Os dois eventos aconteceram simultaneamente nesta segunda-feira (15): o ex-governador Leonel Pavan, magoado porque os tucanos indicaram Dalírio Beber para ser vice de Esperidião Amin, decidiu que o troco do que chamou de ‘traição’ seria apoiar a reeleição do governador Carlos Moisés e levou essa decisão pessoalmente até a churrasqueira da Agronômica na noite desta segunda-feira (15).
Ele foi acompanhado dos amigos Rubens Spernau e Gerson Borba Dias.
Lá encontrou o governador e outros 26 prefeitos tucanos que estão pedindo voto para o 10 nesta eleição.
Enquanto isso, o candidato do PP estava preparando um kafka (comida árabe, na casa do vereador Omar Tomalih, cumprindo uma antiga promessa, desde que os dois viraram “amigos”.
O vereador Omar disse que há mais de três anos Amin prometeu que faria um kafka em sua casa e ontem cumpriu a promessa.
‘Foi um encontro mais cultural do que político’, filosofou o vereador André Meirinho que organizou a reunião na casa do colega.
A convite de Omar, participaram o prefeito Fabrício Oliveira, os vereadores Gelson Rodrigues e Marcos Kurtz.
“Praticamente nem se falou em política”, desconversou o anfitrião Omar Tomalih.
Na Agronômica
“Eu não queria ser candidato a nada. Estava quieto no meu canto. Mas o Dalírio Beber veio a Balneário Camboriú pedir para minha esposa, Bernardete e minha Juliana me convencerem a lançar meu nome a governador. Fui convencido, coloquei meu nome à disposição”, disse.
Em determinada época, o PSDB chegou a ter quatro nomes à disposição… Gelson Merísio, Vinicius Lummertz, Clésio Salvaro e Pavan, mas internamente os tucanos estavam divergentes e Pavan ficou sozinho na parada.
“Aí o PP me procurou para saber se eu tinha alguma mágoa do passado, aquela eleição de 2010, falei que não. Então perguntaram se eu aceitava recompor essa chapa do passado, ser vice de Amin, e o PSDB concordou. Na convenção, no início deste mês, só tinha o meu nome. Só que no dia seguinte, teve a reunião da Federação (PSDB/Cidadania) e naquela votação pediram para o Dalírio ser candidato… uma ação a portas fechadas, espúria, foram traidores”, afirmou.
Nesta terça-feira (16), seu nome foi desligado das redes do grupo da Federação, também foi removido do grupo da Executiva do PSDB, mas Pavan reafirmou que continua firme no partido.
“Eu não estou sozinho ‘do outro lado’, estou apenas seguindo os 32 prefeitos que defendem Moisés”, finalizou.
Foram Judas, traíram meu pai
Um áudio da vereadora de Balneário e filha de Leonel, Juliana Pavan, deu o que falar nos últimos dias. A gravação foi feita durante uma reunião da “cúpula” do PSDB estadual, quando foi definido que Dalírio Beber viria de vice de Esperidião Amin, e não mais Pavan como havia sido anunciado.
No áudio, Juliana fala que as pessoas que estavam na sala não teriam mais uma vereadora em Balneário Camboriú.
“A fala foi para quem estava na reunião, porque eu continuo no PSDB. Tenho ética nas minhas atitudes e ações, mas depois da falta de respeito que alguns membros tiveram com meu pai, foram Judas, o traíram, eu não poderia deixar de me posicionar. Ficamos surpresos no dia da escolha, porque quem fez a aproximação com o Amin foi o meu pai. E eu disse até mais! Não vazaram o áudio inteiro, porque sabem que falei a verdade e a verdade dói. E eu fiz pouco devido a sacanagem que fizeram com meu pai, porque usaram ele e não o valorizaram”, afirmou ao Página 3.
Juliana disse que participou de todo o processo, conversava com o pai e que sentiram que a convenção do partido não adiantou de nada, já que optaram por Dalírio.
“Fiz o que fiz para defender a honra do meu pai. Mas não vou sair do PSDB, não. Em qualquer partido têm pessoas com boa índole e outras que não têm, não podemos generalizar. Estou seguindo a minha essência do PSDB, fazendo filiações, mas a nossa bandeira é Balneário Camboriú, o meu mandato é voltado para isso, mesmo militando no PSDB há muitos e muitos anos. Porém, eu não tenho como apoiar pessoas que foram traiçoeiras. Não condiz com a minha norma de vida. Estou ao lado de quem acredito e não são essas pessoas”, comentou.
Ao contrário do pai, que já declarou apoio ao governador Carlos Moisés, Juliana disse que ainda está analisando quem será seu candidato ao governo de SC.
“Acredito que a fila anda, temos que apostar em quem nos acolhe. O meu pai não estava como tucano sozinho [quando decidiu apoiar Moisés] e sim com vários prefeitos do PSDB. Ele manifestou apoio, e quem sou eu para julgar? Até o momento não declarei apoio para ninguém, estou analisando todos os candidatos, sou eleitora como qualquer um… No momento em que eu achar pertinente, se eu achar que devo divulgar, vou falar”, completou.