Obra de abertura da Mostra, do artista Rene Muniz: ‘esta resume a ideia do nosso projeto como um todo’, disse Murilo Trevisol
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A mais recente ‘aquisição’ turística de Balneário Camboriú está estampada nas ruas, paredes e muros da Barra, berço histórico e cultural do município: é a 1ª Mostra de Arte Urbana de Balneário Camboriú, que fará parte do Roteiro ‘Janelas da Memória’, em implantação naquele bairro.
O projeto da Open Street Gallery foi viabilizado pela Lei de Incentivo à Cultura (LIC), realizado entre outubro e dezembro de 2021, com oito artistas convidados e mais 11 voluntários que produziram mais de 20 obras e intervenções de arte no bairro. Mas ele começou muito antes disso, há mais de dois anos.
“Estas obras estão nas ruas que conectam ao Roteiro Janelas da Memória, que estamos desenvolvendo desde 2019. Somando são mais de 500 metros quadrados de arte nas ruas ao alcance de todos”, disse o ‘criador’ do projeto, o arquiteto e idealizador do Open Street Gallery, Murilo Trevizol, um apaixonado por arte urbana
Ele conta que foi um trabalho que conectou a investigação histórica, a curadoria, o envolvimento com a comunidade e a reflexão dos artistas acerca de fragmentos historico-culturais
“O Roteiro nas plataformas de busca já soma mais de 14 mil visualizações desde que foi cadastrado no final de 2021 e as obras serão disponibilizadas em mapa virtual gratuito”, acrescentou Murilo.
O ‘Janelas da Memória’ foi o primeiro projeto da Open.
Murilo diz que desde 2019 está pintando por lá.
Em 2020 o projeto deu um salto com o apoio do ‘Tudo de Cor’, da Coral, que doou mais de mil litros de tinta.
O projeto tem o patrocínio da LIC e apoio da Coral Tintas, Embraed, Promenac/Camvel e Barbieri Litoral.
“Então conseguimos evoluir bastante no número de obras
Desde o início, tracei um roteiro que possui aproximadamente 3 km de extensão, divididos em oito trechos que conectam a história da nossa região, desde os povos originários até a cidade do futuro”, segue Murilo.
Voluntários da arte
O projeto aprovado ano passado pela LIC tinha como objetivo produzir oito painéis ao longo das ruas do bairro, só que o movimento não para de crescer e além dos oito artistas selecionados pela curadoria, mais 11 artistas voluntários participaram, transformando o projeto em uma grande exposição de arte a céu aberto.
“Desde o início o projeto já recebeu aproximadamente 100 artistas. Ele já existia antes de ser aprovado pela LIC, e continuará. Importante destacar que grande parte dos trabalhos foram realizados de maneira voluntária. São artistas que acabam se relacionando com outros artistas que interagem com nosso movimento e que acabam vindo pra cá quase que numa corrente”, disse Murilo.
Contrapartidas
Além das oito obras, a LIC pediu três obras como contrapartida sociocultural, com intuito de garantia de acesso à cultura, garantida pelos direitos humanos.
“Então realizamos obras em ambiente escolar, na EEB Francisca Gevaerd, na Barra e no CEM Alfredo José Domingos, no Bairro São Judas Tadeu onde, através da diretora Susane, tivemos a abertura para receber os artistas e pintar nas áreas comuns da escola”, afirmou, dizendo que os artistas são os maiores investidores disso tudo no final das contas.
“O trabalho deles não tem preço ainda mais em situações assim”, completou
- Fotos: Divulgação/Open Street Gallery
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Opiniões
Denize Leite, presidente da Fundação Cultural de Balneário Camboriú
“Temos muito orgulho dos projetos patrocinados pela LIC. Esse, em particular, de arte urbana de resgate cultural, que fará parte do roteiro Janelas da Memória, em implantação no Bairro da Barra, centro histórico de Balneário Camboriú, com oito novos painéis, tem grande importância para a cultura da cidade, pois serão cerca de 40 obras naquele bairro.
Assim como este projeto, que cumpre com seu objetivo de empoderar a população local, valorizando a cultura e a vivência dos moradores e pescadores artesanais da Barra, outros projetos de arte urbana igualmente importantes vêm sendo desenvolvidos em Balneário Camboriú, como as obras artísticas do muro da Emasa, no elevado da Quarta Avenida, no Teatro Bruno Nitz e passarela da Barra, além do projeto de lei do Museu a Céu Aberto, uma política pública ainda em elaboração pela Fundação Cultural”.
Lilian Martins, diretora de Artes da Fundação Cultural
“Balneário Camboriú é uma cidade jovem, multicultural, com um território para a livre criação. Carrega valores tradicionais, mas também está aberta para a inovação.
Todos estes contrastes são percebidos no cotidiano da cidade, monumentos da escola tradicional das artes, como esculturas em mármore e bronze, contrapondo com grandes grafites, intervenções urbanas efêmeras e espontâneas, paisagens bucólicas e os prédios mais luxuosos do Brasil. São muitos modos de ver (e viver) num pequeno território – 46 quilômetros quadrados. Roteiros como este são passíveis de tecer novos diálogos e construir significados, promover reflexões. Com uma curadoria primorosa, a memória local é ilustrada de maneira contemporânea, afirmando as identidades dessa cidade tão singular.
“Só se transforma em racional um homem sensível tornando-o primeiramente estético”.
Essa frase de Friedrich Schiller (1759-1805) me leva a pensar na importância de um projeto deste, em que a arte pode transformar a vida das pessoas”.
Susane Ulrich, diretora do CEM Alfredo Domingos da Silva
“Fiquei muito feliz quando a nossa escola foi uma das escolhidas para realização deste projeto, que trouxe mais vida, cor e alegria para o espaço. Fiquei encantada de como foi executada a obra, com a rapidez, o capricho e a dedicação que esses profissionais tem pelo trabalho. Novos e importantes projetos de arte vão acontecer na nossa escola”.
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