O Grupo Alcoólicos Anônimos (AA) de Balneário Camboriú realiza solenidade de entrega de Fichas de 19 anos de sobriedade, neste sábado (8), em sua sede. A solenidade, que é uma espécie de reconhecimento aos integrantes que conseguem se manter sem a dependência, inicia às 19h45 e é aberta à comunidade.
No grupo que participará da homenagem, está o presidente da Academia de Letras de Balneário Camboriú, Paulo Roberto de Souza (Paulão), 61 anos, que falou ao Página 3 sobre a importância da solenidade, porque segundo ele, ‘representa mais um ano limpo e a ficha é um símbolo dos 19 anos de caminhada em Alcoólicos Anônimos’.
Paulão frequenta o AA desde 1999, mas sofreu três recaídas e somente em 4 de abril de 2004 decidiu ‘estacionar’ o alcoolismo ‘só por hoje’.
“Desde de 2004, não tive mais recaídas. Estou firme lá”, disse Paulão.
Desde então sua vida tomou novos rumos. Tornou-se funcionário público da prefeitura há pouco mais de 14 anos. Foi diretor, depois secretário de Inclusão Social. Atualmente trabalha no Resgate Social, invertendo o papel. Agora ele ajuda moradores de rua a sair da dependência.
“Nunca faltei nenhum dia e nunca tirei atestado médico e também nunca faltei a nenhum plantão”, diz com orgulho.
Em 2008 lançou sua autobiografia ‘De Mendigo a milionário’, onde conta a sua história de vida e o que o alcoolismo provocou em sua vida. O livro está na sexta edição.
“Agora vem o Áudio book e o filme longa metragem”, acrescentou.
Tornou-se acadêmico em 2010 e em 2012 foi eleito para presidir a Academia de Letras de Balneário Camboriú.
Ele também escreveu outros livros, ‘O Diário de Bordo da Kombi’, ‘O Mendigo e a Psicóloga’, ‘Bernadett, a moralista’ e ‘Síndrome do Estocolmo’.
Acompanhe:
JP3 – Qual o significado desta data para você?
Paulão – Uma data muito importante, pois antes de ser membro de Alcoólicos, bebia toda hora, dormia bêbado e acordava bebendo. Cheguei a tomar álcool de cozinha e álcool de posto de gasolina…..
Quando o alcoolismo entrou em sua vida?
0 alcoolismo entrou na minha vida aos nove anos de idade. Sou neto e filho de alcoólatras. Éramos uma família onde beber era uma cultura, não éramos anônimos, éramos alcoólatras declarados.
Quando você venceu a doença?
Ainda não venci. O alcoolismo não tem cura, estou limpo só por hoje. Até morrer, serei um alcoólatra, embora em recuperação.
O que ficou desta experiência?
Eu uso essa experiência no meu trabalho (Resgate Social) para ajudar as pessoas a abandonarem a bebida, usando meu passado de morador de rua, que fui!
Sua historia virou um livro. Foi dificil transcrever essa experiência?
Minha história virou um livro e esse livro ‘De mendigo a milionário’ está se tornando um filme, um longa metragem. Não foi difícil, porque nasci com a verve literária nas veias. Sempre escrevi, desde cedo.
Quais os males que o alcoolismo trouxe para você?
Perdi empregos, patrimônio, amigos e família. Os males foram muitos. Aos 18 anos era funcionário público federal, concursado da Petrobrás, era maritimo dos navios petroleiros (viajava pelo mundo todo). Aos 22 anos, já alcoólatra, pedi exoneração para curtir a vida…acabei com meu considerável patrimônio e aos 39 anos me tornei mendigo…
Qual mensagem deixaria sobre essa experiência?
Evite o primeiro gole! O alcoolismo é uma doença de terminação fatal, que leva seu portador à morte, à loucura, à prisão e à sargenta, como foi meu caso.
Para saber mais sobre a Historia do Uso das Fichas no Brasil acessar este link, clique aqui.