. Conforme estudos da Univali, feitos em 2011, em 2027 irá ocorrer o estado crítico da bacia – quando a demanda será maior que a oferta. Em 2019 o estudo foi refeito, e as projeções confirmaram que o colapso hídrico está previsto para 2024, 2025 – antecipou um pouco. Ou seja, temos mais quatro, cinco anos para tomar alguma atitude para evitar isso, porque vai acontecer. Por isso, precisamos da união dos gestores públicos para tentar solucionar essa problemática”.

• Rafaela Picolotto

Engenheira ambiental responsável pelas questões ambientais da Tedesco Marina.

Rafaela Picolotto, engenheira ambiental da Tedesco Marina (Foto Renata Rutes)

“A Marina tem uma preocupação grande com o Rio Camboriú, a gente tem diversas ações internas de controles ambientais, integramos o programa Bandeira Azul, vamos além do que a legislação pede, por isso conseguimos o selo. Dentre esses programas de controle que fazemos, temos o de comunicação social e educação ambiental – e assim como essa ação de hoje (24) fazemos a nossa limpeza do rio, com marinheiros, prestadores de serviço e funcionários da Marina. Esse ano, por conta da pandemia, nos juntamos com esse grupo (os voluntários da 2ª Limpeza), por entender a importância de uma ação maior, e estamos colaborando com essa ação. Dependendo da pandemia, se for possível, vamos fazer a nossa também. Esperamos que aconteça neste ano, só não sabemos quando. Vemos que vai muito além de retirar o resíduo do rio, claro que é importante limpar, mas o nosso foco principal é mostrar a importância do rio, tanto pela questão da água em si, econômica, do turismo e assim por diante. Existe uma preocupação bastante grande de nossa parte com a questão hídrica. Acompanhamos as pesquisas e sabemos que se nada for feito uma hora, logo, vai faltar. Pensando nisso, fazemos a reutilização da água da chuva, armazenamos e utilizamos na limpeza dos barcos, etc. O que é possível fazer, estamos contribuindo, mas vemos que é preciso sim políticas públicas e de controle. Existem várias tecnologias, como a dessalinização da água do mar, apesar de ser super caro. A nossa cidade cresce cada vez mais, e é preciso fazer algo. Como profissional da área, gosto de olhar para o lado positivo: mesmo sendo sábado de manhã, pandemia, muitas pessoas vieram ajudar a limpar o rio. Enquanto existirem esses, mesmo sendo a minoria, temos esperança que vá melhorar. Na próxima edição, mais pessoas podem participar, e esperamos que os resíduos diminuam. Ficamos felizes com essa ação, e esperamos que avance mais, infelizmente não tem acontecido na velocidade que gostaríamos, mas a melhora com certeza está acontecendo”.

Vereadores também participaram

• André Meirinho

Vereadores Meirinho e Patrick (Foto Renata Rutes)

“A ação foi muito importante por muitos motivos. Parabenizo aos Lions Clubes e Consegs de BC pela organização, também a todos apoiadores e parceiros e a cada voluntário por procurar fazer a sua parte reconhecendo a importância do Rio Camboriú nas nossas vidas! Importante que eventos como este continuem ocorrendo, porque além do ato em si de retirar uma grande quantidade de resíduos do nosso Rio Camboriú ainda conecta a população (tanto a que participou quanto a que tomou conhecimento do evento) da importância do Rio e a ações que precisam ser feitas visando a saúde dele como a despoluição e que tenhamos água em quantidade e qualidade para diferentes usos para a população. Fundamental o engajamento de tantas pessoas. Acaba ampliando a motivação de cada um e fazendo com que além da quantidade de resíduos recolhida seja maior, também crie o vínculo das pessoas com o Rio. Aumentando ainda a cobrança dos gestores públicos para questões ambientais e que refletem também em questões sociais e econômicas. Encontramos muitos itens diferentes próximo ao encontro do Rio Camboriú com o Rio Peroba. O que é muito triste, muitas garrafas, plásticos, latas, tênis, além de prancha de bodyboard, algo que aparentava ser uma geladeira, móveis, e até resíduos de construção na margem do Rio. Muito precisa ser feito também para conscientizar. No mês de maio pretendemos fazer uma audiência pública online para debater o nosso projeto de lei de que visa instituir a Política de Segurança Hídrica e Desenvolvimento Sustentável, incluindo estratégias sobre demandas de água para abastecimento, despoluição hídrica, drenagem pluvial urbana, infraestrutura verde e medidas de prevenção e mitigação de desastres. Assim, temas fundamentais como a necessidade de esgotamento sanitário em Camboriú, possível falta da água nos próximos anos se investimentos não forem feitos e o Parque Inundável estarão incluídos no debate. Propõe-se, ainda, a utilização de câmara técnica para articulação e governança entre os diversos órgãos municipais em prol do planejamento e gestão das águas no município”.

• Patrick Machado

“O que mais me cativou foi ver a quantidade de pessoas envolvidas. Foi muito triste quando começamos os trabalhos e ver o volume de lixo encontrado. Quando vimos a quantidade de lodo, sujeira, esgoto… tudo que é lançado no rio. Geladeira, prancha, borracha, pneus, isso só demonstra a falta de conscientização, a porquidade. Sem palavras. Hoje é tão fácil, há empresas que passam recolhendo volumosos, e aí você joga no rio. É muito triste, decepcionante. Temos uma das regiões mais lindas do Brasil, de SC, e aí vemos isso. Vejo que é muito importante as obras de esgoto por parte de Camboriú, já estamos discutindo isso, e vivenciando a questão do rio vemos ainda mais que é de suma importância. Não adianta somente Balneário fazer a sua parte, estar fiscalizando, e Camboriú não fazer a sua. Infelizmente o Rio Camboriú desemboca em nosso mar, e vem com seus poluentes. Se toda a cidade de Camboriú tivesse esgoto, se houvesse a conscientização de todas as pessoas, acredito que em cinco, 10 anos, veríamos uma água limpa, transparente. A participação do público foi incrível, muitas pessoas aderiram, e vejo que deveriam haver mais eventos desse tipo. Percebemos vários pescadores lá, que entendem a importância disso. É o segundo promovido pelo CONSEGMar, e eu e meu gabinete já fizemos eventos parecidos, mas no Pontal Norte, em 2018 e 2019. Em 2020 não fizemos por conta da pandemia. Nas duas ocasiões recolhemos uma grande quantidade de lixo. Sobre o Parque Inundável, vejo que é um projeto importante, mas não sei se é o ideal. Acho importante que a gente busque um meio, porque é responsabilidade de Balneário também, pois utilizamos o rio também. Não sei se é o Parque que deverá ser feito, mas algo precisa acontecer nesse sentido”.

• Eduardo Zanatta

Vereador Zanatta (Foto Renata Rutes)

“Eu participei da 1ª edição do evento, no ano passado, que foi muito boa e não havia contado com tanto apoio de outras entidades e do poder público como essa. Essa edição de hoje (sábado, 24) foi fenomenal. Se tivéssemos mais tempo e mais barcos para levar voluntários em grupos separados conseguiríamos tirar muito mais lixo. Me surpreendeu positivamente o engajamento de todo mundo, sábado de manhã, todos juntos, recolhendo o lixo, mas percebemos e conseguimos mapear pontos específicos onde as pessoas realmente jogam mobília e descartam itens que têm dentro de casa, e a partir desses pontos temos que construir uma ação de conscientização ou até mesmo multa, para que isso não aconteça mais. Houve um ponto, onde no ano passado a gente tirou sofá e colchão, e nesse ano tinha novamente guarda-roupa, cadeira de escritório, ventilador. E temos que pensar também no saneamento da região como política pública, assim como a coleta do lixo, tanto orgânico, coleta seletiva, volumosos, de forma integrada. Quem circulou pelo rio percebeu que não adianta falarmos de Balneário e não falar de Camboriú. A gente percebe que muito do esgoto, da poluição, do lixo, afetam os dois municípios, por isso o planejamento precisa ser integrado. Projetos como o esgoto de Camboriú e o Parque Inundável são importantíssimos também para Balneário Camboriú, porque a gente não vai resolver a questão do saneamento em Balneário sem dialogar e construir junto com Camboriú, então os projetos que acontecem lá nos beneficiam aqui. A gente não vai conseguir deixar o rio limpo ou ter captação de água, saneamento, sem dialogar com Camboriú”.

• Anderson Santos

“Foi muito importante participar desse evento, pois o Rio Camboriú foi uma das bandeiras de nossa campanha. Foi muito importante ver de perto a realidade do nosso rio, vejo que é essencial ações como essa, de conscientização, da limpeza em si, e do impacto que é a atual situação do rio. Isso nos incentiva a buscar cumprir todas as ações que já estamos fazendo, como o estudo Rio Camboriú 2030 que temos junto da Univali, com o professor Marcus Poletti e tudo mais. Em primeiro lugar temos que resolver a situação de Camboriú, que, pelas informações que tenho, só tem 1,98% de tratamento de saneamento na cidade. O Parque Inundável também é importante, mas não só isso: a recuperação do Rio Camboriú é essencial. Não adianta fazermos o Parque Inundável e não tratarmos do rio. Infelizmente está faltando conscientização, todos deveriam participar dessa ação e ver a situação, porque realmente é uma tristeza. A gente teve que voltar por conta da maré, que estava subindo, tinha muito lixo para tirar ainda. Vejo que é necessário fazermos mais de uma ação por ano, dando todo o suporte para que isso aconteça”.

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