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Balneário Camboriú

Audiência pública aprova fim do naturismo no Pinho, projeto segue tramitando na Câmara

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Aconteceu na noite de segunda-feira (22) uma audiência pública na Câmara de Vereadores de Balneário Camboriú, para discutir o projeto do vereador Anderson Santos, que, se aprovado, irá alterar o Plano Diretor da cidade e encerrar a prática de naturismo na Praia do Pinho – primeira praia naturista do Brasil, desde a década de 1980. A maioria da comunidade presente na audiência aprovou a continuação da tramitação do projeto no Legislativo.

Audiência teve baixa adesão, mas público que foi, participou ativamente. (Foto Renata Rutes)

O Página 3 cobriu a audiência, que contou com a presença de vereadores, da secretária do Meio Ambiente, Maria Heloísa Lenzi e de moradores – incluindo lideranças da região sul e ainda representantes do naturismo à nível local e nacional, através da Federação Brasileira de Naturismo.

“Nova realidade”

O vereador Anderson Santos, proponente do projeto, abriu a audiência enaltecendo que reconhece que o tema é polêmico, mas que o protocolou porque entende que ‘é preciso discutir a cidade’. 

Ele exibiu notícias, chamadas de vídeo do YouTube e avaliações do Tripadvisor, que tratam de ‘orgias e tarados’ nas trilhas que levam à Praia do Pinho, citando ainda ‘punheteiros’, ‘taradismo’ e ‘swingueiros’ (casais que praticam swing e iriam ao Pinho para tal). 

“Essas notícias me motivaram a assinar o projeto para que o Pinho seja uma praia para todos. É uma praia maravilhosa que vai agregar quando ficar livre para todos os públicos, além de poder ser uma praia Bandeira Azul. Se o projeto for aprovado, será uma nova realidade, eliminando essas notícias ruins”, disse.

Conselho da APA vê que Pinho está sendo ‘subaproveitada’

A secretária do Meio Ambiente de Balneário Camboriú, Maria Heloísa Lenzi, também participou do momento, mas como presidente do Conselho Gestor da APA Costa Brava, afirmando que o tema (naturismo na Praia do Pinho) é constantemente discutido nas reuniões do Conselho. 

“O entendimento do Conselho da APA é que hoje a Praia do Pinho está sendo subaproveitada. Se fosse feita uma enquete em Balneário Camboriú sobre quem já foi na Praia do Pinho, o resultado seria que nunca foram, ou então foi uma vez por curiosidade. Hoje, a maioria do público é excluída de ir à Praia do Pinho”, opinou, citando assim como o vereador Anderson que a praia pode ser Bandeira Azul, mas que não é porque o acesso é garantido somente aos nudistas. 

“Não tem como o pessoal da segurança, fiscais, equipe de limpeza da prefeitura ir trabalhar lá porque há o constrangimento por ser uma praia naturista. Reconheço a importância e sei que a praia trouxe notoriedade para Balneário Camboriú, mas não se sustentou e hoje atrai pessoas em busca de outros objetivos, como orgias, e não mais famílias de naturistas, como era nos anos 80 e 90”, pontuou.

Opiniões do público

Como parte do protocolo de audiências públicas, as pessoas que querem podem se manifestar por até dois minutos. Fizeram o uso da palavra defensores do naturismo e também moradores da região do Interpraias que são a favor do fim do naturismo no Pinho. 

Defensores do naturismo

Naturistas defendem que segurança no local resolve a situação (Foto Renata Rutes)

Os naturistas destacaram que as denúncias que embasam o projeto do vereador Anderson acontecem na parte da praia acessada pela mata e nas trilhas, e que isso seria de responsabilidade do poder público, que deveria dar mais segurança ao local – inclusive um pedido antigo dos naturistas, que até cerca de 10 anos atrás mantinham segurança privada no local. 

O Código de Ética do Naturismo no Brasil, criado em 1996, também foi citado por diversas vezes, já que o documento trata da proibição de qualquer ato que se enquadre em obsceno ou de importunação sexual – já que o naturismo trata exclusivamente de ficar nu em contato com a natureza e reprime qualquer atitude que vá contra isso [como masturbação, relações sexuais, etc.]. 

Foi citado também que de fato o naturismo não é para todos e que se fosse, deturparia o estilo de vida.

“Não conheço nenhuma praia que deixou de ser naturista no Brasil”

Celso Rossi, fundador da primeira praia naturista do Brasil: ‘como isso vai repercutir?’ (Foto Renata Rutes)

Um dos participantes da audiência foi o fundador do naturismo na Praia do Pinho, Celso Rossi, que viajou oito horas para estar no encontro, vindo do RS. 

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Ele trouxe um arquivo de mais de mil páginas de notícias sobre a Praia do Pinho, ressaltando a importância do local para Balneário Camboriú. 

Rossi conversou com o Página 3 após a audiência e disse que estava lembrando que, há três décadas, quando o fim do naturismo no Pinho também foi pauta na Câmara, existiu um movimento de naturistas com faixas e bandeiras contra o projeto. 

“Era totalmente diferente de hoje, mas vejo que na Praia do Pinho precisava ter desde o começo mais segurança. Além disso, nós tínhamos o nosso pessoal fiscalizando, com apito, binóculo. A regra que tínhamos era: qualquer atitude diferente, que não pode acontecer em outras praias, com exceção da ausência de roupas, deveria ser dada voz de prisão e encaminhar para a polícia, porque é atentado ao pudor em qualquer local”, explicou.

Celso não mora mais na Praia do Pinho e reside hoje na Colina do Sol, comunidade naturista que fundou, localizada no RS (a maior do Brasil, com mais de 100 casas), e vê que o público que pratica atos denunciados ‘afastou’ as famílias naturistas. 

“No início eram dezenas de crianças brincando na Praia do Pinho, e onde você vê crianças, você não vê maldade. Era outro ambiente. Mas a dúvida que eu tenho agora é: como que isso [fim do naturismo no Pinho] vai repercutir nacional e internacionalmente? Porque vai virar notícia. Eu não conheço nenhuma praia que deixou de ser naturista no Brasil”, pontuou.

O fundador do Pinho aproveitou para questionar ainda se o poder público acredita que ‘essas pessoas indesejáveis’ vão deixar de ir ao Pinho ou se vão ser obrigadas a fazê-lo. 

“Mas com qual força de segurança? Então quer dizer que agora o Estado vai fazer o que sempre pedimos? Que é a segurança. Mas a que custo? E com a necessidade de manter polícia lá 24h para fiscalizar também quem for para a prática naturista. Será que vai ser vantajoso para a imagem de Balneário Camboriú? Por que sofrer esse abalo turístico para a nossa imagem sendo que igual vai ter que investir em segurança?”, acrescentou, dizendo que tem muita gratidão à Balneário e a apoiadores do Pinho quando tudo começou, como o ex-secretário de Turismo (hoje de Obras), Osmar de Souza Nunes, o Mazoca, e o ex-prefeito, Leonel Pavan. 

“A solução é dar segurança e não culpar o naturismo”

Foto Renata Rutes

Quem também participou do encontro foi Valdir Melo, ex-presidente da Associação da Praia do Pinho e que inclusive foi protagonista de um episódio do programa ‘Troca de Família’, da Rede Record, em 2008, onde apresentou o naturismo. 

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Ele disse, na audiência, que a prefeitura de Balneário nunca se preocupou com a segurança do Pinho, e que os problemas acontecem não na praia e sim nas trilhas e na área acessada pela mata. 

“O que estão fazendo com a Praia do Pinho não será o fim do naturismo e sim estarão acabando com a imagem de Balneário Camboriú, porque todos batalharam, fomos referência. Temos hoje mais de 8 mil quilômetros de praia no Brasil, vai mesmo fazer diferença 400m de Balneário Camboriú? Temos ali do lado Estaleiro, Estaleirinho, Taquaras e Taquarinhas, por que acabar com o naturismo no Pinho? Foram anos investidos, inclusive financeiramente por parte da prefeitura, quantos programas gravados ali, outdoors de divulgação, notícias em todo o país e internacionalmente. Não faz sentido. A solução é dar segurança e não culpar o naturismo”, opinou.

O que diz quem é a favor do fim do naturismo no Pinho

Jair, Ivan e Laurindo (Fotos Renata Rutes)

Já os moradores que pedem pelo fim do naturismo na Praia do Pinho relataram o que veem diariamente – relações sexuais e importunação sexual [como homens se masturbando no local, etc].

Jair Euflorzino, presidente da Associação de Moradores de Taquaras disse que no início do naturismo na Praia do Pinho chegou a trabalhar no local, mas que a prática mudou muito de lá pra cá.

“Segurança para sem vergonhice não tem jeito, por isso sou a favor do fim do naturismo no Pinho. Os vereadores precisam olhar para a região sul e nos ajudar”, disse. 

O presidente da Associação de Moradores do Estaleiro, Laurindo Ramos, também se posicionou contra o naturismo no Pinho, elogiando a beleza da praia e lamentando que hoje falta segurança no local.

Ele relatou ter uma pousada no Estaleiro que é muito bem avaliada, mas que a presença do naturismo no Pinho de certa forma ‘atrapalha’.

“Se pesquisar na internet, há pornografia gravada na Praia do Pinho, então o que resta é acabar com o naturismo lá”, comentou.

Outros moradores da região sul, inclusive pessoas que são da Praia do Pinho, como a família Fonseca (Ivam e a filha Andressa), disseram que a situação do local hoje está ‘horrível de se ver’ e que ‘não é mais naturismo e sim sacanismo’. Ivam disse ainda que o público hoje é formado por 25% naturistas, 15% curiosos e o restante de ‘swingueiros’.

Outra moradora da região do Interpraias, que se identificou como Sueli, disse que já viu muitas pessoas perguntando sobre ‘a praia onde se pratica swing’.

Já Antônio Araújo disse que foi incentivador do naturismo no local junto com o irmão, mas que ver como a situação está hoje lhe causa arrependimento [de ter incentivado a prática]. “Virou um antro de problema”, afirmou.

Vereadores também opinaram

Alguns dos vereadores presentes na audiência também opinaram, como Omar Tomalih, que disse que a Praia do Pinho mudou, assim como Balneário Camboriú. 

“Talvez veio muito tarde o grito de socorro dessa filosofia [o naturismo]. Por isso, vejo que deve se tornar uma praia acessível a todos”, afirmou. 

Já Alessandro Kuehne, o Teco, lamentou que apesar de bela, a praia é alvo de ‘depravação’, também apoiando o fim do naturismo no local.

O vereador Eduardo Zanatta lembrou que como o PL de Anderson Santos visa alterar o Plano Diretor, isso só pode acontecer na revisão, prevista para acontecer ainda neste semestre. 

“Temos que respeitar isso e não podemos iludir a comunidade. Existe até recomendação do Ministério Público quanto a necessidade de só alterar o Plano Diretor na revisão dele. A discussão é importante, mas a segurança pública da Praia do Pinho precisa ser garantida pelo poder público”, afirmou.

O vereador suplente Naifer Neri também opinou e disse que inicialmente votaria contra o fim do naturismo no Pinho, mas que teve a oportunidade de conhecer o local no último domingo (21) e que não gostou do que viu. 

“Não me senti à vontade, porque vi gente que estava procurando ‘outra coisa’ e não apenas curtindo a praia. O naturismo não é o culpado, mas quem vai lá hoje é em busca de sacanagem. Mas fica o questionamento: se acabar o naturismo, teremos segurança? Infelizmente, as forças de segurança não participaram da audiência, mas é algo que temos que analisar”, pontuou.

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