Um tapete capaz de estimular a percepção sensorial dos pés foi desenvolvido por acadêmicos de Design Gráfico, da Universidade do Vale do Itajaí (Univali) e nesta semana (3) foi doado à Clínica de Fisioterapia da Universidade, localizada no campus Itajaí.
O recurso vai beneficiar pacientes de diversas cidades da região que são atendidos, gratuitamente, pelos serviços de reabilitação oferecidos no espaço.
Embora explorações sensoriais e táteis sejam trabalhadas com frequência na disciplina Design de Superfície, foi a primeira vez que os alunos desenvolveram um tapete sensorial.
A peça, que possui formato de um trilho, foi produzida manualmente pelos acadêmicos. O período entre a problematização e a prototipagem foi de cinco semanas.
O professor Gustavo Russo, que coordenou as atividades junto aos alunos, conta que a ideia de produzir o tapete surgiu após ter assistido a palestra da osteopata Camila Wippel, que alertou sobre a importância do estímulo sensorial dos captores podais e sua influência em toda a postura corporal.
Segundo o professor, os alunos utilizaram a estrutura do Laboratório de Materiais e Modelos, do campus Balneário Camboriú e trabalharam a partir de placas de E.V.A fazendo uso de ferramentas simples.
“A osteopata Camila nos auxiliou durante o desenvolvimento do tapete. Ela ofereceu toda a carga técnica sobre captores podais que era necessária para os alunos executarem o projeto”, afirma Russo.
A especialista Camila Wippel afirma que, de modo geral, o recurso vai ajudar pessoas com algum nível de dificuldade na percepção sensorial. A osteopata, que é egressa do curso de Fisioterapia da Univali, explica que os pés possuem sensores que captam vibração, pressão, temperatura e estiramento de estruturas.
“Ao trabalharmos a estimulação destes sensores, oferecemos um suporte sensorial significativo que auxilia no tratamento do paciente.”, complementa.
Recurso vai beneficiar diversos perfis de pacientes
Além de ser utilizado nas aulas práticas e no estágio supervisionado dos cursos de graduação, o tapete tátil também será aproveitado no Serviço Especializado em Reabilitação (SER) e no Centro Especializado de Reabilitação Física e Intelectual (CER II), programas oferecidos na Clínica de Fisioterapia da Univali.
Autismo
De acordo com a professora supervisora do estágio em fisioterapia, Simone Iara Gasperin, o tapete vai ajudar as crianças com diagnóstico de Transtorno do Espectro Autista (TEA), que apresentam dificuldades ou aversão a determinadas sensações, pois o estímulo tátil ajuda na aceitação gradual de diferentes toques e sensações.
Pacientes neurológicos
“O item também será útil na reabilitação de pacientes neurológicos, a exemplo de pessoas com doença de Parkinson ou que sofreram Acidente Vascular Cerebral, já que a estimulação sensorial proporciona informações que favorecem respostas motoras difíceis para estes pacientes.”, conta a especialista em fisioterapia neurofuncional.
Idosos também
Os pacientes idosos também serão beneficiados pela novidade. A docente observa que o tapete estimula os receptores que, com o avanço da idade, tem a sua capacidade de percepção reduzida.
“Ao trabalharmos estes receptores, otimizamos as reações de equilíbrio ajudando na prevenção de quedas do idoso, um fator de risco importante nesta população.”
Pacientes ortopédicos
Outro público que também fará uso do recurso, na Clínica de Fisioterapia da Univali, são os pacientes ortopédicos que tiveram os membros inferiores imobilizados por algum tempo. Gasperin afirma que para recuperar a rapidez das respostas de adaptação aos diferentes obstáculos ou terrenos encontrados durante a marcha, são aplicados estímulos sensoriais e proprioceptivos variados, condições que podem ser oferecidas pelo tapete que foi desenvolvido pelos estudantes de Design Gráfico.
Texto: Carina Carboni Sant’Ana