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Faltam chips e outras peças para montadoras em todo o mundo

Por Cleide Silva

Desde meados de dezembro montadoras dos EUA, Canadá, Europa, Japão, Coreia do Sul e México começaram a reduzir ou paralisar a produção, colocando milhares de trabalhadores em férias coletivas por falta de chips e outras peças. Estão nesse grupo Audi, Ford, General Motors, Honda, Mazda, Nissan, Renault, Stellantis (reúne Fiat, Jeep, Peugeot e Citroën), Subaru, Volkswagen e Toyota.

No Brasil, a primeira a parar por falta de circuitos eletrônicos foi a fábrica da Honda em Sumaré (SP), por uma semana em fevereiro e dez dias neste mês. A General Motors suspendeu toda a produção do complexo de Gravataí (RS), onde é produzido o Onix, carro mais vendido do País. Todos os funcionários estão em férias coletivas até dia 20. Pouco depois do retorno parte deles ficará em lay-off por pelo menos dois meses, período em que a fábrica vai operar apenas com um turno de trabalho. Hoje são dois.

Na filial de São José dos Campos (SP), 600 funcionários ficarão em lay-off também por dois meses. A GM diz que a falta de peças tem potencial de afetar de forma temporária e parcial o cronograma de produção e que trabalha com fornecedores, sindicatos e parceiros para mitigar impactos gerados pela situação.

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Na semana passada a Fiat suspendeu por dez dias o segundo turno de produção de uma das três linhas da fábrica de Betim (MG) e deu férias aos operários.

Segundo a Anfavea, associação que reúne as montadoras, especialistas internacionais estimam que a crise de abastecimento deve resultar em queda de 3% a 5% das vendas globais neste ano, previstas entre 76 milhões e 78 milhões de veículos. Só a Renault calcula que 100 mil carros da marca podem deixar de ser produzidos em todas as suas fábricas no mundo.

Muitas empresas afirmam ter problema de abastecimento mas não há planos de suspender a produção. Algumas fizeram paradas pontuais e redução ou atraso de produção, como Toyota, Volkswagen, Renault, Volvo e Mercedes-Benz. A Volkswagen Caminhões e Ônibus tem mantido veículos incompletos no pátio. Quando as peças chegam, funcionários fazem hora extra para terminar o serviço.

Recentemente uma encomenda da Nissan chegou ao aeroporto de Campinas (SP) de madrugada. “Contratamos um helicóptero para buscar a carga e levar para a fábrica em Resende (RJ) para que o primeiro turno operasse normalmente”, conta Tiago Castro, diretor da empresa.

Montadoras reclamam da falta de itens como pneus, fundidos, forjados, alumínio, ligas metálicas e resina plástica. Além de escasso o aço ficou 110% mais caro em um ano. Outro gargalo é a logística. Faltam contêineres, há atrasos de navios e o frete aéreo ficou caro.

Por que a falta de chips para as fábricas?

Responsável pela paralisação da produção de montadoras no mundo todo, inclusive no Brasil, os semicondutores estão entrando cada vez mais nos automóveis. Em dez anos, a eletrônica embarcada, que tem como base os chips, representará metade do custo dos novos carros. Hoje a participação já está em 40%, praticamente o dobro do que era há duas décadas, segundo estudo internacional da consultoria Deloitte.

Essa presença forte e em alta vem do aumento de novas tecnologias embutidas nos carros, entre elas freio ABS, airbags, sistema de injeção eletrônica, eletrificação e direção autônoma

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A demanda por componentes eletrônicos, que não funcionam sem semicondutores, vai crescer muito nesta década em que mais veículos vão rodar com energia elétrica e níveis de autonomia. “Na virada dos anos 90 para os 2000 a eletrônica era 15% a 20% do custo dos carros; hoje passa de 40% e provavelmente em 2030 vai chegar a 45% ou 50%”, diz Flavio Sakai, diretor da Associação Brasileira de Engenharia Automotiva (AEA).

Em outro comparativo, Sakai informa que no fim dos anos 80 cada carro tinha entre 10 e 15 semicondutores. Hoje, por exemplo, um modelo SUV de médio porte, como o Volkswagen Taos, tem cerca de 300 chips, segundo a fabricante.

“A presença de chips fica cada vez mais forte principalmente para melhorar a eficiência energética, a segurança, a dirigibilidade e o conforto dos veículos”, afirma Camilo Adas, presidente da SAE Brasil.

Preços. Os preços de peças para chips variam de acordo com a aplicação. Segundo Ricardo Helmlinger, diretor da Standard America, fabricante brasileira de placas eletrônicas, custam de US$ 10 para cada mil peças a US$ 50 por um único item. “Posso importar os mais caros, mas se faltar um capacitor que custa US$ 1 não monto a placa.”

A justificativa para a falta de chips – feitos em sua maioria na Ásia -, é que, no início da pandemia, montadoras suspenderam encomendas porque as fábricas foram fechadas. O maior número de trabalhadores em home office e crianças fora da escola levou a um boom de vendas de eletroeletrônicos como laptop e celular, e a produção foi direcionada a esses produtos.

Quando a situação estava mais amena, setores da economia, entre os quais a indústria automobilística, retomaram atividades num ritmo superior ao esperado e as fábricas de chips não deram conta da demanda.

“Houve um deslocamento de aplicação e de demanda bastante significativo”, confirma Sakai. Segundo ele, a indústria automobilística fica atualmente com 13% da produção global de semicondutores.

No Brasil, onde não há produção de chip, a indústria depende da importação e está disputando compras com o mundo todo. Há empresas que adquirem componentes lá fora e fazem a montagem, mas também estão com problemas em encontrar peças.

Há empresários que acreditam na normalização do mercado no segundo semestre, mas muitos apostam que o fornecimento regular vai ocorrer só em 2022. Assim como ocorreu no início da pandemia, quando o Brasil se deu conta da necessidade de produção local de respiradores, a falta de chip despertou a discussão no País. Adas informa que a SAE deve promover debates sobre o tema em um grupo criado para avaliar produtos que podem ser nacionalizados.

É quase consenso, porém, que a nacionalização é difícil em razão da escala e dos preços dos asiáticos. Seria necessário alto investimento e não justificaria fabricar só para o mercado brasileiro. Seria preciso atrair clientes externos, avalia Sakai.

Reajustes de preços de chips chegam até 250%

Com a escassez de semicondutores vieram os reajustes de preços, que vão de 5% a 250%, dependendo do item, informa Ricardo Helmlinger, diretor da Standard America, fabricante de placas eletrônicas em Campinas (SP). O frete do transporte aéreo, sempre usado pela empresa, também está mais caro.

Além disso, diz ele, o prazo de entrega de componentes, antes de um a dois meses, passou para cinco a seis meses. “Materiais que deveríamos ter recebido antes do Natal chegaram em fevereiro, isso porque antecipamos a compra, pois hoje os prazos estão ainda mais longos.” Helmlinger importa praticamente tudo para a montagem das placas que são usadas, no caso do setor automotivo, em equipamentos como ar condicionado e limpador de para-brisa.

Encomendas de peças feitas agora para a produção a partir de junho estão previstas para serem entregues somente em agosto ou setembro.

“Esse vai ser um ano bastante complicado”, lamenta. A única solução, diz ele, é a expansão da capacidade produtiva das fabricantes de componentes, mas isso leva tempo.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo, reproduzidas sob contrato de licenciamento pelo Jornal Página 3.

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