Para um país que vem sucateando a educação de seus cidadãos há décadas, soa por demais irônico, ofensivo até, o lema de alguns governos que já tivemos: Brasil – Pátria Educadora se faz com educação de qualidade.
E o desgoverno atual consegue piorar o que já estava ruim, diminuindo drasticamente o orçamento para a educação, num clima de pandemia que vivemos há quase dois anos, quando as escolas estiveram fechadas, para evitar um contágio maior da doença.
Até tentaram o ensino à distância, mas só os alunos mais bem situados conseguiram estudar, pois os mais pobres, aqueles que mais precisavam, não tinham internet nem aparelhamento para estudar os conteúdos que os professores se esforçaram em disponibilizar, trabalhando muito mais que o normal.
Saúde, educação, meio ambiente, são coisas que não interessam minimamente ao desgoverno que aí está.
O que interessa para ele é reeleição, armas, mentiras, radicalismos, preconceitos e violência.
O ensino – que faz parte da educação, conforme o dicionário – foi perdendo qualidade num crescendo assustador e está aí o resultado: crianças no terceiro e até quarto ano, que não sabem ler e escrever, jovens que não sabem se comunicar – não conseguem escrever ou ler um bilhete, não conseguem interpretar um texto; escrever uma redação então…nem pensar.
Isso sem contar as escolas sem manutenção, sem equipamento, professores mal pagos, etc., etc.
O que será de nossos estudantes, com quase dois anos letivos perdidos? Como estará a volta às aulas que está acontecendo agora?
A prioridade dos governos tem que ser o resgate da educação, a melhoria do ensino no Brasil. E o que tem acontecido?
O principal alvo do corte de “despesas” do governo foi a educação: teve o maior corte de todos os ministérios, programas como Pronatec e Ciências Sem Fronteiras também sofreram cortes neste desgoverno.
Aliás a ciência é outro setor que foi praticamente esvaziado, sem recursos para trabalhar, justamente quando mais estamos precisando de pesquisas.
Então essa é a Pátria Educadora que temos: corte de verbas para a educação, esvaziamento do conteúdo programático do ensino em todos os níveis, abandono das escolas, pagamento bem aquém do devido a professores, profissionais tão importantes na vida de todos os brasileiros, que deveriam ser melhor qualificados, também.
As universidades federais são obrigadas a suspender investimentos em projetos e pesquisas, para conter despesas. Há que se conter despesas de qualquer jeito. Mas dinheiro para partidos, para eleição, para políticos, isto tem de sobra.
Então não parece deboche, escolher tirar a maior quantidade de recursos justamente da pasta da educação?
Onde está o ensino de qualidade?
Que país é esse, que prefere que seu povo tenha cada vez menos educação?
Interesse dos políticos, dos desgovernos de plantão, claro, que preferem pessoas com menos instrução, para poder controlá-las, não é?
Luiz Carlos Amorim é escritor, editor e revisor – Cadeira 19 da Academia Sulbrasileira de Letras. Fundador e presidente do Grupo Literário A ILHA, que completa 41 anos em 2021. luizcarlosamorim.blogspot.com.br – www.prosapoesiaecia.xpg.com.br