- Publicidade -
- Publicidade -
22.1 C
Balneário Camboriú
- Publicidade -

Leia também

- Publicidade -

Pontos de tráfico na cidade são ‘alugados’: “Tem um dono, não pode simplesmente chegar e começar a vender”, diz Castanheira

Página 3 acompanhou a Operação Liberdade, que acontece no centro de Balneário sem data para acabar

A Operação Liberdade está acontecendo desde o início do mês de maio, no centro de Balneário Camboriú, através da Guarda Municipal.

Na sexta-feira (13) chegou ao Página 3 uma denúncia de moradores da Rua 1.200 sobre o tráfico e uso de drogas no local (relembre aqui), o que de fato acontecia, mas desde que a operação começou esse cenário mudou. A reportagem do jornal foi convidada a fazer rondas com o setor de Inteligência da GM. Acompanhe.

Caso da 1.200 motivou Operação Liberdade

O jornal Página 3 foi informado que a denúncia da Rua 1.200 de fato procede, mas que chegou com duas semanas de atraso – o cartaz de fato foi colado em uma placa na sexta-feira, mas a situação já não é a ‘denunciada’. 

- Publicidade -

Há na Rua 1.200 um ponto cego que traficantes e usuários de drogas utilizavam, mas que está sendo monitorado constantemente pela Guarda. Isso foi inclusive uma das ‘motivações’ para a Liberdade acontecer no centro (a primeira fase aconteceu no Bairro dos Municípios, onde agora uma viatura faz rondas 24h, para que o crime não volte a se estabelecer no local).

Rua 1200, foco da operação (Renata Rutes)

Atualmente, há guardas responsáveis apenas pela Operação Liberdade, que ficam 24h no centro da cidade – principalmente na área onde acontecia de forma mais frequente o tráfico de drogas, entre a praça Almirante Tamandaré e a Rua 2.000. 

Há inclusive uma ‘base’ no calçadão em frente à Rua 1.400, além de motocicletas. 

Como acontece a operação em Balneário Camboriú

(Divulgação/GMBC)

O secretário de Segurança de Balneário Camboriú, Antônio Gabriel Castanheira Junior, explica que o setor de Inteligência é fundamental. 

Os guardas que nele atuam são responsáveis por monitorar toda a cidade e coletar dados para futuras operações, como é o caso da Liberdade. 

As ações que estão sendo desenvolvidas no centro da cidade foram coletadas há meses – a exemplo de como acontecia o tráfico de drogas na Praia Central, pontos cegos para consumo (a exemplo da Rua 1.200) e pessoas envolvidas. 

Um exemplo é ‘Batata’, o principal traficante que atuava no centro de Balneário, que foi preso na noite de quinta-feira (12), no mesmo dia em que seu mandado de prisão foi emitido pela Justiça de Itajaí. 

- Publicidade -

Ele cumprirá uma sentença de 20 anos de prisão por crimes como tráfico de drogas, furto, roubo e porte de armas. Batata também é suspeito de ter envolvimento com um homicídio ocorrido no Carnaval, em Balneário. 

“Ele era o maior traficante do centro, coordenava todas as ações e possui envolvimento com crimes grandes. Ele era o cara que aplicava as disciplinas criminosas no centro, cobrava as contas do tráfico. Representou muito a prisão dele. Temos que estar atentos, porque o poder não admite um vácuo, alguém vai começar a ‘galgar’ o lugar dele e temos que ‘quebrar’ esse novo ocupante, não deixar que se instale. Entender a estrutura é muito importante para trabalhar nas soluções”, diz.

“Estava um caos”

O secretário diz que a Rua 1.200 de fato estava ‘um caos’, e que a Guarda era chamada constantemente para ir até lá – inclusive o próprio Castanheira participou de reuniões com moradores da localidade.

“Por isso, demandamos a operação. Monitoramos o tempo todo esses pontos negativos, quebradas de prédios onde conseguem se esconder, porém sabemos que há um modus operandi e que se descuidarmos, o crime pode voltar, porque é isso que acontece”, comenta.

Segundo Castanheira, há um grupo específico que discute as ações da Liberdade 24h, para definir quais são as melhores ações para certos acontecimentos. 

“Vamos reportando e definindo de qual forma agir. A situação ainda não está do jeito que eu quero, mas havia um caos e não está mais como estava antes. A operação está sendo um sucesso, mas sabemos que se sairmos eles vão voltar. É um drama que vivemos, porque estamos estancando um problema que só vai ser solucionado na hora que a Lei Antidrogas mudar”, acrescenta.

‘Aluguel’ da Atlântica para o tráfico

Na Avenida Atlântica e em outros lugares da cidade, como no Bairro dos Municípios, os traficantes ‘alugam’ pontos para que o tráfico aconteça.

(Foto Renata Rutes)

Por exemplo, para traficar na Praia Central de Balneário Camboriú, o traficante precisa pagar para um ‘superior’ um valor por dia. 

“Tem um ‘dono’, não pode simplesmente chegar e começar a vender. Eles têm disciplina, fazem cumprir as regras; se organizam como comércio mesmo. Os traficantes são estabelecidos, circula muito dinheiro, por isso é algo tão complexo. Nós monitoramos isso tudo, procuramos entender como o sistema trabalha. Sabemos que tem muita prisão acontecendo e que não chega na imprensa, mas queremos mudar isso”, afirma o secretário.

Operação é baseada em dados

(Divulgação/GMBC)

Castanheira aproveita para citar que na Operação Liberdade não podem de forma alguma agir de maneira amadora, e que ele vê que não é apenas dividir viaturas em determinadas áreas da cidade e ‘pronto acabou’. 

“Nós fazemos análise de como as coisas acontecem e dentro das falhas no sistema do crime, nós atacamos. A legislação é fraca, estamos atentos no processo e temos que trabalhar nas falhas. Às vezes é mais eficiente ocupar pontos, como estamos fazendo no centro, do que encaminhar o cara para a delegacia… às vezes ele sai antes da viatura da delegacia. Porém, ocupar é difícil porque temos um número limitado de guardas”, explica.

Menores infratores e palestras nas escolas

Castanheira salienta que há criminosos conhecidos das forças de segurança, e que uma situação que gera incômodo são os menores infratores – já houve um flagrado com 600 pedras de crack, e outro que quando sai para furtar, comete entre cinco e seis assaltos de uma vez. 

“E não ficam detidos porque não são considerados crimes violentos (de ameaça à vida como homicídio ou latrocínio, por exemplo). Eles sabem e por isso traficam e furtam”, pontua.

Por esse motivo, o secretário realizará palestras em escolas da cidade – para os alunos e seus pais, para que os responsáveis tenham cuidado, já que há casos envolvendo adolescentes que ficam na Praia Central durante a madrugada, virando a noite – a suspeita é que esses grupos tenham pichado recentemente a escolinha de surf da praia central.

(Divulgação/GMBC)

“Os pais têm que controlar os filhos, é algo sério. Estamos perdendo as crianças para o crime organizado, isso é um fato! Por isso irei nas escolas para tentar alertar. Não é da noite para o dia que a criança entra no crime, mas pode ser que quando os pais percebam, já seja tarde para recuperar”, afirma.

Segurança e suas complexidades

O secretário comenta que falar de segurança é um tema complexo e que muitas pessoas não entendem como o sistema de fato funciona. 

(Divulgação/GMBC)

“São decisões difíceis. Às vezes preciso tomar decisões e escolher o que é ‘menos pior’. Por exemplo, se eu apertar demais o tráfico na Vila Fortaleza (área de invasão no Bairro da Barra), a ponto de estancar, os traficantes vão começar a assaltar. Eles não vão procurar emprego, vão continuar no crime. Ou seja, não que vamos deixar de combater o tráfico, mas exige uma análise crítica e escolher o que é ‘menos pior’ para a sociedade. Eu não deveria precisar ‘preferir’, mas hoje a legislação exige escolhas e análises. Se não conseguimos deixar os criminosos presos, temos que procurar o ‘menos pior’, o que é menos ruim, o que não é uma ameaça direta à vida”, comenta.

Castanheira diz que a lei é ineficiente, além da falta de vagas no sistema penitenciário. Se fosse diferente, ele opina que poderiam ‘espremer’ tudo, mas que hoje é preciso ser muito analítico para não gerar um problema ainda maior.

“Tem que estar de olho, monitorando, mas não passar da medida, porque o dano social pode vir a ser maior. É melhor controlar do que parar tudo e ter um dano muito maior. Sabemos quais crimes acontecem, para onde migram, e tudo levamos constantemente ao prefeito Fabrício Oliveira, servindo como base para as operações que estamos fazendo”, finaliza.

- Publicidade -
- publicidade -
- publicidade -
- Publicidade -
- Publicidade -
- Publicidade -
- Publicidade -
- Publicidade -
- Publicidade -
- Publicidade -