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Rock in Rio desafia as dúvidas e anuncia a programação de sua estreia, em 2021

Por Julio Maria

O Rock in Rio deve enfrentar a segunda edição mais desafiadora de seu histórico em setembro de 2021. A primeira, imbatível, foi a estreia, de 1985, quando o Brasil ainda era visto como uma selva pelos empresários do show biz mundial. Sem diminuir nenhum dos sete dias de sua maratona bienal, a congregação pop criada pelo empresário Roberto Medina anunciou na noite desta terça-feira,15, os nomes do primeiro dia do primeiro festival internacional do País depois que o planeta mudou. A estreia será voltada para o metal e terá como atrações, no dia 24 de setembro: Iron Maiden (que será o nome principal), Dream Theater (sua estreia no festival), Megadeth e Sepultura, este último que se apresenta desta vez com a Orquestra Sinfônica Brasileira no show Sepultura in Concert. Depois da estreia do dia 24, o festival corre por 25, 26 e 30 de setembro e 1, 2 e 3 de outubro na mesma Cidade do Rock.

Medina, a respeito das possíveis descrenças empresariais com as questões sanitárias no Brasil, diz ao Estadão que não tem sentido reservas no mercado musical. “Eu já tenho seis dos sete dias contratados e com todos os patrocinadores fechados.” Mesmo sem revelar os nomes das outras noites, diz que “será o melhor line up (escalação de artistas) da história do evento.” Há um pouco de força do hábito nisso, claro. Nenhum line up poderia ser melhor, mais uma vez, do que o de 1985, com Queen, Maiden, AC/DC e James Taylor. Perguntado quantas atrações seriam inéditas no Rock in Rio 2021, ele diz: “duas”. Mas reforça que 80% de seus headliners (os nomes principais de cada noite) virão exclusivamente para o festival, e não para fazerem turnês pela América do Sul.

A pandemia, e isso fica cada vez mais claro, não deve estar resolvida em setembro de 2021 e a população jovem que se concentra em rebanhos de até 70 mil fãs na Cidade do Rock por noite deverá ser uma das últimas a receber a vacina (pensando com otimismo que até lá os imunizantes estarão em prática no Brasil). O que fazer ao lidar com uma plateia responsável até o momento de ver seu ídolo subir em um palco? Depois de tantas bandeiras assumidas pelo evento, há como construir um conceito de “festival sanitariamente responsável”? Medina: “Sim, existe. Vamos fabricar muitas máscaras, distribuir álcool em gel e seguir os protocolos. Mas penso ainda que podemos usar o poder da música para chegar a um lugar que as autoridades não chegam com essas plateias. Podemos fazer essa discussão com mais eficiência.”

É possível traçar paralelos entre os Rock in Rio de 1985 e o de 2021, dois anos marcados pela descrença de um festival dessas proporções. Se lá atrás Medina tinha de convencer o mundo do rock de que o Brasil era um bom lugar para seus artistas pisarem (e só Deus sabe que argumentos ele usou), agora precisa convencer um mundo em colapso pandêmico de que um festival de rock será, mais do que diversão, uma necessidade em 2021. “As pessoas estarão cansadas, elas vão precisar muito disso. Só precisam ser responsáveis.”

E se lá atrás o festival colocou o Brasil na rota dos shows internacionais, em 2021 ele poderá ser útil para ajudar a recolocá-lo nesse patamar, um lugar em que ele já não está mais. Isso porque a atual política de saúde pública (ou a falta dela) pode colocar o mercado musical do País em uma ilha à parte do mundo vacinado (para onde os maiores artistas voltarão a visitar sem pestanejar). Trazer os grandes nomes deverá ficar mais difícil, ou muito mais caro, somando-se os cachês pagos em dólar nas alturas às quantias estratosféricas pagas por seguros de vida.

Mas seguro está Medina, que acaba de assinar uma intenção de fazer um grande festival também em São Paulo. Ele seria realizado nos anos de entressafra do Rock in Rio, com proporções também gigantes. Ainda é uma ideia, ou um pouco mais do que isso O empresário já assinou uma carta de intenção com a Prefeitura de São Paulo.


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