A escolinha de surf da Fundação de Esportes de Balneário Camboriú, que fica na praia central, altura da Rua 1.101, foi alvo de vândalos durante a noite de sexta para sábado (6 para 7). Eles picharam toda a estrutura.
A Secretaria de Segurança, através da Guarda Municipal, está fazendo a Operação Liberdade no centro da cidade e o secretário Antônio Gabriel Castanheira Junior comentou a situação. Acompanhe.
Vandalismo é reincidente
O professor responsável pela escolinha de surf de Balneário, Juliano Pagnoncelli, explicou que esta não foi a primeira vez que o local foi alvo de vândalos, que precisou ser pintada ‘duas ou três outras vezes’. Porém, da forma como aconteceu neste final de semana nunca tinha acontecido.
“Constantemente nas sextas e sábados reúnem-se em torno de 200 adolescentes e adultos na praia, perto da escolinha. Chegam às 18h, 19h e viram a noite ali. Ficam consumindo álcool e drogas e no outro dia fica muito lixo – garrafas, latas, sacos de gelo… e cheiro de urina por tudo quanto é lado”, conta.
Segundo Juliano, o grupo também já pichou postes e quiosques das proximidades.
“O que surpreende é que eles devem ter ficado muito tempo pichando. Na noite do vandalismo a Guarda Municipal passou, chamou a atenção deles, eles foram embora e voltaram. E não culpamos os guardas, porque eles fazem o papel deles. Porém, dessa vez foi demais. Passei para a Fundação Municipal de Esportes… teremos que pintar. Os alunos também se mobilizaram, querem ajudar, pensamos em chamar algum artista para grafitar. Mas nos preocupamos porque há menores de idade envolvidos, às vezes cabe também chamar o Conselho Tutelar, porque ficam ali a noite toda”, acrescenta.
O que diz o secretário de Segurança
O Página 3 procurou o secretário Castanheira e ele disse que estão fazendo a Operação Liberdade, que é focada no centro da cidade, com o objetivo de trazer uma liberdade maior aos moradores e turistas, tratando de casos como perturbação de sossego, vandalismo, tráfico e uso de drogas.
“Já identificamos coisas que tínhamos em nosso radar. O tráfico e uso de drogas por menores é uma das minhas grandes preocupações. A modalidade de ‘fragmentar’ o tráfico é para despistar, assim cai como usuário, como posse de drogas. Isso dos grupos que ficam na areia vem acontecendo em vários pontos e de forma mais intensa”, diz.
O secretário pontua que é preocupante a presença de menores de idade na praia virando a noite, e que isso também exige consciência por parte dos pais.
“Isso retratado pelo pessoal da escolinha de surf não acontece 21h, 22h, e sim na alta madrugada, quando esses adolescentes deveriam estar em casa. Vemos também que pichações como essa da escolinha pode acontecer porque o nosso foco principal está sendo os arredores da praça Almirante Tamandaré até a Rua 2.000, onde havia uma incidência maior de tráfico de drogas. Podem estar fazendo isso para que a Guarda desloque patrulhamento para o Pontal Norte, e assim possam se ‘restabelecer’ no centro”, comenta.
Operação no centro não tem data para acabar
Castanheira aproveita para falar sobre a Operação Liberdade, que vem acontecendo no centro e não tem data para acabar – com viaturas fixas e rodando pela área central de Balneário 24h.
“Quando fazemos uma operação desse porte, tiramos uma estrutura organizada que atuava no tráfico nessa localidade. Porém, eles [os traficantes] saem dali e se movimentam para outros lugares próximos, por isso é tão importante que a comunidade registre ocorrência se ver ou suspeitar de algo. Não vamos vencer a batalhar em uma ou duas semanas, teremos que continuar até realmente reduzir os casos. Esse último final de semana foi de muitas ocorrências: cinco mandados de prisão, recuperamos veículos furtados, além de cinco bicicletas, pegamos um ladrão que estava assaltando farmácias”, pontua.
Pautar a mudança de amanhã
O secretário aponta que as operações que vêm acontecendo na cidade são baseadas em números apurados há meses pelo setor de Inteligência da GM, para então colocar a estrutura na rua, a exemplo da ação do centro. O prefeito Fabrício Oliveira também participa e ajuda a definir como será a operação, aprovando ou não as ideias de Castanheira.
“É tudo com base em número, não é achismo. Sei que muitos não gostam de mim, que fazem um jogo político, mas estou aqui para trabalhar. Eu conheço o sistema, temos informações, as operações servem para produzir números, que podem ser levados à nível estadual, para assim talvez conseguirmos mudar as leis que hoje beneficiam o crime, como o entendimento de usar menores de idade no tráfico e ficar com pouca quantidade de drogas para ser visto como usuário. Estamos produzindo dados hoje para pautar as mudanças de amanhã. Não podemos ficar parados”, salienta.
Hipocrisia x drogas
Um exemplo de mudanças é também as ações que a Segurança, Saúde e Inclusão Social vem fazendo junto dos moradores de ruas, internando-os ou encaminhando-os para suas cidades de origem.
“Estamos sendo exemplo para outras cidades. Estamos atacando em várias frentes, mostrando os efeitos das drogas, lembrando sempre que quando o assunto é tráfico há muita hipocrisia. Se tem traficante, é porque tem usuário. Reclamam de quem fuma maconha na praia… se quiserem, posso mandar tirar todos que estão fumando, encho um ônibus, vão para a delegacia, fazem termo circunstanciado e voltam a usar a droga. Não é só o andarilho que usa, tem aquele papo de ‘só fumo minha maconha’, mas reclamam de quem está na rua. Não faz sentido”, pontua, afirmando que é preciso abrir a ‘caixa de Pandora’, e que sabe que isso pode fazer com que venham críticas, mas que é preciso.
“Falam que o usuário ou é doente ou é criminoso: ou seja, será internado ou vai para a cadeia. Criminalidade é um balde com uma torneira aberta, está transbordando, e as ações de segurança são uma colher de café. Tentamos tirar a água com essa colher, atacando o efeito e não a causa. Para ter efeito, tem que fechar a torneira”, completa.