O Centro de Fisioterapia e Reabilitação (CEFIR) de Balneário Camboriú, que há uma semana completou 26 anos, é a primeira unidade de atendimento especializado em Santa Catarina. Desde que foi inaugurado tem grande demanda e por isso sempre tem fila de espera.


Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, desde o início deste ano, atendeu mais de 15 mil pacientes e fez mais de 26 mil procedimentos. Só em junho foram mais de dois mil atendimentos e quatro mil procedimentos registrados.
O atendimento é feito por 17 profissionais efetivos em seis áreas de fisioterapia: traumato-ortopédica; neurofuncional; cardiorrespiratória; uroginecologia; domiciliar e acupuntura.

Desde que foi inaugurado, o Cefir atende somente moradores de Balneário Camboriú, que devem procurar o local com uma indicação médica por escrito. No local, o paciente passa por uma triagem feita pelo fisioterapeuta e depois será encaminhado para fila de espera, que existe desde que o Cefir foi criado.
As crianças, idosos, pacientes em pós-operatório ou com câncer avançado têm prioridade no atendimento. Em alguns casos, a equipe do CEFIR busca o paciente em casa com carro adaptado, desde que esteja agendado.
O começo de uma história bem sucedida

O jornal Página 3 tinha seis anos quando o Cefir foi inaugurado e sempre acompanhou de perto o trabalho daquele Centro, comandado pelo coordenador Paulo Crócomo, por 10 anos (1997 a 2007).
Nesta reportagem, o fisioterapeuta Paulo Crócomo relembra como esta história começou em 1996.

JP3 – Balneário Camboriú foi pioneira em Santa Catarina com um centro especializado em fisioterapia e reabilitação. Como isso começou?
Paulo Crócomo – No ano de 1996, o secretário municipal da saúde na época, Dr. João Alfredo Moojen, nos chamou para conversarmos sobre atendimentos em fisioterapia, pois os pacientes de Balneário Camboriú eram atendidos em uma clínica particular em Itajaí, que era credenciada para atendimentos pelo SUS da região da AMFRI. Porém a referida clínica não conseguia mais atender a demanda.
JP3 – Daí surgiu a ideia de construir um centro próprio?
PC – A sugestão inicial foi credenciar clínicas locais, mas os valores eram ínfimos e não foi possível. Então sugerimos ao secretário a possibilidade da criação de uma Unidade de Saúde Especializada em Fisioterapia, e ele aceitou imediatamente a ideia. Fizemos então os levantamentos necessários para viabilizar a ideia, consultas de viabilidade legal, consultas de valores de equipamentos, mobiliário, faltando somente o local. Após toda a tramitação (Conselho Municipal de Saúde, licitações de equipamentos, etc), aconteceram problemas políticos e o Dr. João Alfredo saiu do cargo de secretário, causando uma paralisação da tramitação.
JP3 – Pavan reeleito…e o projeto andou!

PC – Sim, em 1997 com a nova eleição de Leonel Pavan para prefeito, o Dr.João Alfredo voltou ao cargo e retomamos a ideia, já com alguns equipamentos comprados, concluímos as compras necessárias e a escolha de um local disponível. Assim, no dia 23 de julho de 1997, inauguramos o CEFIR – Centro de Fisioterapia e Reabilitação, a primeira prefeitura do Estado de Santa Catarina a ter uma Unidade de Saúde Especializada em Fisioterapia. O que parecia ser um desafio foi na realidade uma porta que se abriu dentro do SUS no nosso Estado, a procura foi imediata e a aceitação pela população foi gratificante.
JP3 – No começo o atendimento era reduzido, porque tinha poucos especialistas…
PC – Sim, na época trabalhávamos eu como fisioterapeuta e dois funcionários administrativos (Nilson e Wilmar), o horário de expediente era das 7 às 13 horas.
JP3 – Vocês atendiam quantas áreas de fisioterapia?
PC – Os atendimentos eram nas áreas de fisioterapia traumato-ortopédica funcional e fisioterapia neurofuncional. Os equipamentos eram para atendimentos em eletroterapia (correntes elétricas, eletroestimuladores, ultra som), hidroterapia para extremidades (turbilhão), equipamentos de cinesioterapia (bicicleta ergométrica, mesa e cadeira de exercícios, esteira, espaldar, escada, barra paralela, tatame). Após dois anos conseguimos mais um fisioterapeuta e mais tarde outros dois, quando ampliamos o horário de atendimento das 7 às 19 horas.
JP3 – Primeiro fizeram uma reforma na parte externa…e oito anos depois a reforma total e ampliação do Cefir.


PC – Tivemos nos primeiros anos, uma reforma na parte externa, uma espécie de revitalização com os padrões das unidades de saúde. No ano de 2005, com o Senador Leonel Pavan e o Secretário Estadual de Saúde Luiz Eduardo Cherem e o Prefeito Rubens Spernau, conseguimos verba para reforma e ampliação do CEFIR. Em julho de 2005 foi lançada a pedra fundamental e, o local existente foi demolido em 2006, iniciando a construção. Em 06/07/2007 inauguramos a estrutura do CEFIR, na época Leonel Pavan era vice governador e participou da inauguração como Governador em exercício.
JP3 – A importância do Cefir extrapolava o atendimento a pacientes, participavam de ações sociais também…



PC – Com a grande procura e constante divulgação dos trabalhos (participação em inúmeras atividades comunitárias, projetos de prevenção de problemas ortopédicos nas escolas, teste de milha, entre outros), diversas secretarias municipais visitaram o CEFIR e conseguiram implantar o serviço em suas cidades. Também recebíamos visitas de Faculdades de Fisioterapia para conhecimento dos alunos da Fisioterapia no SUS. Assim o serviço foi sendo ampliado gradativamente, outras áreas de atendimento foram sendo implantadas e o número de fisioterapeutas aumentando.
JP3 – Quais foram as maiores dificuldades que o serviço enfrentou?
PC – A maior dificuldade sempre foi e continua sendo a lista de espera, isso confirma a necessidade de constante evolução (tanto em áreas de tratamento como número de profissionais e locais de atendimento), não existe fórmula mágica e “acabar com a fila de espera” é promessa política, precisamos sim é de profissionais comprometidos com a população e não com interesses puramente políticos ou particulares.
JP3 – Em fevereiro deste ano você se aposentou. Missão cumprida?
PC – Sim, não atuo mais no CEFIR devido a aposentadoria, mas é impossível não olhar pra trás e sentir que o dever foi cumprido e a evolução continua, às vezes não como queríamos, mas a profissão tem que continuar abrindo seus caminhos. Se temos alguém a agradecer é a população de Balneário Camboriú, a quem devemos respeito e gratidão, pois, desde o primeiro dia que o CEFIR abriu suas portas recebemos todo carinho de nossos pacientes, mesmo nas reclamações, pois é onde devemos analisar e corrigir visando sempre a qualidade assistencial em fisioterapia para nossa população. Todos esses anos atuando naquilo que nos identificamos, auxiliando o ser humano em momentos difíceis e ainda viver disso, é algo muito gratificante e devemos agradecer a Deus e aos nossos pacientes por esse objetivo alcançado. Se existe uma regra para a saúde pública? Aqui respondo com uma frase utilizada pela minha esposa, Leila Crócomo: “Fazer o bem sem olhar a quem”. Podem ter a certeza que assim o sucesso é garantido.
JP3 – Espaço aberto…
PC – Impossível não comentar que, nesses 26 anos de história tivemos recentemente a terrível pandemia do coronavírus, onde inicialmente os atendimentos foram suspensos, mas nossos profissionais não cruzaram os braços e imediatamente foram para uma verdadeira batalha, atuando em barreiras sanitárias, atendimentos virtuais aos pacientes que buscavam informações e controle de infectados. Posteriormente retornamos aos atendimentos com a criação própria de um protocolo evitando ao máximo possíveis contaminações, ou seja, o CEFIR esteve sempre à disposição ao enfrentamento da pandemia, cumprindo o verdadeiro papel de profissionais da saúde.
O Centro de Fisioterapia e Reabilitação fica localizado na Rua México, 875, Bairro das Nações e atende de segunda a sexta-feira, das 7h às 19h.